Desde o seu lançamento, a VW Amarok sempre correu por fora na disputa das picapes médias. Essa não deixa de ser uma injustiça com essa belíssima picape, que ficou ainda mais bela após o discreto facelift. Por sinal, essa versão Extreme capricha no apelo visual, com rodas aro 20 e essa apaixonante pintura Azul Ravenna. É fato que os pneus 255/50 R20 não foram feitos para o off-road, mas a julgar pelas qualidades da Amarok Extreme, essa é uma picape que tende a encarar seus maiores desafios ao transpor aguaceiros em um dia de chuva na cidade.
A Amarok se diferencia das outras picapes médias por ser aquela que se aproxima mais de um carro de passeio do que as outras, seja no interior ou no seu comportamento dinâmico. Debaixo do capô, ela utiliza um motor 2.0 16V diesel de 4 cilindros, que conta com o auxílio de dois turbos, gerando 180 cv @ 4.000 rpm de potência e 42,8 kgfm @ 1.750 rpm, tudo isso orquestrado por uma transmissão automática de 8 velocidades (com trocas sequenciais) e tração integral 4Motion que atua sob demanda.
Se não é um propulsor capaz de fazer a Amarok acelerar com brutalidade, os 10,2 s obtidos no 0-100 km/h mostram que há força adequada para lidar com seus 2.073 kg de peso. E para quem achar que falta força, especialmente para carregar mais 1.017 kg na caçamba, em breve a Amarok virá com um motor V6 3.0 diesel, que rende até 224 cv e 56,1 kgfm de torque. Já voltando aos números do motor 2.0, o consumo não foi dos melhores: 8,2 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada.
Conforto acima da média
Do lado de dentro, impressionam os bancos ergoComfort e suas proeminentes abas laterais. Fechando-se os olhos, você irá se sentir em um Golf, e tal sensação persistirá ao se verificar quão amplos são os ajustes de bancos e volante. Retrovisores externos são eficientes, a câmera de ré traseira cumpre seu papel (exceto em dias chuvosas, aonde tem sua visão prejudicada pela água) em conjunto com os sensores de estacionamento, mas manobrar uma picape de 5,25 m de comprimento requer paciência, em especial com o diâmetro de giro de 12,9 m.
O nível de equipamentos é apenas adequado para uma picape de R$ 178.990, mesma faixa de preço das concorrentes Chevrolet S10 High Country e Toyota Hilux SRX. Ela conta com ar-condicionado digital de duas zonas, bancos em couro, sensores de chuva e crepuscular, central multimídia Discover Media, seis airbags e controles de tração/estabilidade, mas fazem falta itens adicionais de conforto e segurança, como cruisecontrol adaptativo, assistente de frenagem e assistente de manutenção em faixa de rolamento.
Seu espaço interno é muito generoso na dianteira, para pessoas de qualquer estatura, mas na traseira falta espaço para as pernas de pessoas mais altas. Na caçamba, viajam até 1.200 litros, com direito a uma pintura especial que evita riscos e dispensa o uso de uma capota marítima. Há inúmeros ganchos para fixação de carga e a tampa da caçamba não tem peso excessivo.
Nem parece picape
Rodar com a Amarok na cidade é um exercício de paciência devido ao seu tamanho, que dificulta a sua agilidade, mesmo com as respostas rápidas do motor. Procurar vagas na rua ou em shoppings requer tempo e dedicação, e me fez pensar como cada vez mais pessoas escolhem picapes médias para o uso diário. Em compensação, a Amarok ignora qualquer buraco ou lombada sem reclamar, e a posição de dirigir elevada passa sensação de segurança no caos urbano. Mesmo com a caçamba vazia, não há sensação de desconforto excessivo com a oscilação da carroceria.
Já na estrada a Amarok se torna uma ótima companhia. Suas acelerações e retomadas são eficientes, a frenagem é boa (mesmo com tambores na traseira) e o equilíbrio dinâmico da Amarok deixa a maioria das picapes médias com inveja. Suas suspensões possuem ótima calibragem, a direção tem peso correto e a picape copia as curvas com louvor, mesmo entrando mais forte. Seu câmbio de 8 marchas é rápido e preciso, seja no modo Drive ou no modo sequencial. Dirigir a Amarok na estrada te faz desejar que o caminho seja mais longo do que realmente é.
Para o fora de estrada a picape conta com seletor “off-road” no painel, que bloqueia o diferencial traseiro, ativa o assistente de descida em rampas, muda o comportamento do ABS e inclusive efetua as trocas de marcha em regimes mais altos quanto o câmbio está em D, suprindo a ausência de uma reduzida. Mas é fato que essa Amarok Extreme não é a versão certa para encarar caminhos ruins, pelo menos não com as rodas e pneus originais. Fora isso, é uma belíssima picape.
*Ficha técnica:
Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V, biturbo
Cilindrada: 1968 cm3
Combustível: diesel
Potência: 180 cv a 4.000 rpm
Torque: 42,8 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Direção: hidráulica
Suspensão: duplo triângulo (d) e eixo rígido com molas de lâminas (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: integral (4MOTION) com bloqueio mecânico do diferencial traseiro
Dimensões: 5,254 m (c), 1,944 m (l), 1,834 m (a)
Entre-eixos: 3,097 m
Pneus: 255/60 R18 (Opc.: 255/55 R19)
Caçamba: 1.280 litros/1.134 kg
Tanque: 80 litros
Peso: 2.036 kg
0-100 km/h: 10s9
Velocidade máxima: 179 km/h
Consumo cidade: 8,9 km/l*
Consumo estrada: 9,2 km/l*
Emissão de CO2: 220 g/km
Com etanol: não é flex
Nota do Inmetro: E*
Classificação na categoria: C (Picape)*
*dados do modelo 2016
*Dados do fabricante
Por Marcelo Silva