DESESPERANÇA MANTIDA

*Célio Junger Vidaurre

Apesar dessa manifestação de Juízes e Procuradores por todo o país, quando juntam-se à opinião pública para pedir ao Supremo Tribunal Federal a manutenção de condenados em segunda instância, mesmo assim, não se pode esperar muito de alguns Ministros que compõem essa Côrte maior do Judiciário. De Lewandovisk, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, tudo pode acontecer para que esses condenados em segunda instância consigam se livrar da cadeia.
Depois que Dias Toffoli decidiu que o ficha-suja, ex-senador Demóstenes Torres, está limpo para concorrer ao próximo pleito eleitoral, nada, absolutamente nada, pode-se acreditar e esperar dessa gente que está com o poder de decidir se político ladrão, condenado por várias vezes até em segunda instância, ficará preso ou não, ou ainda, se poderá concorrer as eleições deste ano. O que ocorre, frontalmente, com essas últimas decisões, é que nosso Judiciário ficou desacreditado, até mesmo desmoralizado pelo STF e a digna Ministra Carmem Lúcia não está dando conta que seus colegas da Côrte, simplesmente, estão avacalhando sua gestão.
É por demais sabido que o Supremo Tribunal é o baluarte da cidadania, mas, hoje, está evidente uma tendência de ser o baluarte dos poderosos. As posições de nossos Ministros do Supremo vão mudando de acordo com os ventos. Isso foi o que se viu quando outorgaram à Ministra Rosa Weber a tranqüilidade de exercercitar a incoerência demonstrada durante o julgamento dos ativos garantidores de longo prazo para o setor privado, ou aqueles ativos destinados a fundo previdenciário, ao mesmo tempo que ocorreram as curvas de violência que alagam todo o país.
O cansaço do eleitor está em contraste com o cansaço do Supremo, com raríssimas exceções, que é o cansaço supremo da Justiça. Esses Ministros de nosso STF não trazem mais tranqüilidade aos brasileiros. Mostram-se incoerentes, desabam em contradições, não mostram possuírem fôlego, ousadia no presente e perspectivas de futuro. Agora, os caras resolveram decidir casos que já estavam decididos. Não se falando na armação das prescrições.
Os advogados especializados em delação premiada jamais ganharam tanto dinheiro como esses que apareceram dos acusados da Lava-Jato. Tudo já se sabe como vai ocorrer nos julgamentos dos três Ministros citados inicialmente. O cinismo desses julgadores está exagerado, Gilmar Mendes disse ao transferir de volta Sergio Cabral para o Rio de Janeiro: “todos ficaram pasmos com o uso das algemas, que tipo de alma está morando no corpo dessa gente?”. Será que a figura não sabe qual é o tamanho da revolta que os roubos desse ex-governante provocou no povo fluminense?
A verdade é que essa segunda turma do STF ainda não percebeu, ou faz de conta que não percebeu, o que Sergio Cabral fez por aqui. As acusações estavam recheadas de provas em todos os setores que atuou com enorme prejuízo ao erário e, conseqüentemente, a toda a população fluminense. Só falta, no andar da carruagem, que o Ministro Marco Aurélio Mello consiga seu objetivo final, ou seja: anular tudo que já decidiram para que seu primo Fernando Collor de Mello não seja preso em face dos inúmeros processos que estão em curso na Lava-Jato.
Não há como se esconder no espelho!

*Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político. Publica seus artigos em 11 jornais diários e 16 semanários do RJ.

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