Cunha vê ‘com estranheza’ nova fase da Lava Jato

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp
Eduardo disse que os alvos principais das operações da polícia até agora são "só aqueles que não são do PT" Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Eduardo disse que os alvos principais das operações da polícia até agora são “só aqueles que não são do PT”
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Ontem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ver com “estranheza” o fato de a Polícia Federal ter feito busca e apreensão em endereços ligados a ele, inclusive na residência oficial da Casa que ele ocupa, em nova fase da Operação Lava Jato chamada Catilinárias.
Em entrevista coletiva, Cunha, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), disse não ter problema em ser alvo de investigações da PF, mas disse considerar estranho “o contexto”, “o dia” e os “objetivos” da nova fase da Operação. Ele também voltou a dizer que os alvos principais das operações da polícia até agora são “só aqueles que não são do PT”.
A Polícia Federal fez ontem por ordem do STF operação de busca e apreensão em endereços de Eduardo Cunha, em Brasília e no Rio. O deputado é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República, nas investigações da Lava Jato.
A operação também teve como alvos, entre outros, os ministros da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), os deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Áureo Lídio (SD-RJ), o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto (aliado de Cunha e exonerado na semana passada pela presidente Dilma), Aldo Guedes – ex-sócio de Eduardo Campos -, Lúcio Bolonha Funaro – delator do Mensalão -, Altair Alves Pinto – emissário de propina de Cunha, segundo os investigadores – e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.
Também ontem, o Conselho de Ética aprovou o relatório prévio do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) que pede a continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara. A admissibilidade foi aprovada, em votação no painel, por 11 votos favoráveis e nove contrários.

Presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) não foi incomodado na ação da PF Foto: Agência Senado
Presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) não foi incomodado na ação da PF
Foto: Agência Senado

>> Planalto – O Palácio do Planalto avalia que a nova fase da Operação Lava Jato agrava ainda mais o delicado quadro político. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff estão apreensivos e temem uma reação “agressiva” de Cunha.
Segundo integrantes do núcleo político do governo, Cunha age com imprevisibilidade e já demonstrou que costuma reagir com agressividade às situações nas quais fica acuado. O exemplo mais evidente foi aceitar a abertura do processo de impeachment contra Dilma depois que o PT retirou apoio ao peemedebista no Conselho de Ética da Câmara. Embora avaliem que o arsenal de ferramentas de retaliação de Cunha diminuiu depois do pedido de impeachment, auxiliares da presidente acreditam que o peemedebista ainda tem cartas na manga contra o governo.
O governo prevê ainda um acirramento nas disputas interna pelo controle do PMDB devido ao fato de o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, aliado do governo e alvo de inquéritos da Lava Jato, ter escapado ileso da operação e, com isso, ganhar fôlego na batalha pelo controle do partido.
Por outro lado, integrantes da cúpula do PT destacam que entre os alvos estão aliados importantes do governo no PMDB como Lobão, ligado ao ex-presidente José Sarney.
Além disso, o Planalto avalia que a amplitude da operação, que cumpriu mandatos contra 53 pessoas, entre eles dois ministros e um senador aliado (Edson Lobão, PMDB-MA), ajuda a difundir a ideia de corrupção generalizada tanto no governo quanto no Legislativo, o que pode dar combustível a novas manifestações pelo impeachment.
Relator do caso Cunha pede
rapidez no trâmite do processo

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixou a sessão do Conselho de Ética defendendo a celeridade do processo, vencida a fase da admissibilidade, após a votação ter sido por sete vezes adiada. Ele lembrou que dos 90 dias úteis de prazo regimental previstos para o trâmite processual, pelo menos 30 já foram utilizados até o momento.
“Teremos de fazer um trabalho célere nos próximos passos do Conselho, sem comprometer a defesa e o contraditório, mas cumprindo esse prazo regimental”, destacou.
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), relacionou a votação de ontem à operação deflagrada pela Polícia Federal. “Lamentamos profundamente que tenham sido necessários mandados de busca e apreensão, inclusive na Câmara dos Deputados, para que finalmente o relatório fosse votado. É lamentável, a Câmara não precisava ter passado por isso, poderia ter aprovado antes o parecer pela admissibilidade”, comentou.
O relator e o presidente do Conselho preferiram não se pronunciar sobre a ação da PF nas residências de Cunha e nas dependências da Câmara.
Com a aprovação da continuidade do processo, Cunha deverá ser notificado pelo colegiado. Só a partir da notificação, sua defesa terá dez dias para se manifestar e arrolar testemunhas. A próxima sessão será marcada quando o relator pedir nova reunião. O processo será interrompido se houver recesso parlamentar em janeiro.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!