Manifestação defende direito de moradia no Centro do Rio

Manifestantes protestaram com passeata no Largo da Carioca

Manifestantes protestaram com passeata no Largo da Carioca

Representantes de movimentos populares realizaram ontem uma passeata do Largo da Carioca até o prédio do Ministério da Fazenda, no Centro do Rio. A manifestação ocorreu em defesa do direito à moradia, pela função social da terra e contra o ajuste fiscal proposto pelo governo federal.
O ato foi organizado pela Central dos Movimentos Populares, pela Confederação Nacional das Associações de Moradores, pelos movimentos de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, Nacional de Luta pela Moradia e pela União Nacional por Moradia Popular. A coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Maria de Lourdes Lopes, conhecida como Lourdinha Lopes, criticou a destinação de investimentos federais repassados ao Rio. “Os investimentos que têm vindo concentram-se em uma diretriz de valorizar o solo para a especulação imobiliária, de remover e tirar os pobres daquele lugar” comentou.
Conforme a coordenadora, este tipo de ação está ocorrendo em outros projetos ,entre eles, o do Porto Maravilha, na Vila Autódromo, na Comunidade do Horto, no Metrô Mangueira e no Campinho. “Investe-se em construção de grandes vias para a Copa e as Olimpíadas, em parques olímpicos, mas, para isso, tiram as pessoas que moram ali e levam para qualquer lugar e ninguém sabe para onde.”
De acordo com Lourdinha, os movimentos querem um encontro com a presidenta Dilma Rousseff para discutir a plataforma de reforma urbana. Para a representante do Movimento de Luta por Moradia, é preciso pôr um freio nos instrumentos que incentivam e inflam a especulação imobiliária e fazer avançar a democratização da cidade como controle do solo urbano e da destinação dos imóveis de uso público e privado. “Queremos que pare essa política de remoção nacional, ou que no mínimo o governo federal retire os seus investimentos dos municípios e estados que têm uma política sistemática de remover os pobres.”
O coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Edmundo, lembrou que a destinação de imóveis da União para fins sociais é uma luta antiga e que no Rio, depois de muitas tentativas, foram liberados dois terrenos na Gamboa, zona portuária da cidade. “Vamos construir 116 apartamentos. Estamos, há sete anos, com um grupo que fez pelo menos uma reunião por mês preparando o projeto, que já está pronto. Na semana que vem, vamos assinar com a Caixa Econômica o financiamento. Vamos ter 116 famílias de baixa renda em uma área muito valiosa. É uma vitória do movimento”, disse..
A coordenadora da União Nacional por Moradia Popular, Jurema da Silva Constâncio, chamou a atenção para a lentidão na liberação dos imóveis da União para instalação de projetos de moradia popular. “Têm famílias aqui que já estão há dez anos na fila, esperando. A cada momento, chegam de 30 a 40 famílias novas, também reivindicando moradia, e não temos moradias para oferecer.”
De acordo com Jurema, um dos fatores para o aumento da procura de moradia é a inclusão de jovens. “Hoje tem muito jovem casando cedo. O objetivo dele é ter logo a moradia. Existem grupos organizados propondo-se a fazer esse trabalho e eles estão se filiando [a movimentos sociais] para que tenham direito a conquistar a moradia o mais rápido possível. Só que não sai tão rápido assim.”
Jurema adiantou que, no dia 1º de maio, será entregue um projeto que vem sendo analisado há 16 anos. Nesse dia, 70 famílias receberão o certificado de conclusão das moradias na antiga Colônia Juliano Moreira, na zona oeste do Rio. É o primeiro projeto de mutirão no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades no Rio de Janeiro.

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