Coronavírus: policial diabético denuncia que trabalha sem proteção nas ruas

Um subtenente da PM do Rio que alega ser diabético, mas ainda não conseguiu autorização para trabalhar em regime de home office durante a epidemia de coronavírus, fez um apelo à corporação: num documento enviado a seu comandante, o praça afirmou que teve que trabalhar nas ruas sem máscaras e usando equipamento sem higienização. O agente é lotado na Diretoria Geral de Ensino e Instrução (DGEI), mas também trabalha ocasionalmente nas ruas: no último dia 4, por exemplo, ele foi escalado para trabalhar patrulhando a Praia da Barra.

“No último serviço, no dia 04/04/2020, em apoio ao 31º BPM (Barra da Tijuca), Operação Praia, não foram fornecidos ao policiamento de apoio, nenhum Equipamento de Proteção Individual (EPI), que inclusive os coletes refletivos estavam sujos e sem nenhuma higienização. A missão do policiamento, do serviço era retirar a população que, mesmo com a proibição do Decreto Estadual, insistia em frequentar e permanecer na Praia da Barra da Tijuca, bairro este, com alto índice de contaminação”, escreveu o subtenente.

Desde o último dia 6, ele pede autorização da corporação para trabalhar de casa. Entretanto, o praça ainda não conseguiu ter acesso à documentação exigida pela Diretoria Médica Pericial (DMP) para comprovar que integra grupo de risco e, desde então, é obrigado a comparecer ao serviço presencialmente.

No texto — enviado nesta terça-feira aos coroneis Rogério Quemento Lobasso, comandante da DGEI, e Dalmir Salgado, da DMP — o subtenente apela para ser autorizado, mesmo sem todos os documentos requeridos, a trabalhar em regime de home office. Ele até se disponibiliza a ser examinado pela Junta Médica da PM para conseguir a autorização.

“Este signatário solicita ainda, que em virtude do quadro do aumento da contaminação pelo coronavírus na cidade do Rio de Janeiro, por estar enquadrado no grupo de risco com maior probabilidade de contágio e por estar trabalhando no serviço externo, solicita a concessão de trabalhar no serviço de home office por esta Diretoria de Ensino, enquanto não existir um tratamento eficaz contra o coronavírus, podendo assim continuar auxiliando e contribuindo com a administração da corporação, preservando também sua saúde”, escreveu o subtenente. O praça anexou ao pedido uma serie de exames feitos recentemente.

Procurada, a PM não se pronunciou sobre a denúncia feita pelo agente

Relatório: ‘alto risco’ de contaminação

Um relatório do Ministério da Justiça elaborado com dados enviados por todos os estados revela que as polícias Civil e Militar do Rio consideram que existe um “risco alto” de contaminação de seus efetivos. Segundo o documento, o afastamento de PMs do serviço é considerado, pelas autoridades fluminenses, um problema maior do que roubos de cargas, saques em lojas, fugas de presos e rebeliões nas cadeias.

Para que o Ministério da Justiça elaborasse o documento — intitulado “Plano Estratégico de Atuação Integrada: impactos da Covid-19 na segurança pública” — foi pedido que cada estado analisasse os riscos de 21 tipos diferentes de ocorrências numa escala que vai de “baixo” até “muito alto”. A única ocorrência marcada com o risco “alto” pelas autoridades do Rio foi a contaminação e afastamento de servidores da segurança pública.

O risco médio foi usado, por exemplo, para roubos de cargas e a instituições financeiras, bloqueios de vias públicas e rodovias estaduais, manifestações violentas e paralisação de caminhoneiros. Por fim, as polícias fluminenses consideram baixo o risco de fugas de presídios, rebeliões nas cadeias e aumento abusivo de preços.

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