Avaliação – Harley-Davidson Sport Glide 107 2019

Uma grande moto da nova plataforma/família Softail, a Harley Davidson Sport Glide 2019, ou FLSB como queiram chamar, uma moto que consegue ser clássica e esportiva ao mesmo tempo. Com boas malas laterais rígidas e uma bela carenagem frontal (morceguinho), comprida e com assento baixo, é uma das mais gostosas Harley´s que já pilotei.

Seu design é excepcional, tem o sangue e a cara da Harley Davidson com uma esportividade que surpreende, a unidade que nos foi cedida na cor “Twisted Cherry” é elegante e única, atrai olhares por onde passa, é um barato ver as pessoas virarem o pescoço. Interessante como as motos levam as pessoas a interação, sempre acaba-se fazendo amigos, moto é vida é emoção.

Uma dois em um, versátil por sua facilidade em se tornar outra moto em segundos, retire as malas e a carenagem em alguns cliques e vai andar com uma nova motocicleta, mesmo montado é fácil abrir as malas, só puxar uma alavanca elas se abrem devagar com auxílio de um amortecedor, para fechar da mesma forma, só subir a tampa e travar a alavanca.

O acabamento é muito minucioso, impecável, tudo no seu devido lugar, cada parafuso, cada peça, cada cabo, os cromados e pretos são lindos, principalmente o do motor, escapamento e rodas, tudo meticulosamente pensado. Confesso que sempre observo cada cantinho, admiro muito que o logo da marca está presente em todo lugar, o do tanque é o que mais gostei totalmente integrado com ao espírito da moto.

Outros itens de série são o farol com LED Daymaker, Lanterna e piscas também em LED porta USB, sistema de ignição sem chave e sistema de segurança Smart Harley Davidson. O painel tem a posição clássica no topo do tanque, com velocímetro analógico e um pequeno mostrador digital com informações de nível de combustível, indicador de marcha, hodômetro total e parcial, relógio e indicador de consumo e RPM. As luzes de alerta (Farol alto, piscas, ponto-morto, baixa pressão de óleo, diagnóstico do motor, iluminação auxiliar, Cruise Control, ABS, segurança, baixa tensão da bateria, baixo nível de combustível) ficam distribuídas ao redor do ponteiro. Única coisa que me incomodou foi ter de abaixar a cabeça para ver as informações, mas pode ser apenas questão de costume.

A Sport Glide é o oitavo modelo lançado em solo brasileiro e faz parte do grande plano da H-D em lançar 100 modelos novos até 2027, tomara que venham todas para o Brasil.  Acomodado na confortável poltrona, digo assento, ligo o motor com um toque no botão e seu rugido lembra um muscle car americano, um Camaro ou Mustang por exemplo, com os pés bem apoiados nas pedaleiras seguimos para as ruas, assim que mergulhei no trânsito a moto me deixou maravilhado, quem diria que com seus 317 Kg seria fácil pilotá-la no meio dos carros, sua frente leve faz com que manobras sejam tranquilas, passa segurança ainda mais que seu assento está a apenas 680mm do solo, claro que tomando cuidado com suas dimensões, limitadas lateralmente pelas malas que acabei não retirando durante o teste, mas que em nada atrapalharam minha condução.

O coração é grande, o Milwakee Eight 107 de 1745cm³ refrigerado a ar, 4 válvulas por cilindro, com o absurdo torque de 14, 88kgf.m a 3.250rpm, fazem a Sport Glide cantar pneu se der mão de uma vez, uma patada bruta. A sua tocada pode ser tranquila, mas o mais gostoso é dar uma cutucada no acelerador e ver o motor respondendo de imediato, nessa hora o sorriso vem da alma. Esse motor melhorou em tudo, ficou mais leve com mais performance e muito elástico. O consumo ficou na casa dos 21km/l com seu tanque de 19 litros a autonomia fica próxima aos 400km, uma ótima média para uma moto deste porte, além disso salta aos olhos a cor preta com as bordas usinadas dos belíssimos cabeçotes. O acelerador eletrônico é outro item tecnológico que auxilia muito na condução, resposta rápida e facilidade na dosagem na mão, o motor fica esperando você girar o punho, é um dragão, só apertar que ele cospe fogo.

