A GAC está chegando!

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Por Renato Pereira (texto e fotos)

Sim, outra ´montadora` chinesa está chegando.Para 2025 está confirmada a chegada de mais 8 montadoras da Ásia Oriental em solo brasileiro. E, entre elas, a GAC – Guangzhou Automobile Group Company – , a 4ª maior montadora (à frente das duas outras gigantes aqui instaladas, que ocupam a 6ª e 9ª colocação), entre as mais (bem mais…) de 100 montadoras que chancelam o apelido Huaxia ao país, que significa China florescente e gloriosa.

Para entendermos melhor como funciona esse mundo automotivo chinês, é necessário sabermos que:

Essas montadoras podem ser empresas estatais controladas pelo Governo Central, outras são empresas estatais controladas pelos Governos Locais, outras são empresas mistas > estatais + privadas, outras apenas empresas privadas, umas adquirem as outras numa velocidade desconhecida pelo Ocidente e, quase sem exceção, formaram, formam ou formarão joint-ventures com outras montadoras, sejam elas de qual canto do mundo forem. Por outro lado, a cada novo modelo é criada uma espécie de subsidiária da montadora que o criou, como, por exemplo, GAC > GAC Trumpchi, GAC Aion, GAC Hypetc, GAC Hycon, algo como uma empresa nova para cada modelo da mesma empresa. Idem para as infindáveis joint-ventures existentes não só entre si, mas principalmente com montadoras como Toyota, Honda, BMW, Mercedes-Benz, Audi, Ford, General Motors, Volkswagen etc, por vezes misturando várias delas. Um bom jeito de aprender como se faz – e não faz –um veículo. Por isso existem mais (bem mais…) de 100 montadoras chinesas. É meio maluco para nós ocidentais entendermos, mas é assim que funciona por lá.

Essas montadoras operam da seguinte maneira:

Algumas utilizam o processo CKD (Complete Knock-Down), enviando (ou recebendo) um kit das partes completamente não montadas de um produto no país de origem e os montando com partes produzidas no país que o recebe, exigindo baixo investimento.

Outras empregam o sistema SKD (Semi Knock-Down) onde várias partes são pré-montadas em sub-conjuntos pelo centro de produção no país de origem, e enviados à montadora no país de destino, exigindo ainda menos investimentos nesta operação. É assim que funciona, há anos,a indústria automotiva em todo o mundo.

Em países sub-desenvolvidos ou os eufemisticamente chamados de “em desenvolvimento”, algumas montadoras compram plantas fechadas por outras e montam tudo (quase tudo…) no país em que se instalam. Projetam um modelo todo, produzem parte de um veículo e montam o restante fornecido por diversos fabricantes locais – em média 70%. Os outros 30%, os ovos de ouro de cada uma, elas trazem de fora. Por isso são “montadoras” e não “fabricantes”. Nenhuma produz pneus, vidros, plásticos, transmissões, freios, bancos, forros, faróis, módulos eletrônicos, etc. Algumas não fabricam nem os motores, utilizam os de outra Montadora. Isso são todas, independente de serem chinesas, européias ou norte-americanas. Exemplo? O francês Citroën C3 utiliza o mesmo motor alemão BMW que também equipe o britânico Mini.

Bom, agora que resumidamente espero ter explicado o intrincado sistema industrial chinês – que deu certo, apesar de ser um país comunista com seus métodos contestados tanto no que tange aos direitos humanos quanto à qualidade da maioria de seus produtos (no entanto, como em qualquer indústria, existem as linhas excelentes, as boas, as médias, as ruins e as péssimas, seu bolso é que escolhe) –, existem as barreiras comerciais. A Comunidade Européia em geral e a Norte-Americana em particular criaram uma extensa série de vetos contra a indústria (em geral) da China. Qualquer coisa made in China enfrenta uma dificuldade enorme para entrar – quando consegue – nesses mercados. Para driblar essas barreiras, a indústria chinesa, de telefones à automóveis, passando por todo o resto que produz, está se implantando principalmente naqueles ditos países sub-desenvolvidos e/ou emergentes. Assim, a marca pode até ser chinesa, mas não é produzida na China, e o made in pode ser de qualquer lugar do planeta, “destrancando” as portas fechadas. Para tanto, claro, contam, de uma forma ou de outra, com todo o poder de fogo (diga-se U$) do governo da República Popular da China!

Mas vamos lá, a hora agora é para falarmos da montadora de Guangzhou, a sede da empresa é em Guangdong, a província mais populosa do país, na região costeira no sul da China, costa norte do Mar da China Meridional, cuja capital é Guangzhou, que empresta o nome à montadora. Foi fundada em 1955, e é uma estatal chinesa – agora com capital aberto na Bolsa de Valores de Xangai – que faz parte da holding Guangzhou Automobile Industry Group empresa conta, em sua história, praticamente a mesma série de fusões com outras montadoras e joint-ventures, e hoje é dona das subsidiárias Denway Motors Ltd, Changfeng e Gonow, é proprietária das marcas Aion, Trumpchi e Hyptec, e mantem as joint-ventures GAC-Honda, GAC-Toyota e GAC-Hino. Todas estas marcas e nomes/versões de seus modelos são aplicadas no mercado interno chinês, enquanto aos mercados internacionais a montadora os apresenta apenas como GAC. A empresa anunciou o desenvolvimento independente de tecnologias-chave, com foco nas baterias de estado sólido, sem cobalto, com baixo teor de cobalto e de íons de sódio, buscando a liderança em baterias totalmente de estado sólido em automóveis até 2026. Não obstante, em novembro de 2023 o GAC Group e a Huawei Technologies Co. Ltd assinaram um acordo de cooperação para criarem, em conjunto, uma nova marca elétrica de ponta, cooperando entre si além no desenvolvimento de produtos, marketing e serviços ecológicos. Não, os chineses não param.

