Por que a Niely deixou Nova Iguaçu

Por Jaquez Kepalz

população de Nova Iguaçu certamente está muito triste com essa noticia. Além de não trazer um sequer botequim para se instalar na cidade, o prefeito Rogerio Martins Lisboa deixou a Niely do Brasil ir embora para São Paulo.
A empresa declarou a um jornal carioca que faltou “crescimento sustentável” e “otimização industrial”. Ou seja, em tempos de tempestade financeira pela qual atravessa o Brasil, a indústria de cosméticos não teria recebido, por parte da prefeitura, incentivos fiscais ou de outras naturezas, para permanecer na cidade.
É como se, no comando da cidade, tivesse alguém se divertindo ou brincando de governar.
Com mais de 520 km², no território de Nova Iguaçu cabem países como o do Vaticano, Mônaco, Nauru, Tuvalu, San Marino, Liechtenstein e Uruguai juntos. E ainda sobra espaço.
Porém, nesse chão de gentílico iguaçuano tem um governo que não se dá conta do tamanho e da importância da cidade em que governa, apesar dos seus mais de 796 mil habitantes. E que, deste universo, tem pouco mais de 100 mil pessoas empregadas (13.6% da população).
Esse percentual de empregados, que ainda é muito pouco, para tristeza de tantas famílias, será reduzido em mais de mil trabalhadores que a Niely poderá deixar para trás. Aliás, dentre os novos desempregados estarão alguns dos 300 mil evangélicos, dos 200 mil católicos ou dos 30 mil espíritas, além dos de outras religiões, que habitam na cidade.
Uma localidade que registra 14.96% de óbitos a cada mil nascidos e que tem apenas 57.9% de arborização, não deveria dispensar recursos, como os impostos da Niely ou de qualquer das 367 empresas de maior porte instaladas na cidade. Esses recursos contribuiriam para melhorar a qualidade de vida e saúde da população.
Lembro-me de quando ainda morava na região e circulava entre Mesquita e Nova Iguaçu. Descobri, recentemente, que Mesquita, em menos de três, cresceu muito em serviços públicos e tecnologia.
E Nova Iguaçu, entre os anos de 1996 a 2015, ganhou a Estação Aduaneira do Interior (EADI), supermercado Carrefour, dois shoppings, os atacadões Makro e Assaí, a Bio Brilho, hotéis, apart hotéis, flats, restaurantes sofisticados e lojas de departamento.
Agora parece que o avanço de Nova Iguaçu, que representa o 9º polo de consumo do país (ou representava), deu lugar ao retrocesso e ampliou a política do “jeitinho” e do loteamento político dos serviços públicos, tergiversando a gestão inteligente, para a qual o mundo caminha e o Brasil aprimora.
O governo Rogério Martins Lisboa, a quem muita gente de Nova Iguaçu, apesar de decepcionada, atribui uma boa criação, lamentavelmente, caminha para o obscuro e precisa encontrar a direção do desenvolvimento.
A Niely segue o pensamento econômico dos grandes centros de comércio mundiais. Tanto que anunciou o contrato de uma consultoria para tentar recolocar os demitidos no mercado de trabalho. Pois a empresa já anunciou que até o final do terceiro trimestre deste ano estará com seu parque industrial totalmente instalado em São Paulo.
Ao contrário do que deve pensar o prefeito de Nova Iguaçu, gestão não é brincadeira, não é diversão.

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