Avaliação da Fiat Toro 1.3 T270 Volcano (Aut) 2022

A Toro foi apresentada pela Fiat em 2016, inaugurando um segmento novo no país: picape com características de SUV urbano.  Trata-se de um novo conceito de picape, cujo nome técnico é “Sport Utility Pick-Up (SUP). Uma picape considerada “SUP” é capaz de combinar características típicas de SUV, como conforto e dirigibilidade, à força, robustez e praticidade de uma picape.

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É, sem dúvida, um modelo único, capaz de servir tanto ao trabalho como ao lazer. Em alguns países, como Chile, Colômbia, Peru e República Dominicana, a Toro é comercializada com a marca RAM. Nesses países a Toro chama-se RAM 1000. Mesmo em países onde a Toro não é vendida, o modelo gera discussão na imprensa especializada.

A plataforma sob a qual a Toro é construída denomina-se “Global Small-Wide”. Flexível e modular, apresenta uma estrutura reforçada monobloco, composta por materiais nobres, como aço de alta resistência. Graças ao projeto caprichado, essa plataforma confere à Toro alta rigidez torcional e durabilidade, além de excelente capacidade de absorção de impactos.

O modelo 2022 representa a mais importante evolução da Toro desde o seu lançamento em 2016. Após longas e elaboradas pesquisas de mercado, a Fiat decidiu atualizar o design, performance, conectividade e tecnologia da Toro. É sabido que, em matéria de design, os italianos são a referência. Assim, recorrendo à sua grande expertise na matéria, a marca ítalo-brasileira deixou o desenho da Nova Toro 2022 ainda mais moderno na dianteira.

O capô é novo, com vincos bastante agressivos e marcantes, dando um aspecto de maior robustez para o carro. A grade da entrada de ar principal do motor é nova, sendo que as versões topo de linha (Ranch e Ultra) têm uma grade exclusiva. A peça inclui um novo logo script (a marca Fiat com uma nova fonte) e uma bela bandeira com as cores da Itália (a “Italian Flag”). Os faróis seguem divididos em duas partes, mas agora a parte superior é totalmente em led, apresentando dupla função: luz diurna de condução e seta. Os faróis principais estão mais finos e passam a ser de LED a partir da versão Freedom. Os faróis de neblina, quando equipados, estão mais finos e são em LED.

O interior também foi objeto de mudança. Completamente renovado, o modelo ganhou um novo painel de instrumentos digital e console central. Há também novidades importantes em termos de performance. A partir da versão de entrada Endurance, mas também nas configurações Freedom e Volcano, é possível equipar a Toro com o novo motor GSE 1.3 16v Turbo Flex. Quando configurado com esse motor, o carro traz também uma caixa automática convencional de 6 marchas e tração 4×2.

Produzido no polo automotivo de Betim (MG), esse propulsor gera 185 cavalos de potência máxima a 5.750 rpm e 270 Nm de torque máximo com etanol, a 1.750 rpm. O motor oferece variador de fase na admissão e escape, injeção direta de combustível e sobrealimentação. Com o novo motor a picape ficou mais ágil e confortável, sem vibrações excessivas e bastante silenciosa no uso diário. O motor 1.8 16v ETorQ Evo Flex de 139cv continua sendo uma opção, disponível apenas para a versão Endurance (básica).

Em termos de conectividade, a Toro 2022 passa a oferecer carregador de smartphone em fio, novas centrais multimidia com telas de até 10,1” (opcional na Volcano, de série na Ranch e na Ultra), com suporte para Android Auto e Apple Car Play sem fio. Há também o sistema “Connect Me”, oferecido pela Fiat em parceria com a operadora TIM. Trata-se de uma linha telefônica que oferece conexão de internet 4G ao motorista e passageiros, via Wi-Fi, além de uma série de outros serviços, incluindo “concierge”. A plataforma pode ser usada livremente durante o período de cortesia disponibilizado pela montadora, devendo o proprietário após o encerramento desse período contratar os serviços à parte. Através de um aplicativo para smartphone e smartwatch, ou até mesmo através da Alexa, a conhecida Assistente Digital da Amazon, é possível ter acesso a uma série de informações do carro, bem como operar algumas funções.

Em matéria de tecnologia, a Toro ganhou faróis “full led”, capaz de melhorar em 30% a performance dos faróis do modelo, além de um cluster (painel de instrumentos) digital com tela de 7” TFT oferecido de série em todas as versões. Graças à evolução tecnológica foram incluídos itens de segurança bastante importantes na Toro. Um deles é o sistema de frenagem autônoma de emergência, aviso de mudança de faixa, além de comutação automática dos faróis (baixo para alto, sempre que a via permitir).

A Toro oferece 6 airbags de série (frontais, laterais e cortina), sendo que as versões superiores (Volcano, Ranch e Ultra) oferecem 7 airbags (adicionando o airbag de joelho para o motorista). A versão testada é a Volcano, considerada intermediária. Acima dela temos as versões Ranch e Ultra. Abaixo estão as versões Endurance e Freedom. O visual externo da Toro Volcano chama a atenção pela nova grade com frisos cromados, novo logo da Fiat e o novo capô com vincos bastante profundos. Além disso, destacam-se as belas rodas aro 18 com acabamento diamantado que chamam a atenção no conjunto da carroceria.

