Polícia diz que vai indiciar por racismo PMs suspeitos de agredir entregador em shopping do Rio

A Polícia Civil informou nesta quinta-feira (13) que irá indiciar os dois policiais militares suspeitos de terem agredido e ameaçado um jovem dentro do Shopping Ilha Plaza, na Zona Norte do Rio. A dupla irá responder por racismo e abuso de autoridade.

O supervisor de segurança do Ilha Plaza foi a última das 11 testemunhas que foram ouvidas pelos investigadores. O depoimento durou cerca de uma hora nesta quinta-feira (13). Ele disse que os dois PMs suspeitos estavam fora do horário de serviço como seguranças do shopping, quando abordaram o entregador Matheus Fernandes.

— A gente encerra a fase de oitiva de testemunhas e o inquérito está pronto para ser encaminhado para o Ministério Público. Foi um erro de avaliação que levou a toda essa violência. Que sirva de exemplo, que fatos dessa natureza não voltem a ocorrer —, disse o delegado que comanda as investigações, Marcus Henrique Alves.

Nos depoimentos dos policiais militares, os PMs Gabriel Izaú e Diego da Silva confirmam que são colaboradores de uma empresa de segurança, que pertence ao major da PM, Marcelo Corbage, e que prestam serviço de observação e de inteligência para alguns shoppings, entre eles o Ilha Plaza.

Relembre o caso

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que Matheus foi parado ao entrar numa loja para trocar o relógio que havia comprado para o pai. Depois, o jovem foi levado para uma escada, onde foi imobilizado. Ele contou ter sofrido ameaças e agressões.

Os PMs Gabriel Izau e Diego da Silva afirmaram em depoimento que Matheus levantou suspeitas porque o boné dele fazia referência a um dos chefes do tráfico de drogas do Morro do Dendê.

Matheus contou ter achado o boné no chão e que já tinha usado outras vezes, inclusive no shopping onde tudo aconteceu. Matheus disse também que não sabia o significado das palavras e que os policiais não chegaram a falar sobre o boné durante a abordagem.

Nova investigação

O delegado titular da 37ª DP (Ilha do Governador) afirmou ainda que abriu uma nova investigação após um outro homem afirmar que também foi constrangido no mesmo shopping pelo policial Gabriel Izaú.

A nova vítima, Thiago Silva, esteve na tarde desta quinta-feira (13) na delegacia para prestar depoimento. Ele confirmou que foi vítima de constrangimento, quando foi abordado por Gabriel, em outubro, no mesmo shopping. E depois de ver o que aconteceu com Matheus, decidiu denunciar.

— Um alívio. Um dever. A Justiça está sendo feita. Se ficar calado, vão acontecer mais casos ainda. As pessoas ficam com medo como eu fiquei. Mas graças a deus ganhei coragem e tomei forças —, afirmou

O que dizem os citados

O Ilha Plaza Shopping declarou que repudia qualquer ato de discriminação e de violência e que cancelou o contrato com a empresa prestadora de consultoria em segurança. Sobre a denúncia feita pelo Thiago Silva, o shopping disse que foi aberta uma sindicância interna.

A corregedoria da Polícia Militar informou que está acompanhando a condução do inquérito instaurado pela Polícia Civil e que foi aberta uma apuração sumária para verificar a conduta dos PMs envolvidos.

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