O corpo encontrado em um carro carbonizado na tarde da última quinta-feira, numa ribanceira do Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu, é do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridi, de 59 anos, segundo a Polícia Civil. Os investigadores pediram à Justiça a prisão de três pessoas que teriam planejado e matado o diplomata. Entre elas, a embaixatriz Françoise Amiridis, viúva do embaixador, Eduardo Moreira Tedeschi de Melo, e o policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, que confessou o crime. Os dois são amantes, de acordo com a polícia. A principal hipótese é de crime passional. O militar é lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fallet. Os agentes também pediram a prisão de outro envolvido, mas ele será apenas testemunha do caso.
Ainda segundo os investigadores, o grego foi morto no sofá, dentro da própria casa do embaixador, que fica na Rua Antenor Gomes. O sofá foi periciado pela polícia. A perícia encontrou vestígios de sangue e apura se é da vítima. De acordo com o depoimento de Sérgio, houve luta corporal e o PM usou a arma que estava com o diplomata para atirar. Segundo o depoimento dos dois homens, a mulher seria a mandante do crime. Ela nega.
O militar Sergio Gomes Moreira Filho, que sempre trabalhou em UPPs e era considerado apto A (apto para qualquer serviço), esteva na DHBF para prestar depoimento desde à noite de quinta. Ele confessou o crime após os policiais mostrarem um vídeo que identifica Sérgio entrando e saindo da casa do embaixador. Após o crime, o PM teria retirado o corpo do grego usando o carro que o embaixador tinha alugado.
Françoise comunicou na última quarta-feira o desaparecimento de Amiridis. Segundo ela, ele saiu de casa Nova Iguaçu na noite de segunda-feira, em um carro alugado sem dizer onde ia. Os dois viviam juntos há 15 anos e têm uma filha de 10 anos.
A mãe dela, Rosangela Oliveira, comentou que Kyriakos era uma pessoa muito querida e que ninguém da família sabia do relacionamento de sua filha com o policial militar.
Por volta das 10h de sexta-feira, Françoise Amiridis chegou à delegacia, acompanhada por policiais. Cerca de meia hora depois, os agentes trouxeram uma testemunha do caso, que vestia uma touca ninja para não mostrar o rosto. A mulher de Eduardo, que era considerado suspeito de envolvimento no desaparecimento do diplomata, também foi à especializada.
Kyriakos Amiridis começou sua carreira diplomática em 1985, tendo passado por países como Sérvia, Bélgica e Holanda e Líbia. Foi cônsul-geral da Grécia no Rio de Janeiro entre 2001 e 2004 e, em janeiro deste ano, assumiu o posto de embaixador-geral da Grécia no Brasil. O Ministério das Relações Exteriores informou que não comentará o assunto. O desaparecimento do embaixador da Grécia teve repercussão internacional. Nos Estados Unidos, foi notícia no “New York Times” e no “Washington Post”, os principais jornais do país. A agência de notícias inglesa “BBC” disse que um corpo foi encontrado enquanto o Brasil busca o embaixador desaparecido.