Honestidade. Esta é a principal qualidade do Honda Fit, qualquer um deles, mas quando falamos da versão topo de linha EXL, a honestidade se funde com um pouco (bem pouco) de luxo e resultam em um conjunto bem interessante. E se a honestidade pudesse ser comprada, quanto será que ela iria valer? Bem, no caso do Fit EXL, seu preço é de salgados R$ 73.900. Será que vale à pena? Vamos descobrir nas linhas abaixo.
O visual do Fit ganhou ares mais musculosos em sua nova geração, que por sinal, já está em sua meia-vida. Deixou o estilo Pokémon-urso panda de lado e ganhou vincos, volumes e uma imponência típica de quem começa a cultivar as primeiras veias saltadas na academia. Do lado de dentro seu visual agrada de forma similar, com belos bancos de couro e um painel moderno, com bons encaixes e visual sedutor.
Já sua mecânica é encabeçada pelo bom e velho 1.5 16V, que rende até 115/116 cv @ 6.000 rpm de potência e 15,2/15,3 kgfm @ 4.800 rpm de torque (gasolina/etanol). Sua cavalaria é domada por uma transmissão CVT que não simula 7 marchas como no City EXL/HR-V EXL, mas se entende bem com o propulsor e possui os modos “S” e “L” que ajudam quando o relevo da estrada varia entre subidas e descidas. Não são números expressivos, ainda assim dão conta dos 1.101 kg do carro sem dificuldades.
A habitabilidade do carro é o seu ponto alto. No banco traseiro, há espaço para três adultos de estatura normal viajarem com conforto, e o porta-malas de 363 litros é bem amplo e acaba parecendo maior. E o carro não abusa das dimensões, são 3,99 m de comprimento, 1,69 m de largura, 2,53 m entre os eixos e 1,53 m de altura, ou seja, dimensões de hatch compacto. E os engenheiros da Honda aproveitaram o máximo esse espaço, com direito ao sistema ULTRa SEAT, aonde os bancos traseiros podem se dobrar no formato canivete ou formar um compartimento de bagagem plano caso sejam rebatidos.
Sua coluna de direção é regulável em altura e profundidade, e o banco do motorista pode ser regulado para agradar desde fãs de carros altinhos aos que preferem dirigir com o traseiro perto do asfalto. E somando-se isso aos amplos retrovisores e à câmera de ré, a visibilidade do Fit é ótima tanto para manobrá-lo quanto para guiá-lo em meio à selva urbana. Além disso, os comandos estão todos à mão e são fáceis de localizar e utilizar.
Mas é utilizando o Fit que começamos a sentir falta de alguns itens, como ar-condicionado digital ou sensores crepuscular/de chuva. Tudo bem que ele entrega 4 airbags, mas há carros mais baratos que entregam 6 ou mais airbags hoje em dia e, além disso, a presença de uma central multimídia é quase mandatória hoje em dia, ainda mais em um carro tão caro. Isso sem falar dos controles de tração e estabilidade, que pelo jeito só virão na próxima geração.
Em movimento o carro agrada, especialmente pelas boas respostas do conjunto motor-câmbio, e o conforto dos bancos somado à boa posição de dirigir ajudam na tarefa de encarar longos engarrafamentos. A paixão só diminui quando a suspensão durinha acusa o asfalto crocante ou quando o carro pula bastante quando colocamos peso sobre seu eixo traseiro. Esse é o preço pago para estabilizar uma carroceria meio alta para um compacto, e os pneus 185/55 R16 pouco fazem para amenizar o desconforto causado pelos buracos. Na cidade, o carro faz 9,5 km/l de gasolina com trânsito pesado.
Já na estrada aquela mesma suspensão durinha agrada bastante, deixando o carro bem estável e comunicativo para um modelo familiar. No limite o subesterço é controlado sem dificuldade, mas isso não é justificativa para esse carro não contar com ESP. Seus freios são bem dimensionados, mesmo sem os discos traseiros da geração anterior, e o desempenho do conjunto motriz é suficiente para garantir ultrapassagens seguras bem como para acompanhar o ritmo do trânsito com os limites de velocidades vigentes em nossas estradas. Seu rendimento rodoviário fica na média de 14,8 km/l de gasolina.
E depois de tudo isso que acabamos de ler, será que o valor cobrado por esse carro vale à pena? Bem, depende de como consideramos o Fit. Se ele for considerado um hatch compacto premium, fica difícil competir com Ford New Fiesta Titanium, Peugeot 208 Allure ou até mesmo o Hyundai HB20 Premium, mesmo com seu espaço interno e toda a sua praticidade. Mas se considerarmos ele como uma pequena minivan, seu único concorrente é o Fiat Idea e, desse italiano, o japonês ganha de lavada.
*FICHA TÉCNICA:
Motor/Performance
Motorização: 1.5
Alimentação Injeção multi ponto
Combustível Álcool Gasolina
Potência (cv) 116.0 115.0
Cilindrada (cm3) 1.496 N/D
Torque (Kgf.m) 15,3 15,2
consumo cidade (Km/L) 8.3 12.3
Consumo estrada (Km/L) 9.9 14.1
Dimensões
Altura (mm) 1535
Largura (mm) 1694
Comprimento (mm) 3998
Entre-eixos (mm) 2530
Peso (kg) 1101
Tanque (L) 46.0
Porta-malas (L) 363
Ocupantes 5
Mecânica
Câmbio CVT
Tração Dianteira
Direção Elétrica
suspensão traseira Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo independente e molas helicoidal.
Freios Dois freios à disco com dois discos ventilados.
*Dados do fabricante
Por Marcelo Silva