O teto solar é item opcional na versão Volcano, não estando presente na versão testada. Na tampa da caçamba, para a alegria do autor deste artigo, encontra-se o logo T270, que identifica o novo e esperado motor GSE 1.3 turbo flex, que oferece ganhos substanciais em termos de desempenho, e alimenta certa polêmica quando o assunto é consumo.

Há quem diga que o motor 1.8 consegue ser mais econômico do que o novo motor 1.3 turbo. Acredito que, no mundo real, isso é pouco provável, dado que o motor 1.8 é relativamente fraco para a picape, que pesa 1.650kg. Quem tem sabe perfeitamente do que estou falando. Isso significa que o proprietário precisa “afundar o pé” para o carro andar, comprometendo o consumo. Já o motor 1.3 turbo tende a ser muito mais eficiente. Mais potente e mais “torcudo”, não é necessário abusar do acelerador para fazer a picape desenvolver velocidade. Durante o teste, inclusive, a Toro Volcano mostrou-se bastante ágil no trânsito urbano, tanto nas saídas de sinal quanto nas retomadas de velocidade. Na estrada o desempenho também foi ótimo, permitindo ultrapassagens com total segurança. Não há motivos para sentir saudade do antigo motor 1.8.

O motor GSE 1.3 deixa a Toro 1s mais rápida no 0-100 km/h, quando comparado com o motor diesel (10.7s contra 11.6s, respectivamente). Na prática, a versão flex passa a impressão de ser bem mais rápida. O câmbio de 6 velocidades acoplado ao motor funciona muito bem, permitindo trocas de marcha rápidas, tanto no modo automático, quanto no modo manual (através de aletas no volante, ou através da alavanca localizada no console central). Há um botão no painel que ativa o modo Sport, deixando as trocas de marcha ainda mais rápidas.

Faço questão de registrar que a alavanca do câmbio permite a passagem de marchas da forma que considero a mais intuitiva, ou seja: puxando a alavanca na sua direção a marcha “sobe” e empurrando para frente a marcha “desce” ou “reduz”. Destaco o ponto porque a maioria das montadoras configura o sistema da forma inversa, o que para mim não é a melhor alternativa. Internamente, a Toro Volcano chama a atenção pela boa qualidade dos materiais, principalmente após a evolução que brindou o modelo 2022.

O cluster digital (painel de instrumentos digital) é de fácil visualização e operação. Apesar de recomendável, não é necessário ler o manual para descobrir todas as suas funções. Para aqueles que curtem acompanhar o desempenho do carro, vale destacar a interessante configuração de mostradores que apresenta o percentual de potência e torque produzidos pelo motor no momento, além de um pequeno indicador de força “G”, permanecendo o velocímetro e contagiros visíveis a todo momento. Confesso que essa foi a configuração de painel que mais utilizei durante o tempo que fiquei com o modelo.

A Toro Volcano que testei contava com o fantástico sistema de multimídia com tela de 10.1¨. Sim, a tela é gigante, parece que instalaram um tablet no painel do carro, no estilo dos carros fabricados pela montadora Tesla. Associado a competentes caixas de som, pode-se afirmar que a qualidade do som produzido pelo sistema de entretenimento da Toro Volcano é muito boa, mesmo se ele não é assinado por uma das marcas de som famosas da atualidade (Bose, Harman Kardon, Focal, etc). Outro ponto positivo que merece destaque: o sistema permite usar Android Auto e Apple Carplay sem cabo USB. Isso é uma mordomia que rapidamente o proprietário se acostuma.

Também é interessante ver o aplicativo de navegação Waze ou Google Maps ocupando por inteiro a tela do multimídia. Uma verdadeira maravilha, é de tirar o chapéu, sem exagero. Destaco também o fato de que os controles da climatização podem ser acessados tanto pelo multimídia, quanto por botões físicos logo abaixo da tela. Ou seja, nada de complicação na hora de configurar o funcionamento do ar condicionado.

O freio de mão da Toro Volcano é convencional, estando portanto pronto para funcionar quando puxado. Simples, direto, menos propenso a falhas. Ponto positivo, na minha opinião. Abaixo dos botões da climatização, a Toro apresenta um teclado que permite configurar o modo SPORT (aí sim, deixar o carro mais esperto é sempre positivo!), TC+ (exerce função similar ao sistema de bloqueio de diferencial das rodas conhecido como Locker, porém realizado de forma eletrônica pelo controle de estabilidade), Alerta, desligamento dos sistemas de auxílio a manobras (sensores dianteiros e traseiros) e manutenção em faixa.

