Enfraquecimento do Meio Ambiente pode afetar oferta de água

Por Sabrina Lorenzi, da Agência Nossa
escassez, que podem ser indícios de mudanças climáticas e/ou de
alterações mais intensas nos padrões da precipitação no Brasil”.
Cerca de 19% da floresta amazônica foi destruída nos últimos 40 anos.
A taxa voltou a crescer em 2018 depois de uma redução de 20% no período
anterior. Os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram quase
todo o desmatamento. A destruição foi maior em áreas privadas, depois em
assentamentos e unidades de conservação.
A Amazônia transpira, diariamente, 20 bilhões de toneladas de vapor de água
para a atmosfera – volume superior à vazão do rio Amazonas. Toda essa
umidade forma os “rios voadores” que são levados, com o vento, para outras
regiões do País, irrigando plantações e enchendo reservatórios de água.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, chamou o ministério do Meio
Ambiente de “sucursal da Agricultura” e também alertou para o impacto do
desmatamento na oferta de chuvas e abastecimento de água. “Se mexe na
Amazônia, mexe nas chuvas”, disse em entrevista à BBC.
Manifesto que reúne dezenas de organizações em favor do meio ambiente
afirma que se o desmatamento da Amazônia atingir entre 20% e 25%, a
floresta entrará em um “ponto de não retorno”, a partir do qual todo o seu
equilíbrio será modificado.
“Retrocessos na agenda ambiental do País podem representar riscos
enormes à reputação das empresas e produtores brasileiros, colocando o
Brasil na contramão do movimento global de transição para a economia de
baixa carbono”.
Pontos positivos
Por outro lado, o governo tem, por meio da ANA, adotado medidas firmes
que protegem rios e garantem abastecimento de água para a população. A
proibição de outorgas para irrigação em estados como Goiás e Minas Gerais,
além da suspensão de processos para novas hidrelétricas no Pantanal, têm
contrariado interesses econômicos nessas regiões.
Outro ponto positivo no programa de governo de Bolsonaro para o Meio
Ambiente é o fortalecimento de fontes de energia alternativa. A ideia é fazer
do Nordeste um pólo produtor de energia solar e eólica, inclusive com
produção de equipamentos que também vão estimular emprego e renda na
região.
O plano é fazer do Nordeste base de uma nova matriz energética limpa,
“expandindo não somente a produção de energia, mas toda a cadeia
produtiva a ela relacionada: produção, instalação e manutenção de painéis
fotovoltaicos”.O Brasil tem pouco a comemorar nesta semana do Meio Ambiente. O
esvaziamento do ministério que leva seu nome, com fusões e transferências
de órgãos especializados para outras pastas, e o descaso com temas
relacionados a mudanças climáticas podem colocar o Brasil na mira de
fornecedores e compradores dos nossos produtos no exterior. Pior que a
ameaça comercial, está em jogo o abastecimento de água.
As ações do governo Bolsonaro nos cinco primeiros meses de mandato
preocupam quem se importa com o tema. Foi extinta a Secretaria de
Mudanças Climáticas. O Serviço Florestal Brasileiro foi para o Ministério da
Agricultura. A Agência Nacional de Águas, embora continue firme em
medidas que priorizam Meio Ambiente e interesse público, foi transferida
para o Ministério do Desenvolvimento Regional. Lembrando que o MMA
quase foi extinto no início do governo.
O governo cancelou um encontro regional da ONU sobre mudanças
climáticas que aconteceria em Salvador. E não enviou representantes ao
Peru para uma conferência sobre gestão florestal e agricultura organizada
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
As ações soam como ironia para um governo que colocou militares de volta
no poder.
“Foram justamente os militares que perceberam a importância da
preservação do Meio Ambiente e criaram este aparato, criaram o Ministério
do Meio Ambiente. É um equívoco querer desmontar, ainda mais ele (o
presidente Bolsonaro), orgulhoso das realizações dos militares”, afirma o
biólogo Rodrigo Medeiros, vice-presidente de parcerias e estratégias da Conservação Internacional. Recentemente, o governo desautorizou a destruição de equipamentos
usados em ações ilegais de desmatamento. A medida era uma maneira de
reduzir o desmatamento em locais isolados da floresta, onde há dificuldade
de transporte e locomoção.
