Segurança em foco, por Vinicius Domingues Cavalcante – 05/08

Fuzis nas mãos dos criminosos

 

Ao saber da estimativa de mais de mil fuzis fornecidos a criminalidade fluminense por um único fornecedor a primeira coisa que salta aos olhos é que na gestão do Secretário de Segurança Pública que mais alegou privilegiar as ações operacionais de inteligência, a inteligência sobre o tráfico de armas não só deixou de ser uma prioridade, como ela, de fato, simplesmente deve ter deixado de existir, como um curso de ação que bem combina com aquele célebre dito do governo Federal do PT; “como nunca antes neste país” se ignorou tanto e se relaxou tão criminosamente acerca desse assunto.
O descaso é algo tão absurdo, sobretudo em se tratando de uma autoridade que se orgulhava de seu know-how em inteligência policial, que a negligência, chega a parecer sintomaticamente criminosa… De propósito, por vaidade ou ainda que só por burrice, agora nos vamos pagando…e suando sangue! Em toda crônica delitiva contemporânea, desde os anos 60 pra cá, a criminalidade nunca esteve tão bem armada (com armamento militar novo, de procedência clandestina).
Além de haver fuzis em tamanha quantidade que se permita distribuí-los aos criminosos de escalões inferiores (a quem em outros tempos só se fornecia revólveres velhos) os criminosos hoje não temem nada! E com o poder que tais armas militares lhes confere, eles sequer aventam a possibilidade de ter de refinar táticas ou de buscar estratagemas de ação mais elaborados. O poder dos numerosos fuzis lhes permite executar ações “em força”, agindo praticamente na marra e sem qualquer sutileza; e tais ações violentas mais do que atemorizam a população que se vê refém indefesa desses grupos numerosos e muitíssimo bem armados.
Infelizmente a banalização na posse ( ou no acautelamento) de um tipo de arma que antigamente se constituiria num diferencial de importância ou hierarquia no âmbito dos grupos criminosos, permite a qualquer um empregar esse tipo de armas em ações que, anteriormente só eram executadas com armas curtas. Infelizmente a mesma sociedade que torna o tráfico uma atividade extremamente rentável, permitiu que o crime se mobiliasse com quantidades tão prodigiosa desse armamento militar de procedência clandestina, que agora essas armas podem ser distribuídas a qualquer bandido. Se nós não os fizermos temer por sua vida, e pô-los na defensiva, isso só vai se agravar…

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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