Cansados de esperar por asfalto, moradores de Nova Iguaçu se unem e concretam rua

Com menos recursos do que o governo, mas com muita vontade de melhorar o local onde vivem. Depois de anos esperando por obras de asfalto, os moradores do Parque Grande Rio, sub-bairro de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, decidiram colocar a mão na massa por conta própria e concretaram suas ruas.
Os 13 moradores da Rua Patrícia Machado fizeram uma vaquinha para contratar os dois caminhões de concreto. Cerca de R$ 400 para cada um. Em quatro meses, a obra nos 150 metros da rua estava pronta.
— Há mais de 20 anos, pedimos esse asfalto. Pagamos IPTU em dia, mas não éramos atendidos. Fomos metendo a mão e fazendo tudo sozinhos, aos poucos. Começamos a obra em novembro e terminamos em março. Depois da rua, cada morador que contribuiu foi acertando sua calçada — conta o gesseiro Ismael Elias Guimarães Filho, de 57 anos.
Antes da obra, foram anos sofrendo com lama, buracos e sem direito a serviços básicos, como coleta de lixo, por exemplo.
— O caminhão de lixo não subia aqui. Tínhamos que deixar o lixo na porta. Meus pais são idosos e tinham que passar pela lama, em dias de chuva — lembra a dona de casa Paulina de Souza, de 38 anos.
A aposentada Lourdes Rodrigues, de 67 anos, já caiu na lama, quando a rua ainda era de barro. Na sua casa, genro e neto contribuíram com R$ 300 no total, e ainda ajudaram na obra:
— Agora está bem melhor para descer o morro. Quando estava muito ruim de subir, o carro deixava as compras lá embaixo, na principal, e eu tinha que subir a pé com as bolsas pesadas.
Nem todos os moradores puderam contribuir com o valor total, mas isso não impediu que eles participassem do mutirão. Afonso Martins, de 45 anos, trabalha capinando quintais. Sua mãe deu um pequena contribuição, mas Afonso conta que seu esforço foi a maior ajuda que ele pôde oferecer:
— Minha mãe ajudou com R$ 70 e eu ajudei colocando a mão na massa e trabalhando com os vizinhos.
A exemplo da rua vizinha, moradores da Wilson Guimarães também começaram, há dois meses, a colocar concreto. Cerca de 20 moradores deram R$ 170 cada.
— O fato de ter muita gente desempregada complica. Começamos uma parte. Agora vamos começar a outra — anuncia o auxiliar de venda Dionício Bezerra, de 52 anos, que lembra da dificuldade do local antes da iniciativa:
— Não dava para andar de sapato. Tinha que colocar sacos no pé.
Mas no bairro ainda há muitas ruas esperando uma solução do poder público. É o caso da Hildebrando Silva, que segue sem pavimentação e com esgoto a céu aberto.
A Secretaria de Infraestrutura de Nova Iguaçu disse que enviará equipe aos locais citados para avaliar os problemas e estudar soluções. A prefeitura informou que vem buscando parcerias com os governos estadual e federal para realizar obras de saneamento e infraestrutura no município, devido às suas limitações orçamentárias.
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