Após quebrar fêmur, filho de ex-namorada de Jairinho não queria andar no carro do vereador, mostra laudo médico

Um laudo elaborado por profissionais do Serviço de Psicologia do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mostra que o filho de 3 anos de Débora de Mello Saraiva afirmava, em 15 de março de 2015, não querer andar no carro do namorado da mãe, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido). Na ocasião, a estudante deixou que ele levasse o menino a uma reunião numa casa de festas e, cerca de 15 minutos depois, ele a contatou informando que a criança havia torcido o joelho ao sair do veículo. O parlamentar, que está preso preventivamente pela morte do enteado, Henry Borel, foi novamente indiciado por tortura nesse inquérito. Ele já é réu em um processo pelo mesmo crime contra a filha de outra ex-namorada.

De acordo com o delegado Adriano França, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), no entanto, “todos os elementos colhidos nos autos apontam para a ação direta” de Jairinho na lesão: “resta demonstrado, de forma inequívoca, que a fratura não ocorreu de forma voluntária, sendo provocada pelo investigado, ao submeter o menor, sob sua guarda e cuidado, a situação de extremo estresse emocional e violência física, que o levou, inclusive, a vomitar, conforme já relatado, restando cabalmente demonstrada ainda, a relação de causa e consequência”, destaca no relatório final de investigação

O prontuário médico do menino aponta que ele vomitou e por isso quis descer do carro. A mesma reação foi descrita por familiares das duas outras crianças que teriam sido vítimas de sessões de violência de Jairinho. “Paciente interage bem durante o atendimento. Chora um pouco ao dizer que quer ir para casa. Fala que não quer andar no carro em que se acidentou”, destaca o laudo. Para a Polícia Civil, o comportamento caracteriza a “repulsa indicativa de ter passado por sofrimento psíquico no interior do veículo, além do trauma físico”.

Ainda segundo as investigações, médicos do Lourenço Jorge afirmaram que o menino apresentava hematomas nas bochechas e assaduras nos glúteos no momento do atendimento. Ele precisou ficar com a barriga e as duas pernas engessadas por dois meses. Pelo menos mais um episódio de agressão do vereador contra a criança foi identificado. Como ele e a então namorada alegaram na unidade de saúde que havia ocorrido um “acidente automobilístico”, eles foram indiciados também por falsidade ideológica. Por não cumprir o dever legal de cuidar do filho como agente garantidora, apurar “as ocorrências de sua inteira ciência”, Débora responderá também por tortura na modalidade omissiva.

Procurado  , o advogado Braz Santana, que defende Jairinho, informou que a versão apresentada nos depoimentos de Débora é “bastante inverossímil” e lhe “causa estranheza o silêncio de uma década”. Já a estudante não foi localizada.

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