Câmara dos Vereadores do Rio vota processo de impeachment de Crivella

             A sessão que discute o processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella está sendo realizada na Câmara Municipal desde as 14h14 desta terça-feira. O painel registra a presença de 30 dos 51 vereadores. Logo no início da sessão, houve um problema no equipamento, que ficou sem funcionar. Crivella deve ter entre 23 e 26votos. O número é suficiente para que Crivella continue no comando da cidade — ele só será afastado se 34 dos 51 vereadores se manifestarem a favor do impeachment. Mas longe de Crivella poder celebrar a vitória e tentar costurar novas alianças pensando nareeleição em 2020, o clima no Palácio Pedro Ernesto ainda é de desconfiança. Entre aliados e na oposição, há quem aposte que Crivella possa sofrer um novo processo ainda em 2019 com base em uma nova denúncia, se não conseguir superar problemas de caixa e captar recursos para investir em obras e na conservação da cidade nos próximo meses.

No início da sessão, houve um pico de luz e o painel chegou a apagar. Apenas uma das galerias está lotada com simpatizantes de Crivella, que se apresentam como taxistas e ambulantes da Central do Brasil. A galeria reservada a populares contrários a Crivella conta com menos de dez pessoas.

Questão de ordem

A sessão começou com uma questão de ordem do líder do governo, Dr. Jairinho, que queria que mais de um advogado fizesse a sustentação oral da defesa de Crivella. O pedido não foi aceito pelo presidente Jorge Felippe (MDB).

Vereadores da base contaram ao GLOBO que, na semana passada, Crivella telefonou pedindo uma espécie de voto de confiança para unir a cidade e sair da crise. Mas o discurso ainda é visto com reservas por parte da base que teme que livre da ameaça de afastamento ele deixe de honrar compromissos políticos com a base.

O primeiro a discursar foi o vereador Paulo Pinheiro (Psol) ,favorável ao afastamento do prefeito.

— O prefeito sequer reconheceu que o processo era irregular. O estranho foi que nas duas últimas semanas vários vereadores mudaram de posição — disse Pinheiro.

Em seguida, discursou a líder do PRB, Tânia Bastos. Ela defendeu que as decisão de prorrogar os contratos de mobiliário urbano que passaram o processo foi regular. E inclusive devem ser mantidos para evitar prejuízos à prefeitura, que teria que ressarcir as empresas. Dois projetos em tramitação na casa propõem que os atos que renovaram os contratos sejam anulados.

— Impeachment é golpe. O prefeito enfrenta um cenário de crise que começou antes do governo dele — disse Tânia.

Relatório alternativo

Em meio à sessão, um grupo de vereadores apresentou em plenário um relatório alternativo que defende a tese que o prefeito deve ser afastado por ter cometido crime de responsabilidade.

“Foi a urgência determinada diretamente pelo prefeito Marcelo Crivella que produziu as irregularidades cometidas por diversos servidores no trâmite do processo administrativo que visava a extensão dos contratos de Publicidade. Neste aspecto podemos perceber nitidamente a tão falada digital de Crivella diz um trecho do documento

Entre os que discursaram, está Fernando William (PDT), que lembrou que Crivella votou em favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff quando era senador. E, na ocasião, disse que Dilma era honesta, mas tinha perdido as condições para governar pelo cenário de crise política e econômica. Seria, disse, algo semelhante ao que ocorre com o prefeito hoje.

— Não acho que o prefeito seja um ladrão de galinha, um ladrãozinho. O prefeito não é ladrão, corrupto. Mas atos como esses (de renovação dos contratos de publicidade) foram irregulares — disse Fernando William.

A sessão já tem uma baixa. Veronica Costa, que em abril votou pela abertura do processo, não está presente. O que se comenta na Casa era que ela teria justificado a colegas que viajou no feriado e não conseguiu chegar a tempo. Em abril, Veronica chamou atenção por uma declaração ao defender a abertura do processo

— Crivella. Você não é homem para mim.

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