Rio tem guerras entre quadrilhas rivais em 24 favelas

Traficante foge com fuzil no Morro da Babilônia Foto: reprodução

Em meados de abril, traficantes saíram encapuzados, do Chapéu-Mangueira, e entraram pela mata do vizinho Morro da Babilônia, no Leme. O objetivo era retomar a favela para o Terceiro Comando Puro (TCP). Após uma troca de tiros, o grupo fugiu do local. Ontem, pouco mais de um mês depois, os criminosos do Chapéu-Mangueira tentaram nova investida contra o Comando Vermelho (CV). A disputa pelo Morro da Babilônia, entretanto, é apenas uma entre envolvendo facções do tráfico e milicianos por territórios no Rio. Levantamento feito pelo EXTRA com base em informações da PM e da Polícia Civil revela que, nos últimos três meses, 24 favelas estiveram envolvidas em 12 disputas territoriais espalhadas por 15 bairros do Rio.

Nove dessas guerras são protagonizadas pelas mesmas facções que disputam o Morro da Babilônia. Numa delas, traficantes do CV oriundos do Fallet e do Fogueteiro, no Rio Comprido, tentam invadir, há dois meses o Morro da Coroa, dominado pelo TCP. Em retaliação, criminosos do São Carlos, dominada pelo mesmo grupo da Coroa, fazem ataques esporádicos nas favelas do grupo rival.

Na Rocinha e no Vidigal, em São Conrado, na Zona Sul, as mesmas facções disputam o controle das favelas desde o segundo semestre do ano passado. O último ataque de um dos grupos aconteceu na primeira semana de abril: traficantes saíram do São Carlos, invadiram o Vidigal e mataram um morador da favela, Marcos Gomes, de 28 anos. A Delegacia de Homicídios (DH) investiga o assassinato foi motivado por uma ligação da vítima com o Comando Vermelho (CV). Marcos foi retirado de casa pelos traficantes e executado. Seu corpo foi enterrado pelos criminosos no alto da comunidade, na localidade conhecida como Jaqueira.

Zona Oeste é a região mais afetada

A Zona Oeste é a região da cidade mais afetada pelas guerras entre quadrilhas rivais. Cinco das disputas envolvem favelas da região. Na Praça Seca, milicianos e traficantes entram em confrontos, há cerca de seis anos, pelo controle das favelas Bateau Mouche, São José Operário e Chacrinha. O último capítulo dessa guerra aconteceu em maio, quando o traficante Sergio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa, foi morto e o miliciano Hélio Albino Filho, o Lica, foi preso. Da Russa era o principal responsável pelas incursões do CV nas favelas da milícia e Lica, após ser expulso por comparsas da Chacrinha, se aliou ao tráfico para retomar o controle da comunidade. O secretário de Segurança, Richard Nunes, prometeu criar uma companhia destacada no local.

 

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