A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, confirmou, pelo microblog Twitter, que não deixará o governo. As mensagens foram publicadas instantes depois de uma foto flagrar uma troca de mensagens entre ela e um interlocutor. O texto dizia que ela e mais cinco ministros do PMDB ficariam no governo depois de se licenciarem do partido. Pessoas próximas da ministra informaram à Agência Estado, que ela não manifestou desagrado com o vazamento da mensagem e que até deu risada da situação.
No Twitter, a ministra diz que fica no partido e no governo, apesar dos apelos da ala controlada pelo vice-presidente, Michel Temer, pelo desembarque total do governo. “Continuaremos no governo e no PMDB. Ao lado do Brasil no enfrentamento da crise”, disse a ministra. “Deixamos a presidente à vontade caso ela necessite de espaço para recompor sua base”, afirmou. “O importante é que na tempestade estaremos juntos”, concluiu.
Com essa estratégia, ela e os outros ministros se aproximam do grupo do PMDB controlado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMBD-AL), que tem assumido uma postura contrária ao impeachment. O reforço desse posionamento aconteceu após reunião dos ministros com Renan. De todos os ministros do PMDB apenas Henrique Eduardo Alves, que ocupava o ministério do Turismo, deve continuar de fora. Ele havia se demitido na última segunda-feira (28).
Renan diz que pretende “ficar longe”
da decisão dos ministros
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que se reuniu com ministros do PMDB Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura) e Helder Barbalho (Portos) após a reunião da Executiva Nacional do partido que decidiu pelo rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff com a consequente entrega imediata de cargos do Executivo Federal ocupado por peemedebista. Contudo, ele disse ter se recusado a opinar sobre o que cada um deveria fazer.
“Sinceramente não sei o que se passa na cabeça de cada ministro. Eles conversaram, mas (cada um) externando um ponto de vista e não havia consenso entre eles. Eles ficaram de conversar com a presidente (Dilma Rousseff) e definir com ela o que é que vão fazer. Fiz questão de dizer a eles que, da mesma forma que não quis influir na nomeação deles, muito menos gostaria de influir na exoneração”, disse Renan, em entrevista na chegada a seu gabinete no Senado.
O peemedebista, que promoveu um jantar na residência oficial da Presidência do Senado com os ministros, foi lacônico sobre o encontro. Disse apenas que as conversas com eles são sempre muito agradáveis e que conversaram bastante. “Mas eu tenho que ficar muito longe dessa decisão se vão ficar ou não”, ressalvou.
O presidente do Senado não quis responder se a eventual permanência deles na Esplanada mesmo contrariando uma decisão partidária não mostra um apego exagerado aos cargos. Ele destacou que o País vive um momento conturbado da vida nacional e fez questão de exaltar a importância do PMDB.
“O PMDB, como maior instituição congressual, maior partido, tem uma responsabilidade muito grande. E qualquer movimento que o PMDB fizer, esse movimento evidentemente que vai influir nos demais partidos, o que só aumenta a responsabilidade”, disse ele, ao ponderar que não sabe o que “motivou” a realização da reunião da cúpula partidária ontem.
Renan repetiu que, como também é presidente do Congresso, tem uma preocupação de manter a independência do Poder. “Se conseguir preservar a instituição dessa partidarização que está acontecendo, estarei cumprindo meu papel”, afirmou ele.
Até o início da noite de ontem, apenas Henrique Eduardo Alves, indicado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, para o ministério do Turismo, entregou o cargo. A decisão de Alves ocorreu na véspera do encontro do diretório que decidiu pelo rompimento pelo governo. Os demais seis ministros do PMDB ainda permaneciam no cargo.