Jornalista Mario Marques lança novo livro

Entrevista: Mario Marques

 

 

“BOLSONARO PODE NÃO SER DEFINIDOR NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS”

 

 

O Jornalista e marqueteiro Mario Marques, filho do ex-prefeito de Nova Iguaçu, lança seu novo livro, “Voto do futuro”, na cidade e diz que falta identidade aos adversários de Rogério Lisboa

 

 

POR FRANZ VALLA

 

 

A eleição presidencial, vencida por Jair Bolsonaro, levou o marketing político a novas reflexões. “Voto do futuro”, novo livro do jornalista Mario Marques, o Mariozinho (filho do saudoso prefeito da cidade, Mario Marques), que tem noite de autógrafos no próximo dia 15, a partir das 19h, no Complexo Cultural de Nova Iguaçu, no Centro, é um conjunto de formulações baseadas nas mais de 40 campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais  nas quais ele atuou nos últimos 10 anos. “O livro tenta mostrar novos caminhos para se vencer as eleições e entender o que aconteceu nos últimos anos até chegarmos nesse momento”, diz Marques.

 

 

JH: Em que momento você decidiu escrever esse livro?

 

 

MM: Em 2018, eu já tinha me planejado para lançar “Voto do futuro” agora. Mas, com a perda do meu pai, o livro ganhou uma outra energia e recebeu a alma dele. Pude entender mais claramente que as 256 páginas do livro têm a alma do meu pai. Ele me ensinou a política, para o bem ou para o mal, em toda a sua forma. Quando eu decidi migrar do jornalismo para o marketing, em 2009, eu praticamente já estava na terceira marcha do marketing político e o que fiz foi mergulhar fundo no ferramental disponível. Hoje eu mesmo comando pesquisas qualitativas e quantitativas e dirijo campanhas, da TV às redes sociais, como se tivesse feito isso a minha vida inteira.

 

 

JH: Você não era jornalista e crítico de música?

 

 

MM: De 1989 a 2009, passei por redações do GLOBO e Jornal do Brasil, além de revistas, sempre na área de cultura. Esse período também gerou um livro, “Música é passado – tudo o que você precisa saber antes de ouvir porcarias”, que sai em novembro. A música sempre foi meu ganha-pão. E eu sempre fui ligado à política pelo viés do marketing e pelas campanhas do meu pai. Em 2004 enfrentei com meu pai o poderio financeiro de Lindbergh Farias e do PT na eleição municipal. E foi um enorme aprendizado na área.

 

 

JH: Do que trata o “Voto do futuro”?

 

 

MM: Há muitas novas teses baseadas na experiência das campanhas eleitorais que fizemos. Há os bastidores de pesquisas e bastidores do jornalismo. É um livro crítico à esquerda, especialmente à mídia. Mas tem muitas pensatas que podem contribuir para o desenvolvimento do profissional de marketing político.

 

 

JH: O livro tem o subtítulo “O

novo marketing político e as lições pós-Bolsonaro”. Que lições são essas?

 

 

MM: Os políticos acham que porque Bolsonaro venceu as eleições sem marqueteiro, sem tempo de TV, sem apoio da imprensa e da classe artística e deitado numa cama, que não precisarão mais organizar sua comunicação profissionalmente. E isso é um enorme erro. Vejo políticos usando erradamente as redes sociais, com conteúdos confusos, alguns sem identidade, boa parte sem nenhuma visão estratégica. Todos esses erros serão cobrados nas eleições municipais.

 

 

JH: O fenômeno conservador de direita se repetirá em 2020?

 

 

MM: As últimas pesquisas mostram um recuo na aprovação de Bolsonaro. Mas isso é lido erradamente pelos analistas. A casa de Bolsonaro nunca passou dos 30%. O que ele agregou para vencer veio do Centro, de setores liberais e até de uma faixa do Ciro Gomes, que se juntaram à chapa de Bolsonaro para derrotar a esquerda. Depois das eleições, esse eleitorado se reacomodou onde estava. Portanto, não se pode dizer que Bolsonaro definirá as eleições em 2020. Há um bom espaço para o Partido Novo, de Centro, crescer. Tudo vai depender da conjuntura partidária e os candidatos escolhidos para as cidades. Mas não há um indício sequer de que o fenômeno conservador de 2018 vá se repetir em 2020.

