PM monitorava preparação de traficantes para invasão à comunidade dominada por milícia, diz coronel Fliess

O planejamento para a invasão e retomada do controle do tráfico de drogas no Morro São José Operário, também conhecido como Morro da Barrão, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, era acompanhado pela Inteligência da Polícia Militar, afirmou o porta-voz da Polícia Militar e coronel Mauro Fliess, em entrevista ao “RJTV 1”, da TV Globo, nesta tarde. No entanto, por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), não pode fazer uma operação para evitar a invasão que teve início nesta terça-feira. Até agora, três homens morreram no confronto com a PM. Durante a manhã, também foram apreendidos na comunidade um fuzil, duas pistolas, três granadas, roupas camufladas e caderno de anotações

— A Polícia Militar vai permanecer (na comunidade) enquanto houver indicativo dos órgãos de Inteligência. Tão logo identificamos (algum tipo de possível) invasão, policiais militares são deslocados para o entorno da comunidade para evitar a invasão e evitando os conflitos. Nesse momento que vivemos na pandemia e de uma decisão do STF, e que iremos cumprir, essa ação preventiva acabou sendo prejudicada na noite de ontem — afirmou Fliess, ao dizer que a PM sabia do iminente confronto.

Após a guerra que varou a madrugada, o porta-voz informou que a corporação ficará no local por tempo indeterminado.

Questionado o motivo da PM não ter agido preventivamente, e feito uma operação emergencial para evitar a guerra entre milicianos e traficantes, Fliess afirmou:

— Durante a madrugada, após os confronto, houve um cerco nos locais de conflito fora da comunidade. Como (a região) é de difícil acesso e entrar de madruga colocaria em risco a integridade dos policiais e dos familiares, tivemos que esperar e planejar essa operação de hoje — destacou o porta-voz.

De acordo com a Polícia Militar, é preciso aguardar a decisão da Polícia Civil em relação a perícia que será ou não feita nos corpos que estão no alto do morro. O Globocop, da TV Globo, flagrou com imagens aéreas alguns PMs no alto da mata descansando ao lado dos corpos.

— Estamos aguardando uma decisão da Civil se fará uma perícia (no local das mortes) ou se os corpos serão removidos para um local especifico — informou o coronel.

Mais de 12 horas após o confronto, a Polícia Militar ainda não sabe se a maior facção criminosa do estado conseguiu retomar o controle do crime no local.

— A inteligência está buscando saber se a facção rival conseguiu de fato tomar o local. A prioridade é ocupar o terreno e evitar novos confrontos — finalizou o porta-voz.

Monitoramento da operação

Assim como a Polícia Militar, a Civil também monitorava os possíveis desdobramentos na região que poderiam terminar no confronto entre traficantes e milicianos na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, segundo fontes na corporação. Os órgãos de Inteligência acompanhavam as duas facções e seus interesses pelo local, mas era preciso seguir a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de ser necessária a autorização para operações.

O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, delegado Felipe Lobato Curi, afirmou existir uma incerteza futuramente, caso as duas corporações façam alguma operação, as ações possam ser questionadas.

— As guerras entre as facções criminosas estão cada vez mais recorrente após a decisão do STF. Isso causa uma grande insegurança jurídica para saber o que é absolutamente excepcional — disse o delegado Felipe Lobato Curi, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil.

Na última semana, Curi enviou ao STF e à Secretaria Nacional de Segurança Pública um relatório sobre o crime organizado no estado. No documento, o delegado faz menção à milícia que já atua em 278 localidades do estado. Na Zona Oeste, apenas a Cidade de Deus ainda não foi ocupada por grupos paramilitares.

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