Procurador do Estado do Rio é preso em nova etapa da Lava Jato

Segundo a investigação, Renan Miguel Saad recebeu R$ 1265 milhão através da Odebrecht, dentro do esquema do ex-governador Sérgio Cabral, para dar pareceres favoráveis e alterar trajeto da Linha 4 do Metrô

                                                                                                                                    O procurador do estado do Rio Renan Miguel Saad foi preso, na manhã desta segunda-feira, em mais uma etapa da operação Lava Jato. Segundo a investigação, Renan Miguel Saad recebeu R$ 1,3 milhão através da Odebrecht, dentro do esquema do ex-governador Sérgio Cabral, para dar pareceres favoráveis e alterar trajeto da Linha 4 do Metrô. Na época, Saad era assessor jurídico chefe da Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS), nomeado por Cabral.
O mandado de prisão temporária e dois de busca e apreensão foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Os agentes saíram da Superintendência da Polícia Federal (PF), na Região Portuária, pouco antes das 6h. O procurador foi preso em sua residência em São Conrado, na Zona Sul do Rio, e chegou à sede da PF no Rio, na Região Portuária, por volta de 8h30. Além do mandado de prisão, também são cumpridos mandados de busca e apreensão, um no apartamento e outro no escritório dele, no Centro do Rio.

A investigação aponta que Saad era identificado na planilha da Odebrecht como “Gordinho” e os repasses ocorreram entre 2010 e 2012, conforme delação premiada do ex-diretor de contratos da empreiteira, Marcos Vidigal do Amaral.

A investigação aponta que um dos pagamentos foi de R$ 100 mil em espécie e entregue no escritório do procurador, no Centro do Rio. Independente da colaboração do delator, o MPF disse que localizou em uma empresa de manutenção de depósito de documentos, contratada pela transportadora Transexpert, o registro de pagamento realizado no escritório de advocacia de Saad.

O codinome “Gordinho” relacionado ao procurador do Estado foi identificado no sistema Drousys (sistema especificamente destinado para a programação e execução das comunicações internas da Odebrecht relacionadas ao pagamento de propina).
Foram identificados pagamentos nove pagamentos, relacionados à obra da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, a Renan Saad no valor total de R$ 1, 265 milhão, nos seguintes dias e valores: 1) 10/09/2010 – R$ 185.000,00; 2) 24/09/2010 – R$ 100.000,00; 3) 04/11/2010 – R$ 90.000,00; 4) 01/12/2010 – R$ 90.000,00; 5) 08/07/2011 – R$ 400.000,00; 6) 06/10/2011 – R$ 100.000,00; 7) 30/11/2011 – R$ 100.000,00; 8) 16/02/2012 – R$ 100.000,00; 9) 18/04/2012 – R$ 100.000,00.
“A prisão temporária de Renan Saad foi deferida, entre outros motivos, em razão da necessidade de colheita de depoimentos de pessoas subordinadas a Renan, imprescindíveis para apuração de crime de pertencimento à organização criminosa e de lavagem de dinheiro por intermédio do escritório de advocacia do investigado”, disse o MPF.
R$ 880.079.295,18, em 1998, e seu custo foi reajustado para R$ 9.643.697.011,65.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a alteração causou prejuízos para o estado, com a estimativa de gastos passando de R$ 880,07 milhões em 1998 para R$ 9,643 bilhões, com a inclusão de aditivos e comprar de outros materiais. Um dos gastos que fizeram elevar o custo da obra foi a compra do tatuzão para fazer a abertura do túnel da linha 4.
“Há provas da realização de atos de ofício praticados por Renan Miguel Saad, em favor das construtoras ligadas às obras da linha 4 do metrô, em especial no que se refere à mudança do traçado original do metrô e viabilização do pagamento pela aquisição dos equipamentos necessários do TBM (Tunnel Boring Machine) e seus periféricos”, conclui em nota o MPF.
Em nota, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) disse que já apura o caso internamente para a adoção das medidas disciplinares cabíveis e que colabora de modo pleno com as investigações do Ministério Público Federal.
“A PGE-RJ informa ainda que os fatos dos quais o procurador é acusado remontam ao período em que ele estava lotado como assessor jurídico chefe da Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS), nomeado na gestão do ex-governador Sérgio Cabral, cargo do qual foi exonerado em junho 2012”, diz o texto.
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