Duas perguntas que sempre surgem durante o teste, ela vibra muito? Esquenta muito?  sobre a vibração do motor, rodei por 480km e gostaria de ter ido além dessa marca, mas não houve tempo, a vibração é muito pequena em comparação com as H-D ´s mais antigas, o conjunto é realmente muito bom, vibra pouco e não incomoda, da mesma forma que não senti um enorme calor nas pernas, esquenta sim quando se fica preso no trânsito mas temos sempre que levar em conta a característica do veículo, o radiador de óleo ajuda neste item além do sistema EITMS que desliga o cilindro traseiro com a moto parada, em velocidade menor que 2Km/h ou quando atinge mais de 140 graus.

Na cidade andei mais em terceira marcha, respeitando os 60km da maioria das vias, o câmbio é preciso e com engates macios, mas com esse torque consegue se andar em 6ª marcha a os mesmos 60km/h sem engasgos, você desfila e aprecia o que acontece a sua volta com calma, sem pressa de chegar ao destino.

Os freios são excelentes e ambos contam com ABS, na dianteira disco simples de 300mm com pinça de 4 pistões e na traseira disco simples de 292mm com pinça de 2 pistões, eficientes passam muita segurança, fiz algumas frenagens mais bruscas e a moto ancorou no asfalto com vontade, inclusive em piso molhado sem perder o controle.

Aproveitando o fim de semana fui até a cidade de Indaiatuba especificamente no autódromo da fazenda Capuava em um evento motociclístico, saí de casa logo cedo, com minha parceira na garupa seguimos pela marginal até a rodovia dos Bandeirantes, neste tipo de ambiente que a “brincadeira” realmente começa, vire o punho com vontade e vai sentir uma porrada no corpo, a moto arranca com fúria e se não tirar a mão ela continua nesse ritmo, como sempre respeitamos o limite da rodovia e ficamos dentro dos 120km/l.

A moto é muito estável parece que anda num trilho, contorna curvas muito bem limitada pelas malas. A retomada é uma delícia, só baixar marcha e dar mão que ela responde de pronto engolindo o asfalto, ultrapassar os carros e caminhões é muito fácil. Uma verdadeira estradeira com a pegada esportiva.

Usei bastante o sistema Cruise Control, só apertar o botão na velocidade pretendida e pronto, uma luz verde se acende no painel e o sistema está ativo, para desativar só tocar no freio ou mexer no acelerador que o controle volta para sua mão.

As suspensões deixam a moto grudada no chão, showa telescópica na dianteira e invertida (olha esportividade) de 43mm, a traseira monoamortecida com regulagem na pré carga da mola por um manipulo na lateral,  muito rápido é fácil ajustar, deixei inicialmente na posição 1 mas senti a traseira muito mole, aumentei então para 3 que achei ideal para andar somente piloto e aumentei para 4 com garupa e bagagens, ainda falando sobre as malas, carreguei meus equipamentos e uma pequena mochila, elas carregam ao todo 25,5 litros e um detalhe interessante, por conta do escape a da direita é alguns centímetros menor.

As novas e fascinantes rodas em alumínio mantis pretas com detalhes usinados deixam a impressão de movimento mesmo com a moto parada, os pneus são modelos scorcher 31 desenvolvidos pela Michelin em parceria com a Harley com medidas 130/70B18 63H na dianteira e 180/70B16 77H, ou seja, “sapatos bem casados com os pés”.

EM RESUMO

Uma baita moto realmente inovadora, gostosa de pilotar, confortável e com freios potentes e um motor fantástico. Excepcional na estrada e surpreendente na cidade. A H-D fez uma joia que vale a pena conhecer.

Comercializada em todas concessionárias da marca com valores a partir de R$ 74.900,00, nas cores Vivid Black, Wicked Red, Twisted Cherry, Midnight Blue, Barracuda Silver, Kinetic Green, Scorched Orange/Black Denim.

Texto e Fotos: Eduardo Motoca

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