O desmatamento da Amazônia está ganhando velocidade. O Imazon
detectou altos índices de desmatamento na Amazônia Legal de agosto de
2018 a abril de 2019. Foram perdidos 2.169 km²de floresta, número que
representa um aumento de 20% da área desmatada em relação ao mesmo
período do ano anterior.
A especialista do Greenpeace em Políticas Públicas Mariana Motta relaciona
o desmatamento das florestas ao recente episódio de seca extrema que
esvaziou os reservatórios de água do Sudeste. A seca levou reservatórios a
níveis de volume morto em São Paulo e várias outras cidades. Provocou
salinização severa do rio Paraíba do Sul, que abastece a cidade do Rio de
Janeiro. Resultou em queimadas e prejuízos ao agronegócio no CentroOeste. Secou as lagoas do interior de São Paulo, para citar alguns casos
além da agonizante problemática do Nordeste.
“Ao desmatar a Amazônia, interferimos de forma extremamente negativa no
ciclo da água. Eventos extremos, como episódios de seca – muito parecidos
com a crise enfrentada pelo Sudeste – se tornarão cada vez mais frequentes
e mais intensos com as mudanças do clima. Estudos mostram uma
tendência geral para as estações chuvosas ficarem mais intensas e, secas,
para ficarem mais severas, ou seja, os extremos hidrológicos serão mais
frequentes e intensos”.
O superintendente de Planejamento da ANA, Sérgio Ayrimoraes, afirma que
o desmatamento e a erosão dos solos podem favorecer a redução na
precipitação, a escassez de água e a piora nas condições de qualidade da
água. Mas pondera que a compreensão das causas da ocorrência dos
baixos índices de precipitação e da dinâmica de sua distribuição ainda é
imprecisa devido, principalmente, ao curto período de observação dessas
anomalias.
“Os padrões de distribuição das chuvas variam naturalmente. Porém, nos
últimos anos têm sido observados eventos extremos, de seu excesso ou  escassez, que podem ser indícios de mudanças climáticas e/ou de
alterações mais intensas nos padrões da precipitação no Brasil”.
Cerca de 19% da floresta amazônica foi destruída nos últimos 40 anos.
A taxa voltou a crescer em 2018 depois de uma redução de 20% no período
anterior. Os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram quase
todo o desmatamento. A destruição foi maior em áreas privadas, depois em
assentamentos e unidades de conservação.
A Amazônia transpira, diariamente, 20 bilhões de toneladas de vapor de água
para a atmosfera – volume superior à vazão do rio Amazonas. Toda essa
umidade forma os “rios voadores” que são levados, com o vento, para outras
regiões do País, irrigando plantações e enchendo reservatórios de água.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, chamou o ministério do Meio
Ambiente de “sucursal da Agricultura” e também alertou para o impacto do
desmatamento na oferta de chuvas e abastecimento de água. “Se mexe na
Amazônia, mexe nas chuvas”, disse em entrevista à BBC.
Manifesto que reúne dezenas de organizações em favor do meio ambiente
afirma que se o desmatamento da Amazônia atingir entre 20% e 25%, a
floresta entrará em um “ponto de não retorno”, a partir do qual todo o seu
equilíbrio será modificado.
“Retrocessos na agenda ambiental do País podem representar riscos
enormes à reputação das empresas e produtores brasileiros, colocando o
Brasil na contramão do movimento global de transição para a economia de
baixa carbono”.
Pontos positivos
Por outro lado, o governo tem, por meio da ANA, adotado medidas firmes
que protegem rios e garantem abastecimento de água para a população. A
proibição de outorgas para irrigação em estados como Goiás e Minas Gerais,
além da suspensão de processos para novas hidrelétricas no Pantanal, têm
contrariado interesses econômicos nessas regiões.
Outro ponto positivo no programa de governo de Bolsonaro para o Meio
Ambiente é o fortalecimento de fontes de energia alternativa. A ideia é fazer
do Nordeste um pólo produtor de energia solar e eólica, inclusive com
produção de equipamentos que também vão estimular emprego e renda na
região.
O plano é fazer do Nordeste base de uma nova matriz energética limpa,
“expandindo não somente a produção de energia, mas toda a cadeia
produtiva a ela relacionada: produção, instalação e manutenção de painéis
fotovoltaicos”.

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