Desaparecidos em Angra dos Reis: filho acredita que sua mãe e ex-companheiro podem ter sido vítimas de piratas

 

Guilherme Brito, filho de Cristiane Nogueira da Silva, de 48 anos, que está desaparecida na Baía de Ilha Grande, em Angra dos Reis junto com seu ex-companheiro Leonardo Machado de Andrade, de 50, disse acreditar na hipótese de que o casal pode ter sido vítima de um ataque de piratas, como são conhecidos os bandidos que praticam assaltos no mar. Cristiane e Leonardo foram vistos pela última vez, na tarde de domingo, dia 22, ao sair em um barco para ver o pôr do sol na localidade conhecida como Lagoa Verde. A embarcação era conduzida pelo próprio Leonardo .

Para Guilherme, as vítimas podem sido interceptadas por algum bote ou barco ocupado por ladrões e abandonadas em alguma ilha da região. Ele disse ser possível que o ex-companheiro da sua mãe estivesse levando, durante o passeio, uma quantia em dinheiro.

— Conhecendo o Leonardo como eu conheço, acredito que ele estivesse com algo entre mil reais e R$ 5 mil. O dinheiro seria para pagar despesas e combustível. Conversei com muita gente na Região de Angra e Parati que contou que este tipo coisa (roubo no mar) não é incomum naquela região. Acredito na hipótese de que eles possam ter sido atacados por piratas e que ficaram sem o barco. Podem estar em alguma ilha da região —disse Guilherme.
A presença de homens armados no mar da Baía da Ilha Grande já foi constatada outras vezes. Em 2017, pelo menos 12 bandidos usaram lanchas para chegar a uma vila de Mambucaia, em Angra, onde explodiram uma agência bancária. Em 2019, assaltantes armados de fuzis explodiram quatro caixas eletrônicos, no Centro do município, e fugiram em uma embarcação que estava a espera do bando em uma cais. O delegado Vilson de Almeida Silva, da 166ªDP (Angra dos Reis) disse não descartar nenhuma hipótese para o caso, mas ressalvou que, do início de 2021 até agosto até agosto não havia sido registrado nenhum roubo no mar com uso de embarcações.

Ele também disse não ter confirmado a informação recebida por uma denúncia, dando conta de que o casal havia sido visto, um dia após o desaparecimento, em um restaurante flutuante.

— Uma equipe da nossa delegacia esteve restaurante e conversou com o proprietário. Ele informou que o casal desaparecido não esteve lá. Estamos tentando localizar o barco usado pelo casal para tentar saber o que aconteceu. Não descarto nenhuma hipótese — disse o policial.

Cristiane Nogueira da Silva e Leonardo Machado de Andrade viveram juntos por dois anos e estavam separados por igual período. Na semana passada combinaram de passar um fim de semana juntos em Angra dos Reis. O casal que estava ensaiando uma reconciliação estava hospedado numa casa alugada por Leonardo na Praia da Longa, na Ilha Grande, onde ele agora reside. No fim da tarde de domingo dos dois resolveram sair de barco para ver o pôr do sol de uma ilha próxima e avisaram que não demorariam. Desde então não deram mais notíciais.

Nesta quarta-feira, bombeiros das unidades de busca de Angra dos Reis, Mambucaia, Sepetiba e Ilha Grande, auxiliados por embarcações e por homens com jets ski vasculharam o mar, mas não encontraram vestígios do casal desaparecido nem da embarcação usada pelas vítimas. Desde o último domingo, Guilherme Brito aguarda notícias sobre o paradeiro da mãe. Ela e o Leonardo Machado de Andrade saíram para um passeio em Angra dos Reis, por volta das 16h30 do dia 22 e não foram mais vistos. Sem retorno para as mensagens e as ligações, Guilherme foi até a casa de Leonardo, onde os dois estavam para tentar uma reconciliação e encontrou o celular de Cristiane no imóvel.

Também nesta quarta-feira, Guilherme compartilhou nas redes sociais as últimas mensagens enviadas para a mãe. Às 12h35 ele pergunta: “Está bem?”. Quatro horas depois, ainda sem resposta diz: “Quando puder responde”. Ainda sem retorno, duas horas depois escreve: “Estou indo te buscar”.

— Com certeza ela está incomunicável, ontem (segunda-feira) ainda achei o celular dela dentro da bolsa, com todas as coisas. Ela me manda bom dia às 6h, 7h da manhã, aquele bom dia de mãe. Não é só comigo, mas com minha irmã, minha tia, minha avó. Pergunta se estamos bem, o que estamos fazendo, como estão as coisas. Ela está sempre em comunicação com todos. — conta Guilherme.

— Tem alguma coisa estranha. Estão todos aguardando notícias. Só quero minha mãe de volta, saber que estão bem, entender que está tudo bem. Só quero ter boas notícias— completou.

As buscas tiveram início ainda no domingo, quando um funcionário de Leonardo começou a perguntar a conhecidos se tinham alguma informação sobre o casal. O delegado Vilson de Almeida Silva disse que diferentes órgãos participam de uma varredura na região à procura da embarcação. Ele acredita que ao conseguir localizar o barco, possivelmente encontrará o casal ou terá pistas sobre o paradeiro.

— A gente pediu auxílio à Capitania dos Portos, pedimos auxílio à Defesa Civil, Polícia Federal, à Secretaria municipal de Angra, Secretaria da Ilha Grande para poder tentar localizar a embarcação para tentar chegar neles e ver o que aconteceu — conta o delegado. — Está tudo muito vago. A gente não descarta nenhuma linha de investigação. O barco pode ter afundado, tem uma história deles de relacionamento, eles podem estar vivendo um momento de amor em algum lugar. Sem encontrar o barco é difícil definir o que aconteceu. Mas, realmente, a gente não descarta nenhuma possibilidade — disse o delegado.

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