PSDB adolescente aos trinta anos

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*Pedro Luiz Rodrigues

Tenho dedicado neste espaço mais atenção do que gostaria ao PSDB. Infelizmente, não foram artigos enaltecedores nem comemorativos de seu 30º aniversário.
É que ao chegar a essa data, um marco natural de maturidade, o partido parece-me transformado numa caricatura do que foi em sua juventude, não mais oferecendo a seus afiliados ou simpatizantes razões de confiança ou otimismo.
Os tropeções éticos dados por expoentes da agremiação trocaram seu tradicional caminhar altivo pelo andar de bêbado, trôpego e envergonhado.
Adicionalmente, persiste um certo esfarelamento ideológico, não havendo mais em seu seio quem tenha a capacidade de conduzir a um ‘aggiornamento’ dos princípios da social-democracia desfraldada pela geração de 1988.
É interessante observar que o parágrafo acima, referente ao PSDB, poderia ser praticamente sem modificações aplicado ao Partido dos Trabalhadores. A diferença é que os petistas, não se guiam pela razão, mas por dogmas, por uma fé de natureza religiosa que os impedem de discutir seus problemas fora do ‘politburo’.
Mas ao se meter nos negócios escusos do Mensalão e da Lava-Jato, o PT perdeu sua aura original, e com ela milhões de simpatizantes. É esse tipo de perda que pode afetar o PSDB, caso decida ignorar sua história e suas raízes.
Há dias, alguns economistas que no passado suaram camisa pelo PSDB anunciaram sua desistência em continuar vinculando seus nomes à agremiação. Entre esses, menciono o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, que não só se afastou do partido como deu, por escrito, as razões que o levaram a fazê-lo.
Os que hoje se apresentam como a liderança do PSDB não parecem mais convencidos de que a economia de mercado é o único caminho viável para impedir que o Brasil retroceda ao século 19. Como recorda Franco, no passado, quando era governo federal, o partido levantou essa bandeira, ainda que por vezes sem muito convencimento e com discurso ambíguo.
Dois nomes de relevo parecem preparados para entrar na disputa para substituir Aécio Neves na presidência da agremiação, daqui a 40 dias: o senador Tasso Jeireissati e o governador de Goiás, Marconi Perillo. Tudo sugere que o partido vai sair rachado desse embate.
Para evitar o desastre, os pessedebistas de bom-senso, se ainda os houver, deveriam fazer um apelo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que os aconselhasse sobre o momento.

*Pedro Luiz Rodrigues é jornalista, com atuação nos principais veículos de comunicação do Brasil, e diplomata.

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