Ronnie Lessa, preso pelo assassinato de Marielle Franco, é indiciado por tráfico internacional de armas

A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) do Rio de Janeiro indiciou o policial militar reformado Ronnie Lessa pelo crime de tráfico internacional de armas. A decisão também vale para a filha de Lessa, Mohana Figueiredo. Lessa está preso por envolvimento nos homicídios de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes desde março de 2019.

Segundo o delegado titular da especializada, Marcus Amim, Lessa traficava peças de armas da China desde 2014. As peças eram compradas pela internet e encaminhadas para os Estados Unidos, onde Mohana morava e trabalhava como treinadora de futebol. Ela era responsável por trocar as embalagens originais e a identificação do material, para enganar a fiscalização aeroportuária e facilitar a entrada das peças no Brasil. No Rio de Janeiro, Lessa montava as armas e as vendia para traficantes e milicianos.

Segundo portal “G1”, a Desarme encontrou no celular de Lessa, apreendido no dia da prisão dele, conversas com a filha nas quais eles combinaram como seria feito o envio das peças e quais estratégias deveriam ser tomadas para burlar a fiscalização. Em uma das mensagens, ele manda Mohana usar o termo “peças de borracha” para identificar o material. Em outra, Lessa pede que a filha faça a postagem da mercadoria “sem nota” e escreva “plastic block [placas plásticas]” na embalagem, colocando “como valor o preço da taxa de correio”.

O policial reformado começou a ser investigado pela atividade ilegal quando foram encontrados 117 fuzis incompletos na casa de um amigo dele no mesmo dia em que foi preso. Segundo a Civil, as peças eram falsificadas, mas tinham o mesmo potencial destrutivo de uma arma original. O material foi avaliado em R$ 3,5 milhões.

Bens bloqueados

Em março, a Justiça do Rio bloqueou os bens de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, também acusado de envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson. De acordo com investigadores, o patrimônio de Lessa, encontrado em duas investigações, não é compatível com a renda de um policial reformado, que é de R$ 7 mil.

Entre os bens de Lessa apreendidos pela Justiça, estão: uma casa no condomínio Vivendas da Barra — onde o presidente Jair Bolsonaro também mora — e que está avaliada em mais de R$ 1,2 milhão; um terreno no condomínio Porto Galo, em Angra dos Reis, que foi adquirido por mais de R$ 500 mil; um sítio em Mangaratiba, avaliado em R$ 300 mil; uma lancha que custa cerca de R$ 450 mil; um veículo de luxo de R$ 70 mil. além do dinheiro encontrado na casa de Ronnie (R$ 61 mil) e outros R$ 50 mil achados na casa dos pais de Lessa.

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