Seropédica descarta que transmissão da variante delta tenha origem no município

São João de Meriti, onde outro caso foi confirmado, não descarta transmissão local

   
A Secretaria Municipal de Saúde de Seropédica descartou que a transmissão da variante delta tenha tido origem no município da Baixada Fluminense. Na última segunda-feira (5), a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) confirmou que identificou uma jovem de 22 anos com a variante indiana na cidade.
Segundo a secretaria, o caso está sendo monitorado, assim como seus familiares. A paciente já se recuperou da doença, mas dois parentes dela realizaram o teste RT-pcr e foi detectado o vírus da covid-19. Outros dois contactantes não tiveram sintomas e não realizaram o teste.
A pasta também investiga outras pessoas com quem a mulher teve contato no ambiente de trabalho. Ainda de acordo com a secretaria, as pessoas não viajaram e a transmissão é não local. A princípio, a contaminação teria acontecido em Campo Grande, na Zona Oeste da capital fluminense. A jovem, que até o momento é o único caso confirmado em Seropédica, esteve no bairro para visitar uma amiga e pouco depois testou positivo para a doença. Este foi o único local fora do município em que ela esteve, conforme informou a secretaria de Seropédica.

“As Secretarias de Saúde de Estado e Municipal estão investigando o processo de contaminação. Outros infectados estão sob observação para averiguação se a contaminação também é pela variante delta”, explicou a secretaria.
Ainda na segunda-feira, a SES confirmou outro caso da mesma variante, dessa vez em São João de Meriti, também na Baixada Fluminense, em um homem de 30 anos. A infecção foi detectada na pesquisa genômica aleatória realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen/RJ). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente está bem e “não transmite mais coronavírus, porque a coleta ocorreu no dia 16 de junho.”
A pasta não descarta que a transmissão possa ter sido local, uma vez que, a princípio, o homem não teve contato com viajantes e não realizou viagens. “No entanto, seguimos fazendo o trabalho de rastreamento do ponto transmissor”, informou a pasta. A pesquisadora em saúde e membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chrystina Barros, alerta para o risco da transmissão comunitária de variantes e reforça que a disseminação descontrolada pode dar origem a outras variantes.
“Nós aqui não só temos o risco de uma transmissão sustentada, comunitária da variante Delta, como essa disseminação sem controle pode dar origem a outras variantes. Vamos lembrar que a variante de Manaus foi identificada em Hong Kong, exatamente pelo descontrole da disseminação da doença aqui no nosso país e no caso, nesta região”, afirma a especialista, que explica como são identificados os casos de transmissão não local ou de transmissão comunitária ou sustentada.
“Se a gente consegue identificar exatamente de onde veio a contaminação, e nesse caso, se ela veio de uma viagem da Índia, a gente pode rastrear e dizer: “isso não é uma transmissão local, é um caso importado”. Mas, a partir do momento em que você já não consegue mais rastrear de onde a pessoa contraiu, já estamos falando de uma transmissão local, ou de uma transmissão comunitária ou sustentada. Ou seja, as pessoas já estão disseminando, sem que seja possível saber quem pegou de quem. É exatamente o que a gente vive nesse momento da nossa epidemia aqui no Brasil”, alerta Barros. A especialista acredita que a disseminação da variante delta já é uma realidade no Brasil.
“Eu não diria que nós temos risco de disseminação local, nós já temos certamente a disseminação dessa variante Delta aqui no país, e isso traz sim riscos maiores ainda do surgimento de novas variantes. Já começamos a ver estudos que mostram que talvez a variante Delta possa driblar a eficiência da vacina, no sentido de que ela possa ser mais transmissível. É lamentar demais que a gente não consiga, em meio a uma campanha de vacinação, implementar políticas de testagem, controle e restrição adequada da disseminação do vírus.”
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