O presidente do Poder Legislativo, Jorge Picciani (PMDB), teve um encontro recente com o presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Milton Fernandes de Souza.
Foi buscar conselhos sobre a condução do processo de afastamento do governador Luiz Fernando Pezão. Saiu convencido de que o correto será tirar apenas Pezão do governo — e entregar o comando do estado ao vice, Francisco Dornelles (PP).
Num primeiro instante, chegou-se a pensar em convocar eleições indiretas. Mas o momento turbulento e as dificuldades financeiras do estado acabaram apontando para uma solução mais rápida e menos traumática.
Até porque, como disse uma péssima língua do Tiradentes, difícil seria achar quem aceitaria a tarefa de administrar o Rio agora.
Estamos em abril, e o estado ainda não pagou o salário de fevereiro a metade do funcionalismo. Não há qualquer previsão sobre os vencimentos de março, muito menos sobre o 13º.
Para piorar, ontem, a Câmara dos Deputados adiou, pela segunda vez consecutiva, a votação do projeto que poderia ajudar os estados endividados.
O secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, ainda jogou gasolina na fogueira ao dizer que os problemas poderiam estar resolvidos se a Assembleia tivesse aprovado o pacote de medidas enviado pelo governo no ano passado.
Em resposta, Picciani divulgou a mais dura nota contra o Palácio Guanabara desde o início da crise financeira — no que está sendo identificada como a declaração de guerra.
Diz o texto que tal pacote tratava-se de um “emaranhado de absurdos, proposto por um governo leniente, que não equacionava a estratosférica dívida que o governo acumulou”. E pede que o executivo não jogue “nos outros poderes sua incapacidade de gestão’’. Para bom entendedor…
Um copo até aqui de mágoa
Na Assembleia, dizem que a gota d’água contra o governador Luiz Fernando Pezão foram as acusações feitas em delação premiada pelo ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes de Carvalho e seu filho, o advogado Jonas Lopes de Carvalho Neto.
Segundo o advogado, R$ 900 mil provenientes de propina foram usados para pagar despesas do governador.