Flordelis é indiciada como a mandante da morte do marido e cinco filhos do casal são presos

 

Investigação do assassinato de Anderson do Carmo chega ao fim com uma grande operação nesta segunda

Depois de um ano e dois meses de investigação, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), de 59 anos, vai responder na Justiça como a mandante do assassinato do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo, 42, em junho do ano passado. Além de ser apontada como a responsável pelo crime, a parlamentar e a família foram alvos, nesta segunda-feira, da Operação Lucas 12, que o Ministério Público estadual (MPRJ) e a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) fizeram sobre o caso.
Seis familiares da deputada foram presos e 14 mandados de busca e apreensão sobre a morte do líder religioso foram cumpridos na casa da parlamentar, em Niterói, e em outros endereços ligados à ela, em São Gonçalo, na capital, e até mesmo Brasília. Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Criminal de Niterói. Houve apreensão de celulares e computadores.”Ela foi surpreendida com a nossa chegada, chorou um pouco, porque tinha muita gente dentro de casa”, revela o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o delegado Antônio Ricardo Nunes.

Alvos dos mandados de prisão:
. Adriano dos Santos Rodrigues (filho biológico): auxiliou no episódio da carta falsa
. Simone dos Santos Rodrigues (filha biológica): responsável pelos envenenamentos; buscou informações sobre uso de veneno na Internet
. André Luiz de Oliveira, o Bigode (filho adotivo e ex-marido de Simone): flagrado em conversas com Flordelis combinando envenenamento do pastor
. Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filho adotivo): participou no planejamento da morte
. Marzy Teixeira da Silva (filha adotivo): cooptou Lucas para matar o pastor e também participou dos envenenamentos
. Rayane dos Santos Oliveira (neta): buscou por assassinos para as tentativas anteriores, inclusive, Lucas (PRESA EM BRASÍLIA)
. Marcos Siqueira Costa (ex-PM que esteve preso com filhos de Flordelis): PRESO EM 2019
. Andrea Santos Maia (mulher de Marcos): entrou em contato com a família, auxiliando na confecção da carta falsa elaborada por Lucas na prisão
. Flávio dos Santos Rodrigues (filho biológico): responsável pelos tiros que matou o pastor (PRESO EM 2019)

Flordelis não pode ser presa pela Polícia Civil porque tem imunidade parlamentar. Uma cópia do inquérito da DHNSGI será encaminhado para a Câmara dos Deputados. O procedimento poderá levar ao afastamento da parlamentar para que ela possa ser presa.
“Temos 11 pessoas respondendo criminalmente. Levando em conta que a família tem 55 pessoas, temos 20% de envolvidos. Todos eles têm uma participação que foram comprovadas no decorrer da investigação”, destaca o delegado.
Os crimes apontados no assassinato:
. homicídio triplamente qualificado
. tentativa de homicídio
. falsidade ideológica
. uso de documento falso
. organização criminosa majorada (uso da violência)
“A motivação do crime é porque ela estava insatisfeita com a forma como o pastor Anderson tocava a vida e fazia a movimentação financeira da família”, conta o delegado.
A tentativa de homicídio é porque a família é acusada de ter tentado matar o líder religioso diversas vezes, antes de sua execução.
O CRIME
O pastor Anderson do Carmo morreu na madrugada do dia 16 de junho do ano passado, quando havia acabado de chegar com a esposa, em Pendotiba. Ele foi alvo de vários tiros, na garagem da residência. O laudo da necrópsia apontou que o corpo do líder religioso tinha 30 perfurações de bala.
Na ocasião, Flordelis afirmou que o marido tinha sido morto durante um assalto. Ela disse que os dois estavam sendo seguidos por suspeitos em uma moto quando voltavam para casa.
 
Dois filhos do casal, Flávio dos Santos Rodrigues, 38, filho biológico da deputada, e Lucas Cézar dos Santos de Souza, 18, adotado por ambos, vão ser julgados como executores do crime. Eles estão presos desde a época do assassinato.
“Flordelis é responsabilizada por arquitetar o homicídio, arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio. A deputada também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, segundo a denúncia”, afirma o MPRJ.
FALSA CARTA
A investigação apontou que familiares tentaram fazer com que Flávio assumisse a culpa pelo crime sozinho. Uma carta contando o assassinato chegou a culpá-lo. Flávio inclusive confessou o crime, mas se sentiu injustiçado e voltou atrás.
“Também é imputado a Flordelis e a outros denunciados o crime de uso de documento falso, por tentarem, através de carta redigida por Lucas, atribuir a pessoas diversas a autoria e ordem para a prática do homicídio. Segundo a denúncia, o executor Flávio tinha o objetivo de livrar ele próprio e Flordelis da responsabilização do crime. Flordelis também tinha o objetivo de vingar-se de dois de seus filhos ‘afetivos’ que não teriam aceitado as ordens de calar ou faltar a verdade durante os depoimentos”, diz o Ministério Público.
 
Já Lucas é apontado como o responsável pela negociação da arma usada no crime. A pistola Bersa, calibre 9 mm, foi encontrada dias depois no quarto de Flávio.
“As ações dos demais denunciados são descritas em diferentes etapas como no planejamento, incentivo e convencimento para a execução do crime, assim como em tentativas de homicídio anteriores ao fato consumado, pela administração de veneno na comida e bebida da vítima, ao menos seis vezes, sem sucesso, segundo apontaram as investigações”, diz o Ministério Público.
REPERCUSSÃO
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