Banda tocava última música quando ocorreu chacina em bar de Belford Roxo

Familiares acompanham hoje o velório e sepultamento

A banda de pagode Nosso Grupo estava tocando a última música e o percussionista Jorge Victor da Silva Ribeiro, de 23 anos, já havia pedido um carro, por aplicativo, para ir embora quando homens encapuzados desceram de um automóvel atirando. O músico é um dos quatro mortos na chacina ocorrida na noite de sábado no bar Rei do Peixe, na área central de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O corpo dele está sendo velado na capela B do Cemitério Municipal de Nova Iguaçu. O sepultamento será às 14h30.

A avó do rapaz, Maria da Penha da Silva Ribeiro, de 74 anos, contou que a mulher do neto acompanhava a apresentação do marido com o com o filho do casal, um bebê de seis meses, quando aconteceu o crime. A jovem ainda está muito abalada, mas deve acompanhar o sepultamento.

O músico morreu na véspera do aniversário do filho mais velho, fruto de uma união anterior. O menino completou quatro anos neste domingo e estava programada uma festa para lembrar a data. Para não decepcionar a criança, a família optou por cortar um bolinho pequeno apenas para ele e os amigos.

— Não tive com a mãe dele ainda. Ela sabe (da morte do músico) mas não sei se contou para o garoto. Mas ele deve ter estranhado a falta da família no seu aniversário — relatou Maria da Penha.

A avó do músico contou que a paixão do neto pelos sons surgiu muito cedo. Ainda criança quebrava cadeiras da casa batucando. O primeiro pandeiro ganhou por volta dos 7 anos e nunca mais parou.

Com habilidade em vários instrumentos de percussão, atualmente tocava tantan na banda de pagode. Também era amante do carnaval e apaixonado pelo Salgueiro.

— Todo mundo adorava meu neto. Infelizmente aconteceu essa desgraça. Ele não era de confusão. Seu negócio era a música. Tiraram meu neto de mim — lamentou a avó do rapaz.

A mãe de Jorge Victor, Cláudia Ferreira da Silva, de 50 anos, contou que desde os 13 anos ele já falava que queria ser músico. Ela chegou a incentivá-lo a ser metalúrgico como o pai, mas ele dizia que a profissão não o atraía. Ele tocava percussão e surdo. Além do Nosso Grupo tocava também em outras bandas, como músico de apóio.

— O sonho deve era tocar num grupo grande. Vivia dizendo que o dia que isso acontecesse ia proporcionar uma viagem pra mim e o pai dele, que sempre trabalhamos a vida inteira para criar os filhos. Tudo que eu quero agora é um Brasil melhor. O mundo está com falta de amor. É isso que precisamos — desabafou.

Amigos e parentes compareceram ao velório vestindo uma camiseta branca com a foto do músico e a frase “Descanse em paz”. O vocalista da banda André Lyra, ainda muito abalado, mal consegue falar.

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