Desprincesamento: apoderamento para as meninas

01-questao-de-generoA maioria das meninas cresce amando princesas e muitas gostariam de ser uma delas.  É obvio que essa ilusão de princesas frágeis e em busca de um príncipe encantado não aparece na cabeça das pequenas do nada, mas sim do reflexo da sociedade que ainda conserva o sexismo.  Para quebrar padrões de gênero, o Escritório de Proteção de Direitos da Infância de Iquique, no Chile, resolveu inovar: criou um seminário de “desprincesamento”.

A iniciativa é direcionada para meninas entre 9 e 15 anos da idade. “Buscamos dar a elas ferramentas para que cresçam como meninas livres de preconceitos, empoderadas e com a convicção de que são capazes de mudar o mundo, e que não precisam de um homem do lado para isso”, explica o coordenador do Escritório de Proteção de Direitos da Infância do município, Yury Bustamante.

As aulas são desenvolvidas em seis módulos na Casa de Cultura da cidade, há debates, aulas de defesa pessoal, cantorias e atividades manuais. Tudo com o objetivo de que as meninas reflitam sobre o conceito de ser mulher, beleza e felicidade, sem que haja um “príncipe” (ou uma “metade da laranja”, “alma gêmea”, “tampa da panela”) embutido nesse conceito.

A finalidade do ensino é discutir as questões legitimadas pelos contos de fadas e pelos filmes clássicos da Disney, entre outros temas. Bustamante, em declarações para a imprensa latina, disse que deseja “abrir espaços de discussão com as meninas sobre desigualdade de gênero, mas com elementos que elas possam identificar, para que elas tenham uma oportunidade de incorporar outros elementos na construção de sua identidade como meninas”.

O Escritório de Proteção de Direitos da Infância de Iquique  promove oficinas mistas onde debates questões de gênero desde 2004. De acordo o site Faktoria Lilá, a Oficina de Desprincesamento nasceu de uma necessidade e urgência reais. Tudo começou após um terremoto de 8,2 graus atingir a cidade, em 2014. Com o desastre, mais de 400 famílias perderam suas casas e precisaram ser alojadas em acampamentos de emergência, onde índices de vulnerabilidade e abuso sexual de meninas são altos. Com o desafio de mudar a realidade das meninas que viviam nestes locais, surgiu a oficina, inspirada em um projeto dirigido a mulheres adultas em Bilbao, na Espanha.
Bem que essa ideia poderia ser difundida aqui no Brasil e transformada em realidade. Seria uma boa maneira de empoderar as pequenas desde cedo, ampliando as possibilidades do que é ser menina e estimulando a reflexão do papel da mulher na sociedade. Além é claro de desmistificar o conceito de beleza e felicidades femininas, descontruindo o mito do amor romântico e destacando que não é somente ao lado de um homem que a mulher pode ser feliz.
Por Ana Paula Moresche

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