Copa América: entenda os desafios de Messi para levar a Argentina longe

        Se Messi pudesse escolher um presente de aniversário na seleção da Argentina hoje, talvez pedisse os jogadores do Barcelona. Os desafios do camisa 10 para levar a sua seleção adiante na Copa América vão muito além do gramado dos estádios brasileiros, alvo de críticas do craque após a vitória sobre o Qatar por 2 a 0, na Arena do Grêmio.
– Lamentamos o estado dos campos de jogo para uma competição desse nível. Especialmente o de hoje (domingo). A bola quica muito – disse o craque.
O próximo gramado que espera a Argentina é o do Maracanã. No Rio, a seleção albiceleste encara a Venezuela, pelas quartas de final, às 16h da próxima sexta-feira.
De fato o gramado atrapalha mais a Messi do que jogadores que não necessitam da condução de bola para desenvolver seu jogo. O gol perdido de dentro da área no último domingo se deveu principalmente por um desnível no terreno que fez a bola subir e Messi isolar. Mas há outros fatores que atrapalham mais.

O gramado não justitica, por exemplo, a quantidade de passes errados dos jogadores da Argentina. Simplesmente porque a maioria deles tem sido para o lado, após pressão da marcação adversária. Messi notadamente não sofre tanto para encontrar seus companheiros em boa situação para receber a bola, mas para ele mesmo ser servido custa muito
Segundo estatísticas da Conmebol, Messi acertou 70% dos passes de forma precisa quando estava no campo do adversário. E 77% deles em seu campo. É menos que o colombiano James Rodriguez e o brasileiro Philippe Coutinho, por exemplo. Chutes a gol foram apenas cinco em três jogos do craque argentino.Talvez uma razão seja que na transição da defesa para o ataque da Argentina, o camisa 10 fica posicionado no campo do adversário e precisa vagarosamente recuar para ser encontrado em campo. Quando ele mesmo não passa a linha do meio para auxiliar na construção das jogadas. O desafio do técnico Scaloni tem sido manter Messi maias perto da área adversária para não sacrificá-lo demais e para que ele promova lances de perigo. Só que o cobertor curto da Argentina não oferece opções de meio-campo capazes de conduzir a bola até Messi sem o risco de armar um contra-ataque para o adversário.No jogo contra o Qatar, a preferência era por armar o jogo através das laterais. O trio de volantes, mesmo com dificuldade, fazia a projeção através de tentativas de triangulações que possibilitassem ganho de terreno até a intermediária, onde Messi aparecia. De costas, o camisa 10 fazia um primeiro pivô para gerar o avanço dos demais jogadores e aparecia para, mais perto da área, tentar a penetração ou um passe na diagonal. Mas a dificuldade de seus companheiros em acompanhar o raciocínio e a velocidade das jogadas chamou atenção.
Algumas vezes Messi conseguiu arrancar em direção ao gol do Qatar. Em outras, iniciou as jogadas e aguardou o passe de volta, que não veio. Por pelo menos duas oportunidades o craque se irritou com os companheiros, algo pouco comum. Nota-se a clara sensação em Messi de que não pode cobrar tanto de uma seleção em formação. Ele mesmo também não se “mata” em campo. Raramente volta para a marcação, fecha os espaços de forma discreta, e só acelera quando percebe que a jogada pode ter um resultado efetivo.O técnico Lionel Scaloni deixou claro que pode usar mais homens na frente para dar apoio a Messi, mas que isso vai cobrar um preço na defesa. O jogo com o Qatar mostrou também que não adianta ter três atacantes (Messi, Aguero e Martinez) e cometer erros atrás. A solidez defensiva é desafio maior para o novo técnico do que a produção ofensiva. Com um time mais seguro, Messi fica mais tranquilo para fazer o que sabe de melhor. Se o campo deixar.

foto,UESLEI MARCELINO.

 

 

 

 

 

 

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