Polícia prende 10 e fecha oito farmácias no Rio que seriam usadas pela milícia para lavar dinheiro

Policial interditou farmácia em Madureira por irregularidades durante operação contra lavagem de dinheiro da milícia Foto: Rafael Nascimento de Souza / Agência O Globo

 

Pelo menos 20 farmácias que seriam utilizadas pela milícia são alvos de mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira. Os estabelecimentos, segundo a Polícia Civil, são usados para lavar o dinheiro do grupo paramilitar que atua principalmente nas Zonas Oeste e Norte. Um dos alvos é um endereço em Madureira e duas grandes redes de drogarias que são de Campo Grande. O Conselho Regional de Farmácia (CRF) acompanha a fiscalização. Até as 11h20, 10 pessoas foram presas e oito farmácias interditadas.

— Gerentes e responsáveis legais pelas farmácias foram presos. Encontramos medicamentos de uso controlado sem autorização da Anvisa, o que configura crimes contra a saúde pública. Estamos analisando alguns que poderão configurar crime de tráfico de drogas — Felipe Curi, delegado titular do Departamento Geral de Polícia Especializada.

Segundo a Polícia Civil, foram encontrados medicamentos de uso controlado e anabolizantes. Todas os produtos são levados para a Cidade da Polícia.

A operação é realizada pela força-tarefa da Polícia Civil, criada para combater o crime organizado na Baixada Fluminense e também na Zona Oeste e permitir uma “eleição livre” na região.

Em uma farmácia da Rua Carvalho de Souza, em Madureira, os investigadores verificaram os documentos do estabelecimento e vasculharam o depósito onde ficam armazenados medicamentos. Às 10h, a polícia determinou que o local fosse fechado. Pelo menos sete funcionários trabalhavam no lugar.

Na farmácia Cumani, em Madureira, dois funcionários foram conduzidos à Cidade da Polícia para prestarem esclarecimentos. A farmácia foi interditada. Além disso, os investigadores apreenderam documentos e medicamentos.

No bairro foram interditadas duas farmácias. Os agentes tambem estão em Campo Grande, Santa Cruz, Cosmos, Paciência e Urucrânia (sub-bairro da Zona Oeste).

Ameaças a fiscais

André Neves, titular da Delegacia do Consumidor (Decon), afirma que a milícia passou a ameaçar fiscais do Conselho de Farmácia em áreas dominadas por grupos paramilitares. A partir dessas denúncias, os investigadores acreditam que essas empresas eram utilizadas para a lavagem de dinheiro dos criminosos.

— Essa investigação começa a partir de notificações do CRF. Fiscais do órgão receberam ameaças de morte durante as fiscalizações (em área de milícia) e a partir daí comecemos a apuração. Hoje, chegamos nesses locais e encontramos dezenas de medicamentos controlados sem permissão e autorização da Anvisa. Além isso, muitas dessas lojas estavam sem alvará de funcionamento — afirmou Neves.

O policial afirma que é preciso combater o braço financeiro desse grupo paramilitar atacando de todas as formas.

— Sabemos que a milícia tem vários braços financeiros, e farmácia é um deles. Há suspeita de lavagem de dinheiro e as investigações estão em andamento para atacar esse grupo que lucra com o dinheiro alheio — afirmou o delegado.

Todos os detidos responderão pelos crimes contra a saúde pública, economia popular, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

— Vamos analisar a conduta de cada um, e essa investigação prossegue.

Braço financeiro da milícia

A operação atinge o braço financeiro do grupo paramilitar chefiado por Wellington da Silva Braga, o Eco. A ação tem como objetivo asfixiar as fontes de renda e interromper comércios e serviços ilegais, que geram lucro para a organização criminosa.

Somente este mês, dois candidatos a vereador em Nova Iguaçu foram assassinados. Mauro Miranda da Rocha (PTN) foi morto no dia 1º em uma padaria. Quase dez dias depois, Domingos Barbosa Cabral (DEM), também foi morto a tiros no município.

A operação desta quarta-feira conta com as equipes dos Departamentos de Polícia Especializada. Além da Delegacia do Consumidor (Decon), Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD); Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM); Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA); Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e Divisão de Capturas da Polícia Interestadual (DC-Polinter).

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