PM é preso em operação contra pirateadores de cursos preparatórios para concursos

O policial é irmão do líder da quadrilha, o ex-aluno da Academia Militar das Agulhas Negras Antônio de Jesus Cabral, que foi capturado na Vila Kosmos. Hackers faturaram cerca de R$ 15 milhões

 
   O soldado da PM Alessandro de Jesus Cabral foi preso, na manhã desta terça-feira, durante a Operação Black Hawk, que a Polícia Civil fez contra uma quadrilha que pirateia cursos preparatórios para concursos públicos no país. O militar, que está na corporação desdes 2012 e é lotado no 16º BPM (Olaria), foi capturado em Vicente de Carvalho, na Zona Note do Rio. O celular dele foi apreendido.
O agente é irmão do líder do bando, Antônio de Jesus Cabral, de 35 anos, que foi preso em Vila Kosmos, ainda na Zona Norte. Antônio de Jesus é ex-aluno da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Segundo as investigações, quadrilha faturou cerca de R$ 15 milhões.
Todos os presos:
1. Alessandro de Jesus Cabral, soldado da PM: preso em Vicente de Carvalho (RJ)
2. Antônio de Jesus Cabral, 35 anos, irmão do PM: líder da quadrilha, preso em Vila Kosmos (RJ)
3. Verônica de Jesus Cabral, 56 anos: mãe de Alessandro e Antônio, presa em Engenhoca, em Niterói (RJ)
4. Lothar Alberto Rossmann, 71 anos: hacker da quadrilha, preso em Borda da Mata (MG)
5. Letícia Adele Cardoso Rossman, 35 anos: presa em Juiz de Fora (MG)
6. Gilmar de Jesus da Costa, 44 anos: preso em Itaúna, em São Gonçalo (RJ)
7. Caio Victor Oliveira dos Santos, 20 anos: preso em Itaúna, em São Gonçalo (RJ)
8. Nelson Faria Coelho Júnior, 22 anos: preso em Saquarema (RJ)
9. Danieli Azeredo dos Santos, 42 anos: presa em Saquarema (RJ)
Os agentes ainda cumpriram 19 de busca e apreensão no Rio (capital, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Saquarema e Araruama) e em Minas Gerais (Juiz de Fora e Borda da Mata).
Todos os investigados vão responder por lavagem de dinheiro, associação criminosa, furto qualificado e violação de direito autoral.

De acordo com a investigações, a quadrilha age há pelo menos 20 anos e vendeu milhares de cursos preparatórios pirateados, inclusive para os concursos das polícias Civil do Rio e de Minas, das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além de cursos das carreiras fiscais e jurídicas. Eles faturaram cerca de R$ 15 milhões e causaram um prejuízo de R$ 65 milhões aos cursos oficiais.
Os cursos verdadeiros, que custavam de R$ 500 a R$ 10 mil, eram pirateados e vendidos pelos criminosos por até 10% do valor original na maior plataforma virtual de cursos pirateados do país.

LARANJAS
Os agentes descobriram ainda, através de quebras de sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal, que para ocultar a grande movimentação financeira da quadrilha, Antônio de Jesus usava parentes como “laranjas”.
Durante as investigações, foi identificado que a mãe de Antônio, que possui um pequeno salão de beleza, teve movimentação bancária de R$ 1,5 milhão e ganho líquido aproximado de R$ 500 mil em operações de bolsas de valores. Os valores foram apontados pelo Relatório de Inteligência Financeira (RIF)ex-Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Outro artifício utilizado por Antônio para ocultar os bens do bando era o de manter os valores em nome dos vendedores. Eles usavam uma empresa fantasma, sediada em um shopping de luxo na capital paulista.

CLIENTES
Um dos clientes do grupo identificado na investigação é funcionário do Tribunal de Contas de um estado e utilizou a rede (IP) do o próprio Tribunal para fazer a compra de um curso pirateado.
Os compradores identificados na investigação podem responder pelo crime de receptação, que tem pena de até 4 anos de prisão e, podem, inclusive, se investigados na operação.
Com o material apreendido hoje, os agentes pretendem fazer o levantamento do patrimônio dos envolvidos para identificar os bens adquiridos com dinheiro de origem criminosa e embasar futuro sequestro judicial dos recursos.

8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (8ª DPJM), que fica no Complexo do Alemão, acompanhou o cumprimento do mandado contra o PM do batalhão de Olaria.
“A Polícia Militar não compactua com quaisquer desvios de conduta que venham a ser cometidos por parte de seus integrantes. O policial militar responderá aos possíveis ilícitos pelos quais for indiciado em processo judicial, sendo respeitado o direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório”, a corporação informou, em nota.
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