Investigação indica que paciente que saiu escondida de hospital teve ‘morte violenta’, diz delegado

Valéria Muniz, de 52 anos, tinha uma cirurgia marcada, mas saiu do hospital e apareceu morta Foto: Reprodução/TV Globo

A investigação da Polícia Civil apontou que Valéria Muniz de Carvalho, de 52 anos, que fugiu do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, no último sábado, foi morta em decorrência de uma ação violenta. A informação é do G1.

Titular da 23ª DP (Méier), encarregada do caso, o delegado Deoclecio de Assis disse ao G1 que a polícia está no caminho de desvendar o que de fato aconteceu. Ele reconheceu que a situação é complicada e afirmou que já foi possível detectar que a morte ocorreu por ação violenta, sem detalhar o que sinalizou isso aos policiais no inquérito.

Ao G1, o namorado de Valéria, Milton de Souza, disse que o corpo foi encontrado por um motorista de caminhão da Cet-Rio, que avisou à polícia. Ele também afirmou que não percebeu nenhum sinal de que ela tenha sido assassinada.

“Não consegui ver o laudo, mas não teve realmente marca de tiro nem nada. O que eles me falaram no IML é que ela estava com o queixo inchado, mas eu vi o rosto dela no enterro e estava normal. Tomei coragem pra olhar pra ela e vi que estava normal. O IML também só informou da fratura no pé. Aparentemente, marca de tiro ou de violência, não, realmente não tinha”, disse.

Relembre o caso

Valéria deu entrada no hospital com uma fratura no calcanhar e disse que tinha sofrido uma queda. Ela foi internada e se preparava para uma cirurgia; porém, câmeras de segurança da unidade mostram que ela deixou o local sozinha por volta das 5h de sábado, dia 19, pelo setor de emergência. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a paciente não recebeu alta e não tinha autorização para sair do hospital.

Sua família só descobriu que ela tinha ido embora quando foi visitá-la. No Instituto Médico-Legal, os parentes foram informados que o corpo de Valéria tinha sido encontrado na rua Miguel Ângelo, no Cachambi, bairro vizinho ao hospital. O enterro ocorreu na tarde desta quarta, no cemitério do Pechincha.

O que diz o hospital

Em nota, o Hospital Municipal Salgado Filho ressaltou que Valéria tomou por si própria a decisão de deixar a unidade sem autorização ou assinatura do termo de responsabilidade, acrescentando que a paciente estava “lúcida, orientada e com controle de sua consciência”. Veja o posicionamento na íntegra:

“A paciente não sumiu, deixamos isso claro. Destacamos ainda que a Sra. Valéria era uma paciente adulta, lúcida, orientada e deixou a unidade sem autorização ou alta hospitalar, não havendo, portanto, nenhum documento assinado. O termo de responsabilidade por deixar o hospital durante o tratamento só é assinado quando há um acordo, chamado de “alta a pedido”, entre paciente e equipe médica.

A decisão da Sra. Valéria deixar a unidade por evasão foi tomada com ela lúcida, orientada e com controle de sua consciência, sem que tivesse qualquer indicação de acompanhamento psiquiátrico ou que estivesse usando medicação que pudesse alterar sua condição de mulher adulta capaz de tomar decisões.

Por estes motivos, além do direito à privacidade de todo paciente, não há obrigatoriedade em comunicar este fato aos familiares, que foram, sim, informados na segunda-feira (21), quando atendidos pelo Núcleo Estratégico de Apoio às Famílias (NEAF), que deu todas as informações sobre o tratamento e saída da paciente.

Após sair do hospital às 5h de sábado, a Sra. Valéria deixou de ser uma paciente ativa e por isso seu contato foi retirado da lista de envio de boletins médicos diários.

A direção do Hospital Municipal Salgado Filho mais uma vez lamenta a morte da Sra. Valéria Muniz e reitera que está colaborando com a investigação policial.

Valéria deu entrada na quinta-feira com uma fratura no calcanhar, foi examinada e medicada para ser preparada para cirurgia. No início da manhã de sábado, por volta das 5h, saiu da unidade caminhando pelo setor de emergência.

A direção do Salgado Filho segue solidária à família da Sra Valéria, à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e oferece todo apoio necessário para os familiares da paciente”.

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