Agora que conhecemos bastante sobre o GAC Group, cujo objetivo é estabelecer cadeia de fornecedores, armazéns para peças de reposição, estabelecer fábricas, centro de pesquisa e desenvolvimento por aqui nos próximos 5 anos, vamos conhecer sua linha de veículos atual e tentar imaginar o que trarão – a combustão, híbridos e elétricos – para nosso país?   

ELÉTRICOS

No mundo elétrico, a subsidiária GAC Aion New Energy Automobile Co., Ltd.GAC produz o modelo Aion, nas versões sedã compacto elétrico Aion S, com 135kW (181cv) e autonomia de 420km, comercializado em outros países como GAC Toyota Leahed iA5 5 GAC Honda Everus EA6; Aion S Plus (ou RT), com 165kW (211cv) e autonomia de 510km; Aion S Max com 180kW (241cv) e autonomia de 510km; o hatchback Aion UT com 100kW (134cv) e autonomia de 650km. Já o Aion LX é um SUV médio com 300kW (402cv), enquanto o Aion V é um crossover com 165kW (221cv) e o pequeno Aion Y, com 100kW (135cv).

Este, aliás, terá grandes chances de ser o carro-chefe de entrada da GAC no mercado brasileiro.

SEDÃ

O sedã médio Empow é produzido em tres versões, GS, GB e GE. Seu motor é um 4 cilindros, 1,5 litros, turbo, com 178cv de potência e transmissão automática de 7 velocidades. Medindo 4.000mm de comprimento, 1.850mm de largura e 1.432mm de altura, tem designe atraente e – como não poderia deixar de ser – é recheado com toda a parafernália eletrônica atual.

O All New G6 é mais um sedã médio, nas versões GB, GE e GL, com motor 4 cilindros 1.5 litros turbo, com  227cv de potência e transmissão automática de 6 velocidades. Suas dimensões são 4,891mm de comprimento, 1.850mm de largura e 1.505mm de altura.

O All New GA8 é o maior dos sedãs, nas versões GB e GL, com motorização 4 cilindros,  2,0 litros, turbo, 251 cv e transmissão automática de 6 velocidades. Este sedã mede 5.003mm de comprimento, 1.868mm de largura e 1.505mm de altura.

Já o GA4 é o irmão-menor da linha de sedãs, sendo oferecido nas versões 150N MT – GB, GE e GL – com transmissão manual e GE e GL com transmissão automática, motor 4 cilindros em linha com 114 cv de potência ou 200T GE, motor 4 cilindros, turbo, 137cv, com transmissão manual e GE, GL e GT com transmissão automática de 6 velocidades. Suas medidas são: 4.692mm de comprimento, 1.805mm de largura e 1.500mm de altura.

SUV

Comecemos pelo GS3 Emzoom, nas versões GS, GB e GL, um SUV que está mais para um Crossover, cujas dimensões são 4.410mm de comprimento, 1.850mm de largura e 1.600mm de largura, para 5 ocupantes, impulsionado por um motor 4 cilindros com 1,5 litros, turbo, 176 cavalos e transmissão automática com 7 velocidades.

O Emkoo é oferecido em duas versões, o 1.5T GS, GE e GL com motor 1,5 litros de quatro cilindros, turbo e 177cv de potência com transmissão automática de 7 velocidades e o 2.0 ATK, GE e GL, com motor 2,0 litros turbo, 138cv de potência e transmissão automática. Suas dimensões são 4.600mm de comprimento, 1.901mm de largura e 1.670mm de altura.

O GS3 Power, com seus 4.350mm de comprimento, 1.825mm de largura e 1.685mm de altura, é produzido nas versões 2WD 1.5TM GS e GB e 2WD 1.5T GDI GS, GB e GB Sport. Todas com motorização quatro cilindros, 1,5 litros, turbo, 163cv e 168cv de potência, sendo o 1.5TM com transmissão manual e o 1.5T com transmissão automática de 6 velocidades.

 O All New GS8 com seus 4.980mm de comprimento, 1.950mm de largura e 1.780mm de altura acomoda 7 pessoas neste GS8, em suas 3 versões, GL, GT e GX, todas contando com tração 4×4, movidos por um motor 4 cilindros 2,0 litros, turbo, com 248cv e transmissão automática de 8 velocidades.

