No meio automotivo, as marcas generalistas sempre criam muitas versões para os carros destinados a grandes volumes de venda. Não há mistério na estratégia: quanto mais opções na linha de produção, maior a capacidade de atrair consumidores diferentes. Foi assim que a Volkswagen manteve o Gol no topo da lista dos mais emplacados no Brasil durante 27 anos – até perder, em 2014, o posto para o Fiat Palio. E repete o feito com seu atual carro de entrada, o Up, oferecendo diversas configurações. As mais recentes vieram com o novo motor 1.0 TSI, o único turbo 1.0 produzido atualmente no país. E, apesar de não ser exatamente a versão mais cara, posto ocupado pela Speed Up, é a Red Up TSI – junto com a White e a Black – a que melhor expressa a característica que a fabricante alemã mais tenta embutir no marketing do compacto: a de veículo jovem e despojado.
As configurações Red, White e Black Up, ao lado da topo de linha Speed Up, são comercializadas apenas com a motorização mais forte do Up. O 1.0 TSI ganhou, com a inclusão do turbocompressor, 28% na potência e expressivos 62% de torque em relação aos modelos 1.0 aspirados. Enquanto o motor de entrada rende 76/82 cv a 6.250 rotações e 9,7/10,4 kgfm de torque a 3 mil rpm, quando abastecido com gasolina e etanol, respectivamente, sua versão mais “nervosa” entrega 101 cv e 105 cv com os mesmos combustíveis. O torque passou para 16,8 kgfm tanto com gasolina quanto com etanol. Já a transmissão é sempre manual com cinco marchas e há controle eletrônico de tração – mas não existe controle de estabilidade, que é de série na Europa.
A novidade sob o capô é para aumentar o desempenho do carro não apenas nas ruas, mas também nas vendas. A expectativa é que o novo propulsor incremente os emplacamentos do modelo em cerca de 20% e se estabilize na faixa de 30% de share em toda a gama comercializada – mas não há uma precisão ainda de quanto dessa faixa ficará com as versões “coloridas” Red, White e Black Up. Um dos trunfos das opções com TSI no nome e no capô é a diferença de preço entre as configurações aspiradas e as turbinadas, que é de menos de 10% do valor do veículo – exatos R$ 3.100.
Esteticamente, o Red Up TSI não tem tantas diferenças em relação ao modelo que era vendido com motor aspirado. A cor da carroceria segue vermelha e está presente ainda nas rodas de liga leve e no console central do carro. Mas, além dos 4 cm a mais de comprimento das configurações TSI – passa de 3,60 metro com motor MPI para os 3,64 m para receber o novo motor –, a tampa do porta-malas é escurecida sempre que a potência é maior. De resto, só mesmo a sigla “TSI” na traseira.
A lista de itens de série segue bem completa. Exceto pelo sistema “Maps & More”, que agrega GPS e informações do computador de bordo do carro em uma tela acoplável ao console central, o Red Up sai da fábrica com tudo que o compacto pode ter. Isso inclui o ar-condicionado, direção e trava, retrovisores e vidros dianteiros elétricos, rádio com CD e MP3, alarme, sensor de estacionamento traseiro, faróis e lanternas de chuva, alarme e chave canivete com comando de abertura das portas. Por esse pacote, a Volkswagen pede R$ 48.690. O valor sobe para R$ 50.206 completo, com a central multimídia de tela destacável no centro do console frontal.
O fato de ser um modelo turbinado e extremamente econômico – segundo o InMetro, a média com gasolina no tanque é de 13,8 km/l e 16,1 km/l na cidade e na estrada, respectivamente – são pontos a favor do modelo. As versões TSI do Up parecem tentar invocar uma personalidade de “fun car” ao compacto – e, de fato, conseguem. E 30% de share dividido entre nada menos que sete versões com o propulsor novo – Red, White, Black, Speed, Move, High e Cross Up TSI – pode ser uma projeção que se concretize. Afinal, em períodos de crise, são justamente as configurações mais caras que menos sofrem com as quedas de vendas.
por Márcio Maio
Auto Press