Segurança em Foco, por Vinicius Domingues Cavalcante – 03/06

Segurança em seus deslocamentos (2ªparte)
Em condições de ser abordado, procure dirigir pelo meio da rua, evitando assim a possibilidade de que seu veículo seja forçado contra um meio-fio ou contra muretas divisórias da pista. Mantenha a maior distância de segurança possível do veículo que segue a sua frente, bem como daquele que vem à retaguarda. Um dos bloqueios preferidos usados por sequestradores envolve o “encaixotamento” do veículo do alvo, portanto, não se deixe imobilizar. Em marcha, verifique constantemente os espelhos retrovisores. Precisando parar no sinal procure guardar uma distância (aproximadamente duas vezes o comprimento do seu veículo) dos carros que ficam próximos à faixa de travessia de pedestres e mantenha-se o mais ao centro que puder, longe das calçadas.
Se possível, varie o veículo no qual faz seus deslocamentos regulares. Possuindo mais de um carro particular use-os aleatoriamente dificultando a ação de criminosos que tentem estabelecer uma vigilância sobre você. Atualmente algumas empresas de segurança oferecem serviços de guarda-costas para riscos de baixa intensidade, por períodos que vão de algumas horas a poucos dias. Tais serviços são extremamente válidos a fim de prevenir roubos de ocasião, furtos e sequestros relâmpagos é uma boa opção para pessoas de notável projeção que desejam um grau maior de proteção em suas atividades profissionais e sociais. Vale lembrar que tais seguranças part time, ao menos a priori, não devem ser empregados para a proteção de pessoas que estejam sob severo risco de sequestro ou outra ameaça mais grave.
Grandes riscos de eliminação física ou mesmo de sequestro pressupõe uma necessidade de maior planejamento e integração, próprio de equipes especialmente selecionadas e treinadas, que atuem em regime de grande dedicação, em tempo integral. Se estiver dirigindo sob a escolta de uma equipe de guarda-costas procure entrosar-se com o motorista do carro da segurança combinando códigos (como piscadas de faróis ou setas) entre si a fim de sinalizar acelerações, manobras, assinalar obstáculos, veículos suspeitos etc. A marcha do comboio será regulada pelo primeiro veículo do comboio (normalmente o carro do segurado), tomando cuidado para não imprimir desnecessárias manobras e acelerações bruscas, as quais não possam ser acompanhadas pelo carro seguidor.
Os veículos, o seu e o da escolta, caminharão sempre juntos e por isso deverão ter potência e desempenhos compatíveis. A distância entre os carros variará em função do terreno que estiver sendo percorrido, do tráfego viário bem como da visibilidade do ambiente, mas não poderá permitir a interposição de um terceiro veículo entre ambos. Antes de entrar ou sair de uma edificação, principalmente quando não contar com o acompanhamento de uma equipe de segurança, o condutor do veículo deve estar extremamente atento aos arredores. Muito cuidado com motocicletas, pois elas são bastante empregadas pela criminalidade. Mantenha especial atenção em motos com dois ocupantes e esteja sempre atento à possibilidade de estar sendo acompanhado por tais veículos.
Se desconfiar que estiver sendo acompanhado execute manobras de ‘despistamento’, dirigindo-se sempre na direção de unidades policiais ou militares cuja existência você mapeou anteriormente. Por princípio, evite o uso ostensivo de joias quando estiver dirigindo e, quando o fizer, mantenha-se permanentemente em alerta, com vidros fechados e portas travadas. Um ardil que pode ser implementado com baixíssimo custo é o de manter consigo uma bolsa ou pasta com uma carteira com pouco dinheiro, papéis inservíveis e utensílios baratos a fim de entregar para um ladrão caso venha a ser abordado num sinal. Porém, tal recurso de nada adianta no caso de uma abordagem cujo objetivo seja o roubo do carro ou os chamados sequestros relâmpagos.
Evite usar adesivos nos carros que contenham informações sobre a vida pessoal, como nome do condomínio, da academia de ginástica, escola do filho, da faculdade ou curso de línguas. Essas informações podem ser usadas por criminosos a fim de selecionar seus alvos ou para rastreá-los com maior facilidade. Em época de eleições a identificação do veículo de um parlamentar pode trazer problemas com adversários políticos e só deve ser adotada após uma análise minuciosa da conjuntura da campanha. Um recurso barato e passível de uso por políticos em situação de risco é a troca de veículos (não transportando a autoridade ou candidato no carro que aparentemente estaria a ele reservado) ou o uso de sósias. Ao estacionar o veículo posicione-o preferencialmente em condições de efetuar uma saída rápida, voltando-os de frente para os portões de acesso ou para a via pública. Preferencialmente não estacione seu carro te forma a ter de sair de traseira pois você ficará muito mais vulnerável a uma abordagem.
Se possível, opte por veículos de vidros escuros ou com “insulfilm” que dificultem a visão externa de quem estiver sendo transportado. Havendo disponibilidade de recursos, optar por veículos blindados ou, na impossibilidade, dotar os carros com películas balístico-resistentes nos vidros (os quais se constituem em alvos prioritários no caso de ataques com tiros, pedradas ou bombas incendiárias do tipo “coquetéis molotov”).

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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