 

 

JH: E Nova Iguaçu? Como você enxerga o cenário?

 

 

MM: Ainda confuso. Não há clareza na identidade dos adversários do prefeito Rogerio Lisboa. Não se sabe como vai se apresentar, ou quais as propostas de Max Lemos, por exemplo (ex-prefeito de Queimados). O PSL não sabe se Bolsonaro vai entrar de cara nas eleições municipais. E até o delegado Carlos Augusto, cuja bandeira de combate contra o crime o levou à Alerj, tem dificuldades para mostrar além disso. Portanto, por enquanto, o caminho de Rogério Lisboa está facilitado. Ainda não fizemos pesquisa qualitativa ou quantitativa em Nova Iguaçu. Então ainda é cedo para uma avaliação mais concreta.

 

 

JH: Então, na sua avaliação o prefeito Rogerio Lisboa pode se reeleger?

 

 

MM: Ainda é cedo para dizer. Mas o fato é que as eleições de 2004 para cá mostraram dois fatores que delimitam vitórias e derrotas em Nova Iguaçu. As vitórias, o poderio financeiro; as derrotas, a cada vez menor paciência do eleitorado iguaçuano com os prefeitos. Bornier não conseguiu se reeleger. E Rogério Lisboa também não terá boa vida.

 

 

JH: Qual a importância das redes sociais para as campanhas?

 

 

MM: Sem conteúdo qualificado, nenhuma. Imagine um campo de futebol com 1.000 jogadores. Será um jogo agradável de se ver? Não. O mesmo pode se dizer das campanhas nas redes sociais. Durante as eleições, o usuário que quer se distrair no Facebook ou Instagram encontra um monte de candidatos se vendendo e pedindo voto. Ou seja, é um ambiente chato, nocivo, tóxico e irritante. Então o candidato para se sobressair precisa produzir conteúdo qualificado, audiovisual, conversar com o eleitor e tentar se destacar no meio da multidão. Vejo 90% dos políticos da Baixada fazendo tudo errado. E isso terá um preço caro em 2020.

 

 

JH: Seu pai foi vereador, prefeito e deputado estadual. Você nunca quis seguir os passos dele?

 

 

MM: Meu pai amou Nova Iguaçu como ninguém. Não conheço ninguém mais iguaçuano do que meu pai. Ele era um apaixonado pela cidade de verdade. Não vou dizer que nunca pensei nisso, em levar seu nome à frente. Inclusive já me fizeram sondagens esse ano para ser candidato a prefeito. Mas olho para a trajetória do meu pai, tudo o que ele fez, e me sinto muito pequeno. Aproveito aqui para fazer um apelo aos vereadores, ao secretário de Cultura e ao prefeito Rogério Lisboa: acompanhei meu pai em sua obsessão diária para construir e inaugurar a Casa de Cultura de Nova Iguaçu. E com todo o respeito ao nome que a Casa carrega hoje, é justíssimo que a Casa de Cultura passe a levar o nome do meu pai. A alma dele está ali, o sonho dele está ali. E se a Casa de Cultura existe é por causa dele. Não consigo entender por que ainda não fizeram isso. Era para ser uma prioridade ser justo com quem tanto amou essa cidade como Mario Marques.

 

 

JH: Você pretende escrever a biografia do seu pai?

 

 

MM: Sim, eu e minha mãe (a professora Maria Luiza Guimarães Marques) estamos trabalhando nisso e vamos lançá-la em dezembro desse ano. A história do meu pai é linda. E hoje as pessoas já entendem com mais clareza que ele era um ser humano especial, diferente, que faz falta.

 

 

JH: O “Voto do futuro” terá outros lançamentos?

 

 

MM: Sim, vamos lançar na Livraria Argumento do Leblon em 17 desse mês, na Alerj em data a definir, em Brasília em novembro e em São Paulo em dezembro. Mas o momento especial será reencontrar meus amigos de infância e amigos do meu pai e de minha mãe na Casa de Cultura, no dia 15.

 

 

 

 

 

 

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