As declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no balanço sobre os primeiros seis meses de trabalho neste ano, gerou críticas entre os parlamentares, que se reuniram no Salão Verde da Casa para fazer críticas à gestão do peemedebista. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) ficou surpreso com a preocupação do PMDB com as eleições de 2018. Na quarta-feira (15), líderes do PMDB confirmaram a intenção do partido de ter candidato próprio para disputar a presidência.
Ontem, Cunha reforçou que o PMDB não aguenta mais o compromisso firmado com o partido do governo, mas vai continuar ao lado da presidenta Dilma Rousseff até o final do segundo mandato, para garantir a governabilidade do país. Cunha reclama que, apesar da aliança com o governo, seu partido não comanda os ministérios que ocupa e fica apenas com o ônus.
Para Molon, contudo, o que ocorre é o contrário. O PMDB quer apenas os bônus em vez de apoiar o governo. Ele criticou também a gestão da Câmara. Segundo ele, a sensação de que o Parlamento está fortalecido é um engano e a Câmara concluiu “votações irresponsáveis” no primeiro semestre.
Pelo balanço da presidência da Câmara, neste período, foram aprovadas 90 matérias entre projetos de lei, propostas de emenda à Constituição, medidas provisórias, projetos de decreto legislativo, projetos de lei complementar e projetos de resolução.
Entre os textos estão as medidas de ajuste fiscal defendidas pelo governo, a regulamentação da terceirização de mão de obra e as propostas de reforma política e redução da maioridade penal, que precisam ser concluídas em votação em segundo turno, antes de serem enviadas ao Senado.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) admitiu, como Cunha, que nunca se votou tanto, mas alertou que nunca se votou tão atropelado. “Nunca se desrespeitou tanto as comissões especiais. A Câmara está sob suspeita”, avaliou.
Segundo ele, quando uma matéria desagrada o bloco de Cunha, ela é votada novamente na Casa, fazendo referência a sessões como as que aprovaram o projeto da terceirização e da redução da maioridade penal.
Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a classificar Cunha como um “déspota” e a deputada Luiz Erundina (PSB-SP) acredita que “há um clima de autoritarismo” na Câmara.
Documento assinado por parlamentares traz quinze pontos sobre os seis meses do Legislativo. A bancada do Psol e deputados do PSB, PPS, PDT e PROS consideraram que predominou na Câmara uma agenda autoritária e conservadora, administrada por um presidente que provocou uma grave redução da democracia no Parlamento.