Mesmo preso, capitão da PM é acusado de chefiar milícia na Zona Oeste do Rio

Mesmo preso na Unidade Prisional da PM, o capitão Leonardo Magalhães Gomes da Silva segue chefiando a milícia que domina os bairros de Vargem Grande e Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio, dando ordens a comparsas e até recebendo dinheiro proveniente do tráfico de drogas na região. A informação foi passada à Polícia Civil por um comparsa do oficial preso no último 29 na Linha Amarela enquanto transportava cocaína do Complexo da Maré para a área sob controle da milícia.

Em depoimento, homem afirmou que, mesmo após a prisão do capitão, seguia repassando parte do valor proveniente da venda de drogas ao chefe: “Como ele permite que continue vendendo, repassa a metade do valor que ganha para Leonardo”. O capitão está preso acusado de chefiar a milícia desde fevereiro passado.

No relato, o comparsa afirmou que todos os outros milicianos que traficam drogas na região sob domínio do bando também são obrigados a repassar metade do valor ao capitão — que designou um subordinado para recolher a quantia. Segundo ele, Silva mantém contato frequente com seus comparsas fora da cadeia.

O depoimento também revelou que a cocaína que abastece a milícia é proveniente da favela Vila do João, na Maré. O homem afirmou que vai ao complexo de favelas duas vezes por semana apanhar cargas da droga. Segundo ele, a facção que domina a favela tem “um acordo” com os milicianos. O miliciano afirmou que vende até 150 pinos de cocaína por semana.

O capitão Leonardo Silva foi preso em julho do ano passado pela Operação Porto Firme, da Delegacia de Homicídios (DH) acusado de chefiar a milícia que domina Vargem Grande e Vargem Pequena. No entanto, em janeiro passado, o juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanço, da 1ª Vara Criminal Especializada, determinou que o Silva fosse solto. A decisão, que beneficiou outros seis réus, foi tomada durante uma audiência do processo a que o grupo responde pelo crime de associação criminosa. O magistrado argumentou, na ocasião, que “não mais se tem por presente, neste momento, ameaça devidamente delineada à ordem pública, à instrução criminal”, porque os depoimentos das testemunhas já foram tomados.

Um mês depois, Silva foi novamente preso acusado de ser o mandante de um duplo homicídio em Vargem Grande. De acordo com a denúncia do Ministério Público, Silva ordenou os assassinatos de Jardel Felipe Rodrigues Neto e Renan da Silva Pinto porque a dupla vendia drogas no bairro sem a sua permissão. O inquérito da Delegacia de Homicídios (DH) descobriu que só a milícia do oficial tinha permissão para traficar drogas na região.

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