Infecções respiratórias são mais comuns no inverno

Pneumologista destaca as doenças predominantes nesse período e alerta para a prevenção diante da Covid-19

Com a chegada do inverno e, consequentemente, das baixas temperaturas, há um aumento na incidência de diversas doenças respiratórias, como gripes, resfriados e alergias. O tempo seco e a menor dispersão dos poluentes fazem com que a qualidade do ar fique precária, o que, por si só, já seria um fator causador de irritação nas mucosas respiratórias. No entanto, os grandes responsáveis pelo agravo da saúde respiratória nas estações de baixa temperatura são os vírus, as bactérias e as manifestações alérgicas. Isso se dá, porque, para se aquecerem, as pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados, sem ventilação adequada e com grandes aglomerados de pessoas, o que torna a combinação ideal para disseminação de patógenos causadores dessas infecções.

Para entender melhor o que ocasiona o aumento de doenças respiratórias no inverno, o Dr. Leandro Vianna, pneumologista que atua como professor na Universidade Iguaçu (UNIG/RJ), explica que não é exatamente o frio que impacta os pulmões e as vias respiratórias e sim a queda na umidade do ar. “Com a redução na umidade relativa do ar e com as temperaturas mais baixas, ocorre um fenômeno natural denominado inversão térmica, em que uma camada de ar frio mais pesada acaba concentrando as partículas poluentes próximas à superfície terrestre, retendo e  aumentando os níveis de poluentes no ar. Isso acarreta uma maior irritabilidade nas vias respiratórias, aumentando a probabilidade de elas inflamarem”.

Além disso, segundo o professor, existem outros fatores que propiciam esse aumento na incidência de doenças respiratórias durante o inverno: os fatores internos em nosso organismo e os fatores externos. “Os fatores internos ocorrem em dias muito frios e secos, onde há uma grande perda de água e calor durante a respiração, além de uma redução na produção de muco e no seu transporte das vias aéreas inferiores (brônquios e traqueia) para a via aérea superior (laringe), onde é eliminado. Isso faz com que alguns microrganismos se proliferem com maior facilidade. Já nos fatores externos, dias frios fazem com que as pessoas tendam a procurar ambientes mais fechados, com pouca circulação de ar, favorecendo a disseminação de microrganismo, tais como vírus e bactérias, entre indivíduos”.

Entre as doenças mais predominantes nesse período estão a asma, a rinite alérgica, os resfriados, as gripes e as pneumonias. Destas, a mais perigosa é a asma, devido ao seu alto potencial de exacerbação, ou seja, de crise asmática, levando, em alguns casos, a necessidade de internação hospitalar. Já a gripe, que é uma infecção respiratória de causa viral com maior potencial de gravidade quando comparada ao resfriado comum, pode, em alguns casos, necessitar de internação hospitalar, incidindo o risco de morte, tais como a Gripe suína (vírus influenza H1N1) e a Covid-19 (vírus coronavírus SARS CoV-2). As pneumonias bacterianas também apresentam um potencial agressivo alto.

Com relação à Covid-19, como qualquer infecção viral de transmissão aérea (inalação de partículas contendo os vírus), ainda não há estudos suficientes que comprovem que pacientes que já possuem doenças respiratórias mais graves, ou em estágios mais avançados da doença, podem apresentar pior desfecho durante a infecção por Covid-19. No entanto, o pneumologista faz um alerta. “A Covid-19 é altamente contagiosa e pode acarretar um aumento de sua incidência no inverno por conta da maior proximidade entre as pessoas e o aumento da circulação de pessoas em ambientes fechados. Porém, as doenças alérgicas, ou mesmo a asma, normalmente não aumentam a chance de desfecho desfavorável na Covid-19. O que pode ocorrer é que, como qualquer infecção viral das vias respiratórias, a Covid-19 instabiliza as doenças pré-existentes (ex.: asma, rinite, DPOC – enfisema pulmonar) podendo causar exacerbações dessas patologias. Logo, o alerta para os indivíduos que são portadores de doenças respiratórias crônicas é que, neste período de pandemia, se mantenham atentos ao controle das suas doenças, sendo rigorosos no uso da medicação própria para isso e na prevenção de doenças infecciosas”.

Apesar de não ser possível se prevenir de algumas formas de infecção, existem muitas iniciativas que podem reduzir a possibilidade de contágio. Algumas atitudes podem evitar ou reduzir a proliferação de doenças infecciosas e a piora dos sintomas respiratórios nesta época do ano, tais como manter os ambientes arejados, ingerir bastante líquido, de preferência água, praticar atividades físicas, manter um rigoroso controle das doenças crônicas, principalmente das doenças respiratórias. “Além disso, atualmente já existem algumas vacinas que previnem as infecções respiratórias, como é o caso das vacinas para a gripe influenza, a Covid-19 e vacina antipneumococo, o principal causador da pneumonia. Por isso, é recomendado manter o calendário de vacinação em dia, pois a vacinação é uma das práticas mais eficazes de prevenção”, conclui o professor.

 

 

 

 

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