Após Taça das Favelas, destaques do Gogó da Ema fecham com grandes clubes

Poucos meses atrás, centenas de garotos do Gogó da Ema, favela do município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, participaram de uma peneira para uma conseguir uma vaga entre os 30 selecionados que representariam a equipe que carrega o nome da comunidade na Taça das Favelas. No último sábado, a equipe conquistou o título da competição sobre o Patativas. O maior prêmio para uma parte desses jovens, contudo, foi a chance de pela primeira despertar a atenção de um grande clube do futebol brasileiro.

Companheiro de ataque de Ronald, eleito craque da competição e contratado nesta segunda-feira pelo Flamengo, Yuri Ventura está de malas prontas para o Paraná, onde assinará com um dos grandes clubes do estado (ele ainda não pode revelar se o destino é o Coritiba ou o Athletico).

— No começo eu estava meio desanimado, porque nunca tinha jogado em um grande clube. Minha única experiência num time profissional tinha sido de cinco meses no Mesquista, então receber essa proposta do foi tão importante para mim quanto ganhar o título. É a maior chance da minha vida — comemora o jovem.

Um dos grandes destaques do Gogó da Ema na final, principalmente graças às defesas que exigiram reflexos rápidos e elasticidade, Marlon Jhonatan, o Mão, está a caminho de um dos quatro grandes do Rio, e espera ser uma inspiração para outros jovens do Gogó da Ema que sonham com o esporte.

— Futebol já é um meio muito concorrido, e quem é da favela precisa superar ainda mais dificuldades, como o preconceito e a violência. Eu realmente espero que nos próximos anos mais garotos daqui possam repetir a nossa história e realizem o sonho de assinar com um grande clube do Brasil. É um momento único para mim.

Portuguesa da Ilha contrata técnico

Apesar do enorme destaque dentro das quatro linhas durante a Taça das Favelas, não são apenas os jogadores do Gogó da Ema que terão a chance em equipes profissionais. O técnico Vinícius da Silva, o Jiló, foi chamado pela Portuguesa da Ilha do Governador para trabalhar nas divisões de base do clube. Atualmente desempregado, Jiló, de apenas 28 anos, teve no Gogó da Ema sua primeira experiência como técnico. Agora, dando orientações na lateral do gramado, ele terá a uma oportunidade que não surgiu quando tentou a carreira de jogador profissional.

— Foi um trabalho totalmente novo para mim. Cheguei já no final da peneira, e vi que muitos meninos não acreditavam que poderiam chegar longe no torneio. Esse título veio para mudar muita coisa na vida deles, mas na minha também. Tentei ser jogador até alguns anos atrás, e sei o quanto é preciso se sacrificar mesmo sem garantia de que as coisas vão dar certo. Essa oportunidade veio num momento muito importante para mim, e mostra que o campeonato abre portas também para profissionais da comissão técnica.

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