O All New GS4 é oferecido com motoro 4 cilindros, 1,5 litros, turbo, 168cv de potência e transmissão automática de 6 velocidades. Nas versões GS, GB, GE e GL, com seus 4.545mm de comprimento, 1.856mm de largura e 1.700mm de altura, acomoda 5 ocupantes.  

O GS8 é oferecido com motorização 2,0 litros, turbo, 201cv de potência e transmissão automática de 6 velocidades nas versões com tração em duas rodas GL e CL e tração nas 4 rodas nas versões GL e GT. Suas dimensões são 4.835mm de comprimento, 1.910mm de largura e 1.770mm de altura acomoda 7 ocupantes.

O GS5 é produzido nas versões 270AT GS, 270AT GE e 270AT GL, com motorização 1,5 litros, 4 cilindros, turbo, 168cv e transmissão automática de 6 velocidades. Com seus 4.695mm de comprimento, 1,885 de largura e 1.700mm de altura, acomoda 5 ocupantes.

O GS3 é o menor da gama, com seus 4.350mm de comprimento, 1.825mm de largura e 1.655mm de altura, com motorização 4 cilindros 1,5 litros turbo nas versões 150N MT e 150N AT nas versões GS, GB e GE, 114cv e 4 cilindros turbo 2,0 litros turbo nas versões GB e GE com 137cv.

MPV

Inexplicavelmente, este é um segmento pouco explorado no Brasil. Não é por falta de produto, 99% das montadoras, lá fora, produzem veículos desta categoria mas, aqui no Brasil, contam-se nos dedos os modelos à disposição.

A chegada do M6 PRO pode mudar este cenário. Com seus 4.793mm de comprimento, 1.837mm de largura e 1.730mm de altura, acomoda 7 ocupantes. É equipado com motorização 1,5 litros, 4 cilindros, turbo e 176cv, acoplado à transmissão automática de 7 velocidades nas versões GS, GB, GE e GL.

O M8 traz um design na categoria ame-ou-odeie. Mas é potente. Com motorização 2,0 litros, 4 cilindros, turbo, 252cv e transmissão automática nas versões GL, GT e GX, acomoda 7 ocupantes com seus 5.212mm de comprimento, 1.893mm de largura e 1.823mm de altura.

O GN6 é oferecido em duas versões, o 270T GB com transmissão manual, e o 270T GB, GE e Gt Premium com transmissão automática, ambas com 6 velocidades, acopladas a um motor 4 cilindros, 1,5 litros, turbo e 171cv. Suas dimensões são 4.780mm de comprimento, 1.860mm de largura e 1.730mm de altura.

O GN8 encerra a linha de produção da GAC – muitos destes modelos apresentados são Trumpchi, Hyptec e Hycon, marcas pertencentes ao grupo e comercializadas internacionalmente apenas como GAC. O modelo é oferecido nas versões GE, GL, GT e GP, todas com motorização 2,0 litros, 4 cilindros, turbo, 201cv e transmissão automática de 6 velocidades. Suas dimensões são 5.066mm de comprimento, 1.923mm de altura e 1.822mm de altura.

Considerações finais

Trazer uma nova montadora para o Brasil não é uma tarefa fácil. Deixando de lado o preconceito nato e todos os tabus que permeiam a mentalidade brasileira, este país tem dimensões continentais. São 26 estados e 5.570 municípios distribuídos em 8.510.000 km quadrados. Implementar concessionárias e rede de assistência técnica é um pesadelo logístico e financeiro porquê, fora do eixo Rio-São Paulo a maioria das cidades ficam a centenas de quilômetros de distância umas das outras, e a manutenção dos carros torna-se um pesadelo tanto para quem compra quanto para quem vende. O próprio mercado interno não tem capacidade de absorver tamanha abundância de marcas, modelos e versões, nosso poder de compra está se derretendo nos dois últimos anos e vai piorar. A importação envolve uma tributação inimaginável, e sua produção local tem um custo tão elevado que torna praticamente inviável, financeiramente, montar – ou comprar – uma planta para produzir no Brasil. Importar em regime CKD ou SKD não refresca em nada, uma vez que o atual governo já avisou que sobretaxará este tipo de operação.

Certamente a GAC não trará, ao menos de imediato, sua vasta gama de modelos, possivelmente irá introduzindo um a um de cada segmento. Para concorrer com suas compatriotas chinesas e as já tradicionais montadoras nacionais que, em alguns casos, preferem importar à produzir seus veículos por aqui. Nosso mercado interno não é rico, e com as atuais medidas econômicas vender carro 0km será cada dia mais difícil. Nenhuma montadora, seja lá onde for sua sede, se aventura a operar em um país em virtude de sua simpatia ou antipatia pelo Presidente da República, tudo se resume a números, negócios e renda. Algumas, subsidiadas por seus governos, chegam com centenas de veículos, vendem uma ínfima fração, amargam um estoque gigantesco se deteriorando e, para piorar, não tem peças de reposição para as poucas unidades comercializadas, o que aumenta a desconfiança do consumidor em marcas pouco ou nada conhecidas.  

A não ser que seu objetivo seja produzir para exportar, será uma dura batalha à ser enfrentada pelo Gac Group sobreviver em nosso país. Desejo-lhe sorte!   

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