Escola usa dança como ferramenta de educação

Lilian Lima, Renata Jordão, Fabiana Silva, Wellington Fraga e Verônica Nogueira exibem o troféu do Prêmio Baixada 2016 Foto: Wanderson Oliveira

Lilian Lima, Renata Jordão, Fabiana Silva, Wellington Fraga e Verônica Nogueira exibem o troféu do Prêmio Baixada 2016
Foto: Wanderson Oliveira

“Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança, mas a paixão que vai na alma de quem dança”. A frase do poeta brasileiro Augusto Branco pode ser lida na sala de dança do Educandário Senhor do Bonfim, no bairro Bonfim, em Japeri, e inspira meninos e meninas que estudam na unidade e fazem aulas de dança. Cerca de 70 alunos praticam modalidades como Ballet, Jazz, Hip-Hop e Zumba, todas integrantes do projeto Grupo de Dança Espaço Alternativo, vencedor do Prêmio Baixada 2016.
A premiação, idealizada e organizada pelo Fórum Cultural da Baixada Fluminense, tem como objetivo valorizar, divulgar, promover e fortalecer as ações de pessoas e instituições que militem na produção cultural e artística, dando visibilidade às melhores atuações em cada segmento e estimulando que estas sejam reconhecidas por todos.
O Espaço Alternativo surgiu em 2008 e também abrange atividades como teatro e esportes, mas foi à dança que despertou maior interesse dos alunos, muito graças a chegada de Renata Jordão, responsável por coordenar o projeto. “Vim para a escola em 2008 e demos início às atividades. Em 2011, fizemos nossa primeira apresentação fora da escola, foi na RioSampa, em Nova Iguaçu, mas sem caráter competitivo. Em 2012, conquistamos nossas primeiras premiações”, recorda a coordenadora.
Naquele ano, as dançarinas do Espaço Alternativo se apresentaram no ConfraterniDance Festival, em Grajaú, onde foram premiadas em três das quatro coreografias apresentadas. De lá para cá, os grupos de dança do Espaço Alternativo conquistaram inúmeros prêmios. E Renata garante que o segredo do sucesso está justamente em eliminar do cotidiano dos alunos de dança a palavra ‘competição’.
“Temos inúmeros troféus, mas nossas meninas saem daqui sem a intenção de conquistar um prêmio. Quando vamos participar de um evento elas não querem saber se há premiação, querem apenas participar. Hoje o Grupo de Dança Espaço Alternativo não é mais anônimo, as pessoas sabem quem somos, temos reconhecimento” comemora.
Além de coordenadora, Renata Jordão é professora de Jazz. Ela conta ainda com o apoio de Fabiana Silva Pinel, professora de Ballet, Wellington Fraga, que dá aulas de Hip-Hop, e Verônica Nogueira, responsável pela Zumba e também aluna de Renata no Jazz. Todos eles são unânimes ao falarem da importância da coordenadora não só para o projeto, mas em suas vidas.
“A ideia do Espaço Alternativo é agregar aos alunos valores morais e éticos. Mas eu, como professora, também aprendi muito com a Renata desde que cheguei aqui, há cinco anos”, afirma Fabiana. “Ela é ligada no 220 volts, não para nunca. É uma inspiração para todos nós”, revela Verônica. “A Renata me convidou para trabalhar com ela e tudo o que faço na minha área é sempre buscando referências no trabalho dela”, conta Wellington.
E foi graças à união de todos eles que o Grupo de Dança Espaço Alternativo foi o vencedor do Prêmio Baixada, na categoria ‘Artes Cênicas’. A conquista não foi fácil, pois foi preciso deixar para trás concorrentes de peso, como Cecília Viegas (Guapimirim), Ballet Municipal Canto do Curió (Paracambi), DRAMA CLUB (Duque de Caxias), Luis Valentim (Nilópolis) e Projeto Teatro dos APAExonados (Magé), todos finalistas. O prêmio foi recebido pela diretora pedagógica do Educandário Senhor do Bonfim, Valéria Resende, no dia 5 de novembro, em evento realizado no Shopping Nova Iguaçu.

De aluna do projeto a bailarina profissional

Aos 17 anos, Lilian Lima já é bailarina profissional e está apta a dar aulas de dança Foto: Wanderson Oliveira

Aos 17 anos, Lilian Lima já é bailarina profissional e está apta a dar aulas de dança
Foto: Wanderson Oliveira

Embora o objetivo principal do projeto Espaço Alternativo seja promover uma atividade que colabore para a agregação de valor e caráter aos alunos, Renata e seus colegas professores conseguiram uma importante vitória. Eles foram fundamentais para que uma jovem aluna do grupo de dança despertasse o olhar para a carreira que decidiu abraçar. Ela é Lilian Lima, de 17 anos, moradora do bairro Marajoara, em Japeri.
“Eu era de uma escola pública, mas mesmo assim o Espaço Alternativo abriu as portas para mim quando eu tinha 9 anos. Comecei dançando Jazz, depois fiz Ballet, Hip-Hop e todos os ritmos que iam surgindo. A tia Renata sempre me incentivou a querer mais e mais, até que entrei para o Sindicato dos Profissionais de Dança do Estado do Rio de Janeiro (SPDRJ), na Tijuca”, conta Lilian.
Foram oito módulos e muita dedicação até que a jovem recebesse um e-mail informando que ela havia sido aprovada no curso. Agora, com o registro definitivo, Lilian é bailarina profissional e já pode dar aulas. Como forma de agradecimento, ela tem ajudado Renata na iniciação de novas bailarinas no projeto da escola.
“A dança me fez evoluir como pessoa, como bailarina e também como filha. É preciso ter dedicação e obediência durante as aulas. E este respeito que eu tenho pelos professores eu levo para dentro de casa. Meus pais me deram muito apoio nesta escolha, pois sabem o quando a dança significa para mim”, comemora.
O Prêmio Baixada 2016 levou muitas alegrias à Renata Jordão e todos os professores, mas certamente a maior vitória do Espaço Alternativo é formar cidadãos de bem e, quem sabe, revelar novos talentos, como a jovem Lilian Lima. São pessoas como ela que confirmam o pensamento de Augusto Branco: o que faz a dança não é o ritmo ou os passos, mas a paixão que vai na alma de quem dança.

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