Roda de Conversa em Mesquita celebra o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil

Palestrantes mostram que a representatividade feminina nos poderes executivo e legislativo ainda é muito tímida no mundo, principalmente no nosso país

Neli (sentada) e Ana Rocha no auditório Zelito Viana

Fotos: Michael Alves

O tom das palestrantes na “Roda de Conversa” sobre o voto feminino foi o de que a presença das mulheres ainda é muito tímida nos poderes executivo e legislativo no mundo, principalmente no Brasil. E a justificativa é a de que as mulheres foram doutrinadas especificamente para cuidar da casa, filhos e servir aos maridos.

O encontro, com a participação de Neli de Almeida, mestre em psicologia social, e Ana Rocha, do Centro de Estudos e Pesquisas da União Brasileira de Mulheres, foi promovido pela secretaria de Assistência Social de Mesquita, na terça-feira (18). O objetivo é celebrar o dia 24 de fevereiro, que marca o Dia da Conquista do Voto Feminino no nosso país.

No auditório Zelito Viana, na sede da prefeitura de Mesquita, a jornalista Ana Rocha foi direto ao tema principal da Roda de Conversa: “Há uma discussão atual e relevante em todo mundo. Hoje, apenas sete dos 150 Chefes de Estado eleitos são mulheres e apenas 11 dos 190 Chefes de Governo são mulheres. Mesmo com Dilma presidenta, as brasileiras tem presença muito tímida nas esferas executivas e legislativas. Pra vocês terem uma ideia, as mulheres Chefe de Estado no Brasil quem foram? Dona Maria I, Rainha de Portugal, em 1815; dona Leopoldina, que atuou como Regente em 1822, com influência sobre independência do Brasil; dona Isabel (Princesa Isabel), que regeu Brasil e sancionou a Lei Áurea em 1888; e Dilma Rousseff que foi eleita presidenta e saiu com o impeachment e com várias acusações machistas. É o que acontece com as mulheres que chegam ao poder”.

Neli de Almeida, que também é professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e doutora em Serviço Social, considera que a “sub-representação feminina nos cargos de poder e de decisão”, acontece em função de um patriarcado que condicionou a mulher a cuidar dos afazeres de casa, dos filhos e do marido. Ela lembra, ainda que as mulheres eram proibidas de votar, estudar e trabalhar. E se hoje trabalha, quando chega em casa tem que dar conta dos serviços. “O homem, não”. Para ela, essa situação, além da falta de políticas públicas como creche, e da falta de divisão das tarefas de casa, justifica a pouca representatividade da mulher nos poderes executivos e legislativos no Brasil. Apesar disso, Neli elogiou o governo Jorge Miranda, em Mesquita. “Estou grata à prefeitura de Mesquita. Pois ao entrar aqui, vi pessoas sendo acolhidas. Aqui a gente encontra um trabalho vivo. Isso nos alenta”, disse ela ao vice-prefeito Waltinho Paixão.

Mulheres na política

Coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres em Mesquita, Silvânia Almeida, também responsável pela Roda de Conversa, destaca a importância do dia 24 de fevereiro de 1932, através do decreto 21.076, Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil. “Um momento de extrema importância para a história da mulher”, frisa a secretária de Assistência Social, Érika Rangel.

Atualmente, nosso país tem 81 senadores, sendo apenas 13 mulheres; 513 parlamentares federais, sendo 77 mulheres; nas assembleias legislativas (2018) o país tem 1.059 parlamentares estaduais, sendo 898 homens e 161 mulheres; nas câmaras municipais (2016) dos 57.814 eleitos, só 7.803 são mulheres. E nos 27 estados e 1 Distrito Federal, apenas uma governadora (RN) – o país já teve 13 governadoras, desde 1987 até os dias atuais. E nas 5570 cidades brasileiras, apenas 662 (ou 11.9%) são governadas por mulheres – 4.908 por homens.

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