Há duas versões de acabamento disponíveis para a Fiat Toro: Freedom e Volcano. Enquanto a versão Volcano, mais completa, pode vir equipada apenas com motor 2.0 turbodiesel e câmbio automático de 9 velocidades, a versão Freedom é mais democrática, pelo menos na motorização, com opção de motor 1.8 Flex aspirado ou motor 2.0 turbodiesel. A versão Freedom Flex você já conhece, pois já testamos aqui, e o mesmo vale para a Volcano, que também já testamos, então resta apenas a versão Freedom com motor 2.0 turbodiesel e câmbio manual, que você confere nos parágrafos abaixo.
A versão Freedom com motor 2.0 e câmbio manual é uma boa opção para quem precisa de força adicional e mais capacidade de carga, mas não precisa (ou não pode) arcar com os custos da versão mais cara. A partir de R$ 97.270 (com tração 4×2) ou R$ 105.570 (tração 4×4), é possível desfrutar do motor 2.0 turbodiesel que gera170 cv @ 3.750 rpm de potência e 35,7 kgfm @ 1.750 rpm de torque. É tanto torque em baixa que deixa a Toro um pouco indócil no uso urbano, especialmente devido à embreagem pesada, que requer um tempo para adaptação.
Do lado de dentro o visual da versão Freedom não desaponta, embora faltem os materiais mais refinados vistos no Renegade. Os bancos em couro e teto solar opcionais dão outra vida ao interior, mas encarecem bastante a conta no final. Para estacionar uma Toro Freedom 4×4 com os mesmos itens dessa versão que testamos (bancos em couro, teto solar, pneus com rodas aro 17, kit techno, kit safety, kit pleasure), não espere nada menos do que R$ 126.256. É um pouco caro, então requer que os opcionais sejam cuidadosamente selecionados.
Manobras radicais
Há um bom espaço dentro da Toro, aonde quatro ou cinco adultos de estatura mediana viajam bem em todos os bancos, e a posição de dirigir é muito superior ao encontrado em picapes médias ou até mesmo na semi-concorrente Renault Oroch. A coluna de direção possui regulagem em altura e profundidade, enquanto o banco possui amplas regulagens, e se não fosse pela altura elevada de rodagem, a posição de dirigir é superior à encontrada em muitos sedãs.
Manobrar a Toro é um pouco complicado, tanto pelo diâmetro de giro exagerado (12,9 m) quanto pela embreagem um pouco dura com dificuldade de modulação. Com isso, o carro se movimenta em saltos até que o motorista pegue o jeito. Na prática, a Toro parece maior do que é, embora os sensores de estacionamento e câmera de ré estejam lá para ajudar um pouco.
Em movimento, no trânsito urbano, novamente a embragem joga contra o conjunto da Toro, tornando cansativo o manejo da picape no anda-e-para durante um engarrafamento. Uma pena, pois o ótimo torque em baixa garante acelerações vigorosas, enquanto o conjunto de suspensão dela é bem mais amigável do que o encontrado em picapes médias. Em suavidade de suspensão, ela perde para a Oroch e para a Toro Flex, mas comparada a uma S10, por exemplo, essa Toro parece uma limousine. O motor diesel é um pouco ruídoso, e o barulho de caminhão é constante, mas em compensação seu consumo é comedido: 9,5 km/l.
Disposição sem limites
Já na estrada o convívio com a Toro muda completamente de figura. Se a versão automática já era interessante, com câmbio manual se torna ainda mais agradável viajar com a picape. Não importa a marcha engatada, sempre haverá força. O câmbio possui engates suaves e precisos, enquanto a direção tem boa calibragem e a dinâmica é muito boa, e em curvas lembra mais um carro de passeio do que uma picape com capacidade de carga de 1 tonelada. Seus freios atuam de forma correta, sem sustos. E, na estrada, o ruído do motor não incomoda tanto, e os ouvidos sofrem pouco com ruídos de rodagem ou de vento. Apenas em velocidades mais altas há um ruído forte de vento vindo do teto solar, mesmo fechado, e talvez seja um problema pontual da versão testada. Quanto ao consumo, fez ótimos 15,2 km/l em uma viagem de São Paulo ao Rio.
No fora de estrada, o câmbio manual permite melhor controle na saída de atoleiros, graças à possibilidade de usar a embreagem para subir giro, por exemplo. No geral, ela conta com os mesmos recursos da versão automática, como seletor de tração integral ou reduzida e controle de descida em rampa. Testamos a Toro em um fora de estrada leve e sua suspensão mostrou ter bom curso para enfrentar terrenos mais castigados.
De forma geral, a Toro Freedom Diesel com câmbio manual é uma boa versão intermediária, que satisfaz bem quem procura a força maior do diesel com a possibilidade de orquestrar o motor da forma que desejar. Mas na prática o carro é um pouco caro, e no portfolio de versões da Toro faz falta mesmo uma versão 1.8 Flex com câmbio manual, que tornaria a picape mais acessível. Em contrapartida, uma Toro de entrada com preço mais baixo canibalizaria vendas da Strada Adventure, que completamente equipada pode passar dos R$ 80.000. Em resumo, a Toro com câmbio manual é uma boa pedida apenas para quem gosta de trocar marcha, e querem desfrutar dos bons predicados oferecidos por qualquer Toro.
*Ficha técnica:
Motor/Performance
Motorização: 2.0
Alimentação Diesel common rail
Combustível Diesel
Potência (cv) 170.0
Cilindrada (cm3) 1.956
Torque (Kgf.m) 35,7
Velocidade Máxima (Km/h) 188
Tempo 0-100 (Km/h) 9.5
Consumo cidade (Km/L) N/D
Consumo estrada (Km/L) N/D
Dimensões
Altura (mm) 1686
Largura (mm) 1844
Comprimento (mm) 4915
Entre-eixos (mm) 2990
Peso (kg) 1788
Tanque (L) 60.0
Porta-malas (L) N/D
Ocupantes 5
Mecânica
Câmbio Manual de 6 marchas
Tração 4×4
Direção Elétrica
Suspensão dianteira Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira Suspensão tipo multibraço e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Freios Dois freios à disco com dois discos ventilados.
*Dados do fabricante
Por Marcelo Silva