Coronel exonerado levou mais de 30 policiais para a Inteligência da PM, alvo de operação

Em meados de junho ao receber o convite do secretário da Polícia Militar, o coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, para assumir a Subsecretária de Inteligência (SSI) da PM, o coronel Rubens Castro Peixoto Júnior decidiu levar todo o seu “staff” do 18º BPM (Jacarepaguá) consigo para o Quartel Geral da PM, no Centro do Rio. Foram com Peixoto 20 praças e 12 oficiais. Entre eles, cinco dos sete agentes presos pela Polícia Civil, acusados de participarem de uma organização criminosa que extorquia comerciantes em bairros do Rio, nesta sexta-feira.

Quase toda a estrutura do 18º BPM foi levada para a SSI. Todos os chefes de departamento interno do batalhão seguiram trabalhando com o coronel no QG. Entre eles, a época, o subcomandante do 18º BPM – o major João Victor Mariano Fialho. As mudanças aconteceram entre os meses de julho e setembro deste ano.

Entre os PMs que foram com Peixoto estão: o soldado Ivan Marques Cunha, os cabos Nacle de Souza Oliveira e Jefferson Rodrigues Batista, o sargento Roberto Campos Machado e o tenente Victor Magnano Mangia. Já a cabo Leslie Cristina Duarte Rocha e o PM Guttemberg Dantas da Silva não eram do 18º BPM. Todos os sete militares são acusados de cometerem roubos e extorsões contra comerciantes. Além de receberem propina para não apreenderem mercadorias contrabandeadas.

Ambos se passavam por policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) para praticarem os crimes.

Após o escândalo, Lacerda decidiu exonerar do cargo seu antigo colega de QG. Para o local de Peixoto assumirá nos próximos dias o coronel Murilo Cesar de Miranda Angelloti, atualmente lotado no comando do Policiamento Especializado (CPE). Peixoto irá para o Departamento Geral de Pessoal, o DGP conhecido como “a geladeira da Polícia Militar”.

Fontes da Polícia Militar afirmam que a tendência é que o “staff” de Peixoto seja exonerado e que o novo comandante coloque pessoas de sua confiança na pasta.

Durante a operação, a Polícia Militar, em nota, afirmou que “a corporação repudia, com veemência, condutas criminosas realizadas por seus integrantes”. Ainda de acordo com o comunicado, “é interesse da Polícia Militar identificar e expurgar policiais que manchem a honra da corporação”. Por fim a PM disse que “tomará as medidas cabíveis pelas condutas dos envolvidos no caso”.

Os cinco PMs presos ficarão presos por cinco dias no Batalhão Prisional da Polícia Militar, no Fonseca, em Niterói. Todos os agentes vão responder por extorsão, organização criminosa e roubo qualificado.

Busca e apreensão dentro do QG

Na manhã desta sexta-feira diversos PMs que estavam na Secretaria de Polícia Militar tiveram seus armários arrombados. Muitos dos agentes eram da Subsecretaria de Inteligência. Além de buscas e apreensões no QG, os policiais civis estiveram em Bangu, Itaboraí e Recreio dos Bandeirantes.

Na casa do tenente Victor Magnano, os investigadores encontraram mais de R$ 30 mil escondidos em um sapato. Além de uma arma. O tenente está foragido, assim como a cabo Leslie Cristina.

Peixoto deixa carta de despedida

Após o escândalo que caiu como uma bomba no colo de Peixoto, a Secretaria de Polícia Militar decidiu exonera-lo da função. Depois de receber o comunicado, o oficial fez uma carta e enviou à seus subordinados.

No documento, Peixoto diz que “o fato noticiado pela mídia é grave e o chefe da Agência Central ser afastado tem lógica no contexto, especialmente, para que seja desenvolvida uma apuração isenta e uma revisão de protocolos eficazes”, diz treco do comunicado interno.

Peixoto usa a carta “para agradecer o empenho e entendimento de todos durante a gestão”. O oficial diz que “o sistema de Inteligência da PM é forte e, continuará mantendo em alta suas mais diversas atividades”. O policial se despede de seu “staff” com a frase “fé na missão”.

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