Crivella pede a Witzel que reveja política de segurança, após morte de Ágatha

O prefeito Marcelo Crivella se manifestou na manhã desta segunda-feira sobre a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos. Crivella criticou a atuação das forças de segurança do Estado que sobem “o morro dando tiro para todo lado” e disse que “violência nunca gerou paz”. Durante a tarde, no Palácio da Cidade, o prefeito pediu que o governador reveja a estratégia adotada para combater o crime nas comunidades e fez um apelo às polícias.

— À medida que as pessoas fazem suas políticas, tem a oportunidade de adaptá-las. Acho que chegou o momento de se ponderar essas ações na comunidade. O Rio de Janeiro não suporta mais ver as balas perdidas atingirem os inocentes. Em momentos de tragédias como essa, é momento de se repensar. Ao mesmo tempo que o policial protege a própria vida, ele protege a vida dos outros. Faço um apelo às policiais para começarem operações antes do horário escolar. Evita que as crianças fiquem presas em cenas traumáticas — reforçou Crivella.

O prefeito afirmou que, apenas neste ano, as escolas municipais já foram fechadas mais de 700 vezes e tiveram as aulas canceladas por causa de ações policiais:

— Se as ações ocorrem depois do início do horário escolas, as crianças estão dentro das escolas, ficam apavoradas. Temos os protocolos de segurança que foram estabelecidos e ensaiados, mas é algo muito traumático. Se formos analisar desde o início do ano, por mais de 700 vezes as escolas fecharam por causa de ações policiais nas comunidades. Fica difícil formar novos cidadãos, ter bom índice no Ideb se temos tantas aulas paradas. Se as ações são inevitáveis, que ocorram antes de iniciar o período escolas. É o apelo que faço — afirmou o prefeito.

Crivella também afirmou que as operações policiais são, muitas vezes, tentativas loucas de combater o crime.

— Quando vemos as forças de segurança subindo o morro e dando tiro para todo lado, é o momento que a consciência do povo carioca precisa se erguer e fazer uma denúncia. Nas mil comunidades da nossa cidade, desgraçadamente, cresceu o crime, o tráfico, o horror. Com teias doentias nas quais caíram meninos e meninas enganados. Achando que, com dinheiro, iriam se libertar das tristezas e frustrações. Só que nas comunidades também há muita honradez, dignidade e amor ao próximo. Há uma população enorme que vive décadas vivendo terríveis adversidades — afirmou o prefeito.

Crivella disse que a violência nunca gerou a paz na história da humanidade e chamou de “tentativa louca” as operações de combate ao crime nas comunidades:

— O caso da menina Agatha é um momento de reflexão pra todos nós. É preciso da graça de Deus pra que inocentes não tombem com essa tentativa louca, muitas vezes, de combater a violência com violência. Sabemos que violência gera violência. Nunca, na história da humanidade, a violência gerou a paz — criticou o prefeito.

Procurado, o Governo do Estado ainda não posicionou sobre as declarações. O governador Wilson Witzel marcou uma coletiva de imprensa para 14h desta segunda-feira com a presença dos chefes das polícias civil e militar.

A Polícia Civil do Rio vai ouvir, nesta segunda-feira, os policiais militares da UPP Fazendinha que participaram da ação que resultou na morte da menina de 8 anos. A Kombi, onde Ágatha estava, está estacionada no pátio da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.

A DH também vai fazer uma reprodução simulada do assassinato durante a semana, para tentar esclarecer de onde partiu o tiro. Ágatha chegou a ser levada para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de sábado.

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