Estudo diz que cinco mulheres são estupradas por hora no Brasil

questao-de-generoCinco mulheres são estupradas por hora no Brasil. Somente em 2015, foram notificados 45.460 casos, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal. O dado alarmante foi divulgado no início deste mês de novembro pelo 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o estudo, uma notificação de estupro é registrada a cada 11 minutos e 33 segundos no país. Para este levantamento foram contabilizados os casos denunciados, mas a realidade é bem mais aterrorizante. Pesquisa do órgão norte-americano  National Crime Victimization Survey (NCVS) afirma que, no mundo, apenas 35% das vítimas de estupro denunciam o caso.
Levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada) revela que, no Brasil, esse índice é de apenas 10%.“O crime de estupro é aquele que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo, então é difícil avaliar se houve de fato uma redução da incidência desse crime no país”, disse a diretora executiva do Fórum, Samira Bueno.
Em números absolutos o estado com maior número de casos foi São Paulo, que corresponde por 20,4% dos estupros no país com 9.265. Em seguida fica o Rio de Janeiro com 4.887 registros e Paraná com 4.120.
A nossa sociedade é marcada pela cultura do machismo. Um em cada três brasileiros acredita que, nos casos de estupro, a culpa é da mulher, de acordo com pesquisa Datafolha solicitada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo o levantamento, 33,3% da população brasileira acredita que a vítima é culpada.
Entre os homens, o pensamento ainda é mais comum: 42% deles dizem que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas. A culpabilização da vítima também acontece entre as mulheres, que são as que mais sofrem com o crime: 32% concordam com a afirmação. Para 30% dos homens, a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada.

O Datafolha entrevistou 3.625 pessoas de 217 cidades espalhadas por todo o Brasil. A margem de erro máxima estimada é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento apontou que 65% dos brasileiros temem sofrer algum tipo de violência sexual. O temor é muito maior entre as mulheres e é sentido por 85% delas.

O estupro é um crime subnotificado e pouquíssimos casos resultam em condenação. Acredito que um dos motivos para ser pouco denunciado ocorre por conta da revitimação da vítima, que sofre com julgamentos que a culpam pela violência ocorrida. A revitimização pode ser vista no atendimento na delegacia, no hospital, no judiciário, nas notícias que são escritas focando na vida íntima da vítima e nas falas da sociedade, principalmente na internet.

É importante repensarmos discursos e ações machistas que precisam ser combatidas por todos nós. Um bom exemplo é parar de dividir mulheres entre as boas e as vadias, com base em seus comportamentos, que é uma forma de perpetuar a ideia de que algumas mulheres merecem sofrer violência sexual ou que as personalidades e hábitos das vítimas sejam vistos como justificativa pela violência que sofreram.

Por Ana Paula Moresche

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