Fluxo é liberado nos dois sentidos da ponte após seqüestro

Com o bloqueio da ponte em razão do sequestro, passageiros desistem de pegar os ônibus Foto: reprodução

Com o fim do cerco de mais de três horas a um sequestrador que manteve passageiros reféns desde o início da manhã desta terça-feira na Ponte Rio-Niterói, motoristas ainda percebem reflexos no trânsito, principalmente em São Gonçalo e Niterói.

Por volta das 10h50, o trânsito na ponte foi liberado nos dois sentidos, mas faixas seguem interditadas no local da ocorrência onde as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal atuam. Para o Rio, a travessia é feita em 22 minutos, e no sentido Niterói, em 18.

Na BR-101, o congestionamento para quem tenta acessar a Ponte chega a 7 km, na altura do bairro Gradim, em São Gonçalo. De acordo com a Autopista Fluminense, que administra a via, o engarrafamento chegou a 9 km, e motorista estão buscando alternativas dentro de São Gonçalo.

Na cidade do Rio, os reflexos não foram tão grandes. De acordo com o Centro de Operações, às 9h40, a cidade do Rio contabilizava 68 km de congestionamento, pouco acima dos 65 km de média das últimas três semanas.

Já em Niterói, há trechos de engarrafamento na Avenida Roberto Silveira, em Icaraí, e na Avenida Marquês de Paraná, no acesso à Ponte. Na Alameda São Boaventura, no Fonseca, em Niterói, motoristas também enfrentam transtornos. No sentido Rio, o congestionamento chega na altura do bairro Tribobó, já na RJ-104. A orientação da Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans) é que os motoristas não saiam de carro e que, quem puder, faça a travessia para o Rio de barca barca ou catamarã.

Ainda segundo a NitTrans, agentes da prefeitura se concentram na liberação dos cruzamentos da cidade, para manter o fluxo nas vias, sistema para e anda nos túneis, para evitar que os motoristas fiquem parados dentro das galerias, concentração da orientação ao trânsito nos acessos às estações de barcas e catamarã e ajuste na temporização dos semáforos para dar prioridade para as pessoas que seguem em outros sentidos.

As barcas operam em sistema normal, mas há pelo menos o dobro de passageiros usando o transporte. Segundo a concessionária CCR Barcas, na estação Araribóia as embaracações saem no intervalo de 10 minutos ou após lotação. Já em Charitas, o intervalo é de 20 minutos, também com saída antecipada após lotação.

Por conta da maior demanda de usuários chegando à Praça XV, o VLT Carioca disponibilizou uma composição extra para fazer o trecho Praça XV-Central e diminuir o tempo de espera na área de maior fluxo da Linha 2.

Passageiros voltam a pé para Niterói

Muitos passageiros de ônibus que seguiam para o Rio de Janeiro desistiram da viagem e voltaram a pé para Niterói. Foi o caso do analista de Tecnologia da Informação (TI) Marcos Souza, de 61 anos. Ele estava dentro de um ônibus no sentido Rio de Janeiro parado depois da Ilha de Mocanguê. A estação das barcas de Arariboia ficou lotada.

— É uma situação muito tensa. Não vou ficar esperando o desenrolar desse caso. Caminhei mais de 2 km para chegar até aqui perto do pedágio. Moro em Icaraí e vou voltar para casa e trabalhar de lá. Eu não sei como eu vou conseguir transporte. Deve estar tudo engarrafado em Niterói — disse Souza.

 

Também analista de TI, Marcus Vinícius Meffe, de 48 anos, desceu do ônibus também próximo à Ilha de Mocanguê disse que tentaria pegar uma barca para atravessar a Baía de Guanabara.

— Não tem jeito, vou chegar atrasado. E não sei quando vou conseguir chegar até as barcas porque deve estar tudo parado em Niterói. Essa situação de violência normal no Rio. Moro em Maricá já fui vítima de dois arrastões perto do bairro Caramujo em Niterói.

Conferente no Porto do Rio, Simone Lima, de 30 anos, também desceu do ônibus que a levaria para o Rio e vai caminhar até a Praça Arariboia. Elas está solidária com os reféns no ônibus da viação Galo Branco.

— Estou muito triste pelo que está acontecendo com os passageiros do ônibus. Imagino como eles devem estar se sentindo. Uma agonia danada. Meus chefes já sabendo o que está acontecendo. Deveria chegar no trabalho às 7h. Pagina o que vai chegar lá pelas 10h — lamentou.

Fernanda Teixeira, de 31 anos, também desceu do ônibus em que estava e vai tentar pegar uma barca.

— Estava indo para Candelária trabalhar. Não tenho a menor ideia de que horas vou chegar. Ainda bem que o patrão deve estar vendo tudo que está acontecendo – comentou.

Soldador de uma empresa em Queimados, na Baixada Fluminense, Gilmário Chaves, de 36 anos, desistiu de ir para o trabalho. Ele desceu do ônibus e caminhou cerca de 1,5 km até o pedágio da Ponte Rio-Niterói. Para ele, o sequestrador quer notoriedade.

— Ele ou eles fizeram isso premeditadamente. Atravessar um ônibus no vão Central da Ponte Rio-Niterói é atitude de quem quer aparecer. Não é possível. Gasto mais de uma hora para ir para o trabalho. Hoje não vai ser possível ir — disse.

Assis Viana, de 61 anos, é gerente de um restaurante em Copacabana e seguia de táxi vindo de Alcântara, em São Gonçalo, onde mora. Próximo ao pedágio, pagou a corrida e resolveu voltar a pé para pegar a barca.

— Nunca vi nada disso. A situação lá em cima está horrível. Tudo completamente parado. Fiquei uma hora dentro do carro. Decidi descer porque preciso abrir o restaurante — contou.

 

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