Filhos do Brasil. Esse é o nome da campanha contra a intolerância religiosa, que foi lançada ontem pelo Ministério da Cultura, no Palácio do Planalto, em Brasília. A ação é uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) e da Fundação Cultural Palmares. O cantor e compositor Arlindo Cruz é o embaixador da iniciativa que tem como objetivo valorizar a diversidade religiosa e o respeito ao próximo.
A campanha será divulgada por meio de peças publicitárias a serem veiculadas na televisão e na Internet. A ação também conta com um hotsite e a população poderá enviar seus próprios vídeos em defesa da liberdade de crença e pela garantia dos direitos previstos na Constituição.
Durante o lançamento, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, lembrou os atos de violência contra terreiros de candomblé e casas de umbanda: “Violência física, inclusive. A religião é um caminho para as pessoas se realizarem, terem contato com o divino. O direito à religião ou à falta de religião está previsto na Constituição. As pessoas que praticam a intolerância praticam um ato que não é permitido e é nocivo para a sociedade. É preciso estimular o respeito e coibir essa prática de intolerância”, disse.
Segundo Juca Ferreira ministro, a intolerância tem sido mais observada contra religiões de matriz africana. “É muito comum alguns líderes religiosos terem postura agressiva contra o candomblé e a umbanda. O Brasil é um país plural, com uma diversidade cultural enorme. Temos representação de praticamente todas as culturas do mundo. Com essas pessoas chegam suas culturas e religiões e a gente tem que criar um ambiente favorável de convivência pacifica e de respeito”, destacou o ministro.
Um dos casos que ganhou destaque no ano passado foi o da menina Kailane Campos, de 11 anos, apedrejada na saída de um culto de candomblé em junho, no Rio de Janeiro. Em novembro, um terreiro de candomblé foi incendiado no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, no Paranoá, Distrito Federal. O fogo começou por volta das 5h30 e destruiu o barracão da casa. Cinco pessoas dormiam na casa, mas ninguém ficou ferido.
No mês passado, a imagem do orixá Oxalá, instalada na Praça dos Orixás, foi incendiada de madrugada. Na praça, que fica na área conhecida como “Prainha”, no Lago Sul, em Brasília, há mais 15 esculturas que representam orixás do candomblé, que não foram atingidas.
Apesar de a Constituição brasileira assegurar a liberdade de culto, percebe-se no país um aumento dos ataques às religiões de matriz africana e a seus praticantes. Entre as 581 denúncias registradas entre 2011 e 2015, no Disque 100, estas representam a maior parte das vítimas. Os ataques vão desde insultos e agressões físicas, a incêndios, tiros e depredação de terreiros de candomblé e umbanda.