Criminosos que destruíram terreiro de candomblé diziam ser ‘bandidos de Jesus’

Bandidos invadiram espaço que cultua a religião de matriz africana no Parque Paulista e deram ultimato: terreiro não vai mais abrir e tem que ser esvaziado hoje. O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI)

    Os criminosos que invadiram e destruíram o terreiro de candomblé no Parque Paulista, em Duque de Caxias, na Baixada, nesta quinta-feira, se intitularam “bandidos de Jesus” e deram um ultimato: o espaço não deve abrir mais e ser esvaziado até hoje à tarde. No momento do ataque, a mãe de santo líder do terreiro, uma idosa de 85 anos, estava presente e sofreu várias ameaças sob a mira de uma arma.
Segundo um parente da mãe de santo, que prefere o anonimato temendo represálias, a senhora está a base de remédios e se refugiou na casa de familiares fora do estado do Rio. “Tocaram a campanhia, entraram e começaram a quebrar tudo e ameaçaram, xingaram ela. Uma senhora de 85 anos, com uma arma na cara, é uma falta de respeito”, disse.

Os “bandidos de Jesus” são apontados como traficantes que tomaram conta do Parque Paulista, ligados à facção Terceiro Comando Puro (TCP). Foi a primeira vez que o terreiro, há mais de 50 anos no bairro, sofreu um ataque, apesar das ameaças já existirem. “Eles já fecharam três, quatro espaços religiosos. Estamos ali há 52 anos e nunca passamos por situação parecida. Não vamos voltar, a segurança dela (mãe de santo) em primeiro lugar”, contou o familiar.
O caso foi registrado por uma integrante do terreiro na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) na manhã desta sexta-feira. A especializada faz diligências para apurar as circunstâncias e os responsáveis pelo ataque. A investigação corre sob sigilo.
Líder religioso faz duras críticas à Witzel
O babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), disse que após o registro na DECRADI vai auxiliar os membros do terreiro no encaminhamento do caso no Ministério Público do Rio (MPRJ). O líder religioso fez duras críticas ao governo do estado que, segundo ele, não tem adotado as medidas prometidas durante reunião com o CCIR e o Ministério Público Federal (MPF).
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