Mulheres eleitas na Baixada: a luta continua

O resultado das Eleições 2016 na Baixada Fluminense surpreendeu e entristeceu muitos eleitores, principalmente em relação à questão de gênero. Das 13 cidades da região apenas Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Japeri, Mesquita, Nova Iguaçu e Queimados terão mulheres nas cadeiras das Câmaras Municipais de Vereadores. No Executivo a situação ainda é mais grave. Paracambi é o único município que terá uma prefeita e Nilópolis uma vice.
Do total de 206 eleitos na região para o Poder Legislativo, somente 13 são mulheres. O maior número de vereadoras está em Belford Roxo. Kenia Santos (PTN), Cristiane do Sobreira (PP), Pastora Aninha (PMDB), Enira Ranuzia (DEM) e Cristiane Guedes (PP) foram as cinco escolhidas para a gestão de 2017 a 2020. Duque de Caxias aparece em segundo lugar com três representantes: Delza de Oliveira (PRP), Deise do Marcelo do seu Dino (PTC) e Leide Amiga de Caxias (PRB).
Ficaram empatados, com apenas uma mulher no Legislativo, os municípios de Guapimirim, Japeri, Mesquita, Nova Iguaçu e Queimados. Os eleitores dessas cidades foram às urnas no último domingo (2) e elegeram, respectivamente, Alessandra Lopes (PMN), Roberta Bailune (SD), Cris Gêmeas (PCdoB), Renata da Telemensagem (PTC) e Drª Fátima (PMDB).
Itaguaí, Magé, Paracambi, São João de Meriti, Seropédica e Nilópolis infelizmente não terão representação feminina na Câmara no próximo mandato. Para Cris Gêmeas, vereadora reeleita, o resultado em Mesquita foi lamentável. “Lamento por ter sido a única liderança feminina, luto pelos direitos das mulheres e acreditava em ter pelo menos mais duas na luta ao meu lado”, declarou.
Na Baixada Fluminense somente Paracambi terá uma mulher à frente do Poder Executivo. Lucimar do Dr. Flávio (PR) foi a preferida nas urnas por 12.687 eleitores, o que representou 47,87% dos votos válidos. Em Nilópolis a vice-prefeita é Jane Abraão.
A situação não melhora nas cidades brasileiras. Mesmo com muitas conquistas, dez anos da Lei Maria da Penha e inúmeras discussões sobre violência e igualdade de gênero, o resultado da eleição aponta que as mulheres perderam representatividade entre os políticos eleitos.
Das 5.509 cidades com eleição definida no primeiro turno, apenas 639 terão prefeitas a partir do ano que vem, um índice de 11,6%. Nas últimas eleições, em 2012, 663 mulheres foram escolhidas para administrar cidades do país, 11,9% do total.
De acordo com o último Censo do IBGE, as mulheres representam 51% da população do Brasil. Não podemos perder o que já conquistamos, principalmente quando levamos em consideração uma sociedade como a nossa, construída sob a égide do machismo, do patriarcalismo, na qual o homem sempre ocupou o espaço público e a mulher, o privado.
Não podemos desistir. Lugar de Mulher é na política e onde ela quiser. A luta continua. Parabéns a todas as mulheres eleitas, especialmente as da Baixada Fluminense.

 

Por Ana Paula Moresche – amoresche@gmail.com

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