A Toro Volcano não conta com piloto automático adaptativo, infelizmente. Não é algo essencial, sem dúvida, mas pelo preço da Volcano acredito que deveria oferecer.  Em movimento, a Fiat Toro se mostra agradável de guiar. A suspensão é macia e absorve bem as imperfeições do asfalto, sem transmitir para a cabine pancadas secas desagradáveis. Na dianteira a suspensão traz o consagrado sistema McPherson, enquanto que na traseira há uma sofisticada solução multilink, garantindo conforto e agilidade nas ruas e estradas.

O sistema de frenagem de emergência se faz presente e é bastante atuante. Dependendo do estilo de ultrapassagem do motorista, o sistema entra em ação e alerta que há um obstáculo à frente e que o motorista deve considerar frear para evitar acidentes. Se o sistema entender que o risco de acidente é real, ele aciona os freios de modo a minimizar o impacto, ou até evitá-lo, se possível.

A caçamba da Toro Volcano tem um bom tamanho. São 820 litros de capacidade, sendo que o carro suporta até 750kg de carga (100kg a mais que a versão anterior). As versões a diesel carregam mais peso, alcançando 1000kg de capacidade. Considero, entretanto, que 750kg é suficiente para a proposta do carro. Durante a minha experiência com o carro, usei a caçamba para transportar a minha bicicleta aro 29, que coube na caçamba com facilidade, não sendo necessário desmontar nada. Ainda em relação a caçamba, é importante ressaltar que, mesmo com a capa marítima original, fabricada pela MOPAR, água e poeira podem invadir a caçamba. Esse aviso consta, inclusive, no manual do carro. Até a tampa de caçamba das versões Ranch e Ultra, em fibra, deixam passar água e poeira. Assim, se o proprietário precisar de um espaço estanque na caçamba, deverá instalar um daqueles bolsões em lona, ou uma caixa em fibra, devendo usa-los em conjunto com a capa marítima original da Toro, de modo a garantir a estanqueidade desejada.

O pacote completo de acessórios da Toro Volcano inclui: ar-condicionado, painel de instrumentos com tela de 7″, controles de tração e estabilidade com TC+ e assistente de partida em rampas, sistema multimídia com tela de 8.4″ (10.1¨na versão testada), espelhamento de smartphones, 7 airbags, retrovisores elétricos com repetidor, portas USB tipo A e C, sensor de estacionamento traseiro e dianteiro, luzes diurnas em LEDs, direção elétrica com coluna com regulagem de altura e profundidade, protetor de caçamba, piloto automático, iluminação na caçamba, alarme, vidros e travas elétricos, faróis full-LED, faróis de neblina em LEDs, rodas de 18″ com acabamento diamantando, trocas de marchas por aletas no volante, câmera de ré, volante em couro, apoio de braço frontal, capota marítima, maçanetas e espelhos na cor do carro, Fiat Connect Me, carregador por indução, bancos em couro, banco do motorista com regulagem elétrica, chave presencial para abertura e partida por botão, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, retrovisores com rebatimento elétrico, LEDs internos e, finalmente, maçanetas cromadas.

Partindo dos R$115 mil (versão Endurance 1.8), pode-se dizer que a Toro ocupa hoje uma faixa de mercado sem concorrentes. Vale a pena, inclusive, investir mais de R$5 mil e trocar o motor 1.8 aspirado pelo motor 1.3 turbo. A diferença em desempenho é bastante significativa. A versão testada (Volcano) parte dos R$150 mil, sem opcionais como o multimídia com tela 10,1” (de série o multimídia tem tela de 8,6”, suportando  também Android Auto e Apple Carplay no modo sem fio). É comum pensar que a Renault Oroch é concorrente da Fiat Toro, mas engana-se quem pensa assim. A Renault é mais voltada ao trabalho, apresentando um preço menor e um pacote menor de itens. O design interno e externo é consideravelmente mais simples.Há, entretanto, uma lista de opções “anti-Toro” que deverão chegar ao mercado em 2022, a saber: Ford Maverick, Hyundai Santa Cruz, Nova Chevrolet Montana e Volkswagen Tarok.

Resta saber se esses modelos terão atributos capazes de domar a Toro. Do jeito que veio o modelo 2022, recheado de equipamentos, com novo design externo e interno, a missão dos modelos das outras montadoras não será fácil. Ainda mais se forem importados, o que possivelmente fará com que sejam comercializados a um preço superior àquele praticado pela Fiat. (Por Arnaldo Bittencourt / Fotos: Marcus Lauria e Jeferson Felix – Fonte:www.carpointnews.com.br)

*FICHA TÉCNICA:

Mecânica

Motorização 1.3

Combustível Álcool Gasolina

Potência (cv) 170 Torque (kgf.m) 35,7

Consumo cidade (km/l) 10 Consumo estrada (km/l) 12,6

Câmbio automática com modo manual de 6 marchas

Tração dianteira

Direção elétrica

Suspensão dianteira

Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora,

roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira

Suspensão tipo multibraço e traseira com barra estabilizadora,

roda tipo independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm) 1.732

Largura (mm) 1.844

Comprimento (mm) 4.945

Tanque (L) 60

Entre-eixos (mm) 2.990

Ocupantes 5

*Dados do fabricante

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